Os trabalhos do pesquisador começaram em 1999, com objetivo de descobrir formas mais eficientes no tratamento da água por meio do processo de ozonização. O incentivo veio da realidade local, aonde a falta de água potável é um problema para grande parte das comunidades rurais dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, a exemplo do que ocorre em várias localidades do Nordeste brasileiro, que no período de seca têm os sistemas de abastecimento prejudicados. “A preocupação com a qualidade e controle da água que chega para a população é uma necessidade urgente e o interesse em assegurar recursos de boa qualidade deve ser cada vez maior no futuro. É importante que a ciência entre cada vez mais nesste campo”, acrescenta Morais da Silva.
Para garantir retorno e novos investimentos nas pesquisas da universidade, em março a equipe de pesquisadores mineiros entrou com pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), tendo com parceira na invenção do aparelho a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemig). A expectativa é de que em dois anos os cientistas consigam uma carta-patente para poder explorar a invenção. O uso inicial deve ser destinado ao setor farmacêutico, que precisa usar uma água ultrapura no desenvolvimento de novos remédios e materiais. O novo método atraiu interesse de empresas do setor, já que a limpeza da água poderá ser financeiramente mais viável, uma vez que pode ser feita em ambiente fechado, diferentemente do processo que utiliza o cloro. Além do uso nas indústrias químicas o método pode encontrar espaço também para a desinfecção de piscinas e outros setores da indústria.
O que nos interessa: Meio simples e viável
As pesquisas para descobrir métodos de uso do gás de ozônio para limpeza da água não são novidade entre os departamentos de química dos principais centros de pesquisa no mundo, no entanto o pioneirismo mineiro está na forma de extração do ozônio a partir da água. “Em outros países já existem trabalhos nessa área, em busca de aperfeiçoar o uso do ozônio. Na Suíça, foi desenvolvido um reator que aplica o processo, porém o método utiliza metais nobres e acaba sendo uma atividade muito cara. Nosso modelo conseguiu um meio mais simples para realizar o sistema, pegando a água contaminada com matéria orgânica de qualquer natureza e aplicando o gás para separar as sujeiras presentes no líquido”, afirma Leonardo Morais da Silva.
Hoje, para conseguir água de qualidade, muitas vezes são adotados métodos de tratamento por meio da cloração, usando o cloro para eliminar vermes mais nocivos à saúde. No entanto, o gás químico é apontado como prejudicial ao ser humano quando associado a outros resíduos também despejados na água. “Usando o gás ozônio não corremos o risco de gerar subprodutos nocivos para as pessoas. O processo é ecologicamente correto, com impactos menores para o meio ambiente e garantia de uma água mais limpa”, diz o pesquisador.