Assim, os alunos têm que fazer a programação na hora, diante do desafio proposto. “Eles se deparam com diversas situações. Pode ser atravessar um rio com um bondinho ou um robô que faça a limpeza e a destinação do lixo de uma cidade, empurrando-os e carregando-os. O aluno faz a programação para que o robô consiga exercer a função”, explica. Nesse processo todo, segundo ela, muitos benefícios são levados ao aluno, como a oportunidade de trabalhar em equipe, o aprendizado de leitura de projetos e o raciocínio lógico, já que a programação não é coisa fácil. “Se você quer que um robô ande, não adianta só falar para ele. Você tem que programá-lo para que ele ande um determinado número de metros, em determinada quantidade de tempo e, depois, que vire em um número específico de graus. É muito trabalho, feito com seriedade e ao mesmo tempo brincando”, conta.
E haja suor! “A gente tem que quebrar a cabeça, pois é muito difícil descobrir graus, rotações. Mas é muito legal”, diz Vinícius Ortiz, de 11 anos, aluno do Santo Agostinho e participante de uma das equipes de robótica treinadas pela professora Débora. Vinícius revela que o interesse pelo assunto surgiu pela TV, ao assistir programas que mostravam robôs ajudando as pessoas na prática de determinadas ações.
Colega de equipe de Vinícius, o aluno do colégio Santa Maria Eduardo Sá, de 13 anos, entrou nas aulas de robótica porque sempre gostou de tecnologia e de construir coisas. Há um ano e meio na equipe, ele tem treinado muito junto aos amigos para o campeonato. Perguntado se a robótica pode trazer benefícios para a vida humana, a resposta vem da ponta da língua. “O conteúdo deste ano no campeonato é sobre doenças e o robô é que irá repará-las. No futuro, poderá haver robôs que ajudem na recuperação das pessoas, para que a sociedade viva melhor”, explica. Alguma dúvida de que ele está certo?
Vinícius e Eduardo são alguns dos 36 participantes, entre 10 e 15 anos, que irão competir na etapa classificatória, neste sábado, no Loyola, do First Lego League, torneio mineiro de robótica, que ocorrerá dia 29, em Itajubá (Sul de Minas). Na competição, os alunos terão que realizar tarefas específicas utilizando o kit da Lego, empresa que produz robôs educativos. O tema do torneio deste ano é o corpo humano: nas competições, o aluno terá que fazer, por exemplo, reparações ósseas, destruir células (para que não virem um câncer) e testar reflexos humanos.
Segundo Claúdio Scianni, representante da Lego, os temas são sempre propostos para incentivar que os alunos pesquisem e pensem em soluções para problemas reais da sociedade. No último ano, a temática de mobilidade urbana gerou prêmios com bolsas de pesquisa júnior a dois projetos, pela Fapemig. “A intenção é fazer com que as crianças aprendam a trabalhar em grupo, a valorizar o colega e mostrar a elas mesmas que são capazes de fazer coisas incríveis. Nessa história não existe perdedor. Apesar de ser uma competição, todos ganham com ela”, afirma. (Com Anderson Rocha)
Produtividade e qualidade
Nas indústrias reduzem custos, aumentam produtividade e, dependendo do caso, causam demissões. Na saúde, robôs cirurgiões ajudam a preservar a vida humana e podem auxiliar na reintegração motora de uma pessoa. A ideia de construir robôs surgiu no início do século 20, pelo pai da robótica industrial,George Devol, que queria aumentar a produtividade e qualidade de produtos. Mas o que é robótica? Ramo da informática que reúne computação e robôs, ela trata de sistemas compostos por mecanismos automáticos e controlados por circuitos integrados. Na prática, são máquinas cheias de fios e mecanismos programados, que se desenvolvem em alta velocidade com o contínuo crescimento da microcomputação e da tecnologia.
É campeão!!!
A equipe Uai!rrior de Robótica, da Universidade Federal de Itajubá, é exemplo de competência. Bicampeã nacional na competição de hockey e única participante de uma instituição pública de ensino superior do país (a PUC Rio, privada, também compete internacionalmente), a equipe, de 24 alunos, ganhou em abril deste ano a RoboGames, em San Mateo, Califórnia, na categoria hockey (na qual robôs se defrontam para fazer gols em um campo). Os competidores, de cursos das áreas de gestão, mecânica e eletrônica da universidade, ainda disputaram na modalidade de combate, em que robôs contam com armas (discos) para acertar o oponente.
No início do mês, venceram, ainda na categoria hockey, em Itajubá, a Winter Challenge 2011, competição nacional de robótica, que teve a participação de 30 equipes com aproximadamente 120 robôs. A equipe, que completa uma década de atividades este ano, tem como diferencial o fato de que os alunos da instituição se dedicam durante todo o ano à montagem dos aparelhos. “Nosso objetivo é desenvolver a tecnologia. Nós projetamos todo o robô, desde a estrutura até a locomoção”, explica Bárbara Pimenta Caetano, estudante de sistemas e membro da equipe.
Segundo ela, depois da definição do projeto, eles buscam verba (com a faculdade e com patrocinadores), compram as peças e começam a construção do equipamento. Assim, passam por todo o processo de criação, inclusive o burocrático. “A gente ganha muito por participar de uma equipe de robótica. Fazemos as licitações para compra de peças, conhecemos muita gente da universidade e, claro, colocamos em prática toda uma teoria que aprendemos no curso”, completa.
Três leis da robótica
Você sabe o que é inteligência artificial? Não, não é uma das características de algumas daquelas bonitas apresentadoras de televisão. IA, como resumidamente é conhecido, é um termo que denomina a possibilidade de equipamentos eletrônicos se comunicarem com pessoas e solucionar problemas, de forma autônoma e racional. Imagine um robô, pesado e imenso, conversando com você ou, pior, caçando briga com você? Pois é! Para tentar barrar isso e acalmar ânimos humanos, há três leis da robótica. É como colocar ordem na casa:
1 - um robô não pode fazer mal a um ser humano e nem por omissão permitir que algum mal lhe aconteça;
2 - um robô deve obedecer às ordens dos seres humanos, exceto quando elas contrariarem a primeira lei;
3 - um robô deve proteger a sua própria integridade física, desde que, com isso, não contrarie a primeira e a segunda leis.
Campeonatos de robótica
22 de outubro, a partir das 9h, no Colégio Loyola (Avenida do contorno, 7.919, Lourdes). Entrada gratuita. Etapa classificatória para o Torneio Mineiro de Robótica
9 de novembro: First Lego League, campeonato mineiro de robótica – Itajubá
Março de 2012 – campeonato nacional – São Paulo