Jornal Estado de Minas

Traumatismo cranioencefálico atinge mais os jovens e pode deixar sequelas irreversíveis

Márcia Maria Cruz
A Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN) criou o programa Pense bem para conscientizar as pessoas da importância de prevenir acidentes que resultam em traumatismo cranioencefálico. Os acidentes automobilísticos lideram o ranking nas causas do problema, sendo responsáveis por 50% dos traumas. Quedas, violência urbana e prática inadequada de esportes também colaboram para engrossar as estatísticas.
De acordo com o neurocirurgião responsável pelo programa, Otacílio Moreira Guimarães, o Brasil gasta anualmente R$ 10 bilhões para o tratamento de traumas resultantes de acidentes de trânsito apenas nas regiões urbanas. “Desenvolvemos ações de conscientização em escolas e universidades. Fazemos campanha de prudência no trânsito, no esporte e em casa”, diz. Segundo ele, os jovens são as principais vítimas. “O jovem precisa aprender a respeitar o corpo dele e o dos outros. Os acidentes são absolutamente preveníveis”, completa.

O simples uso do capacete pode evitar complicações caso ocorra um acidente de moto. Usar equipamentos adequados quando se praticam esportes também pode reduzir as chances de um trauma. Muitas pessoas acabam batendo a cabeça em pedras quando mergulham em locais desconhecidos. “É importante conhecer o local onde irá fazer o mergulho. Antes de pular, é necessário avaliar a profundidade em lagos e cachoeiras”, ensina.

Dependendo da intensidade do trauma, as sequelas podem ser irreversíveis. O cérebro é responsável por todas as funções involuntárias – respiração, batimentos do coração, manutenção da temperatura e da pressão arterial e também por funções voluntárias, como caminhar, falar, sorrir, entre outras. Por essa razão, um trauma pode atingir qualquer uma das áreas, deixando sequelas.

COMA

Quando as pancadas são localizadas no córtex, a pessoa não costuma entrar em coma. Somente as pancadas difusas nessa região e as que atingem o tronco cerebral levam a esse estado de falta de consciência. “O coma é um sono do qual a pessoa não consegue acordar, mesmo diante de estímulos como luz e beliscões”, informa o neurologista.

Os traumas podem ser tratados clinicamente, com procedimentos não invasivos e uso de medicamentos. Em alguns casos, no entanto, é necessária a neurocirurgia. A intervenção cirúrgica, nesses casos, tem como objetivo retirar os hematomas intracranianos, uma vez que as lesões no cérebro podem levar a comas profundos e até a morte. Os hematomas podem ser de três tipos: o extradural, quando ocorre entre o osso e a dura-máter; o subdural, cuja localização fica abaixo dessa membrana; e o intracerebral, em casos dentro da massa cerebral.