Realizado com o hemograma, o teste que mede a taxa de creatinina no organismo pode indicar problemas renais precocemente. Com apenas uma gotinha de sangue, retirada de forma fácil e rápida, o paciente fica sabendo se há uma quantidade elevada da substância no corpo e, assim, descobre se o rim está funcionando corretamente. O problema é que, pela falta de conhecimento, muitas pessoas deixam de pedir o exame e os médicos, por outro lado, só o recomendam quando o paciente faz parte de um grupo de risco.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Daniel Rinaldi, o exame de creatinina já está disponível na rede pública há muito tempo, embora não seja prescrito com frequência. “Eu percebo que muitas pessoas nem sabem para que serve a creatinina, mas entender o nível dela no sangue é muito importante, pois pode indicar diversas doenças renais”, observa. O médico sustenta que a atenção da população sempre está voltada para o colesterol e os níveis de glicose, sem tanta preocupação em relação aos rins.
Quando trabalhava como açougueiro, Antônio Augusto dos Santos, 48 anos, tinha que entrar e sair várias vezes ao dia de uma câmara fria, o que provocou um choque térmico em seu corpo. A mudança brusca de temperatura desencadeou uma infecção que afetou os rins de Santos. Ele também sofreu aumento da pressão arterial e infartou. Essa série de acontecimentos o levou a frequentar sessões de hemodiálise há oito anos e o colocou na lista de espera de um transplante no Sistema Único de Saúde.
Antes do incidente, o ex-açougueiro conta que nem sabia o que era creatinina, tampouco que o exame era importante para a saúde. “Há falta de divulgação sobre isso. O governo deveria fazer uma campanha para conscientizar a população e, assim, evitar problemas maiores”, opina. Atualmente, Santos sempre aconselha os amigos e a família a se submeterem ao exame. “Eu explico o que é e digo para todos fazerem.”
Dosagem
A creatinina dosada no sangue é derivada principalmente do metabolismo da creatina muscular. Como homens possuem mais músculos que mulheres, a quantidade da substância é maior nos primeiros, assim como em jovens. Quando uma pessoa apresenta nível alto do elemento no sangue, isso significa que a função dos rins já está cerca de 50% comprometida. “Esse nível varia de acordo com a idade e o sexo, pois está ligado à quantidade de massa muscular de cada um”, explica Rinaldi.
Algumas complicações cardíacas estão intimamente relacionadas a doenças renais. “Mais de 100 mil pessoas estão com problemas cardíacos causados por doenças nos rins e, pior, elas nem sabem do diagnóstico. Algumas morrem antes mesmo de saber que sofriam do mal”, ressalta Rinaldi.
Segundo a nefrologista Luiza Simões, o valor normal de creatinina pode variar de 0,6 a 1,3mg/dL. Ela registra que a substânica, por si, não é marcadora de função renal; para isso, é necessário também avaliar a taxa de filtração glomerular por meio de um exame de coleta de urina durante 24h. “Ou, então, por uma fórmula matemática que leva em consideração a creatinina, o peso e a idade do paciente”, explica.
Rinaldi considera imprescindível que os médicos prescrevam o exame, principalmente para os grupos de risco. Estima-se que há aproximadamente 35 milhões de hipertensos no Brasil. A pressão alta altera a vascularização do corpo todo e, com isso, pode levar à insuficiência renal. “Todo paciente hipertenso deveria saber a quantidade de creatinina que tem no sangue”, salienta Rinaldi. O especialista destaca que diabéticos também fazem parte do grupo. São pelo menos 8 milhões de pessoas com a doença, que, sem saber, podem sofrer de uma insuficiência renal no futuro. Em crianças, o problema é menos frequente.
A SBN estima que há cerca de 10 milhões de brasileiros com alguma doença renal sem saber disso, pois nos rins os males geralmente são assintomáticos. A pessoa com problemas nos rins pode se mostrar excessivamente cansada e urinar mais. “Casos com dores estão mais relacionados a cálculos ou infecções. E, no mais, se for esperar ter dor, é porque a doença já está mais avançada”, conta o presidente da entidade.
Após uma infecção urinária seguida por complicações causadas pela pressão alta, o presidente da Associação Renais de Brasília, Alessandro Lemos, 31 anos, perdeu as funções do único rim que tem. “Eu nasci apenas com um e, com a doença, a única solução é o transplante”, conta. Paciente de hemodiálise há 12 anos, ele teve que deixar a lista de espera de transplantes por não conseguir manter os exames em dia. “Para permanecer na fila, é preciso ter os exames em dia, mas, como para marcá-los na rede pública demora bastante, acabei perdendo o direito”, explica. Para evitar problemas como o dele, Lemos aconselha que todos façam a medição de creatinina: “É um exame simples, que não custa nem R$ 10”.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Daniel Rinaldi, o exame de creatinina já está disponível na rede pública há muito tempo, embora não seja prescrito com frequência. “Eu percebo que muitas pessoas nem sabem para que serve a creatinina, mas entender o nível dela no sangue é muito importante, pois pode indicar diversas doenças renais”, observa. O médico sustenta que a atenção da população sempre está voltada para o colesterol e os níveis de glicose, sem tanta preocupação em relação aos rins.
Quando trabalhava como açougueiro, Antônio Augusto dos Santos, 48 anos, tinha que entrar e sair várias vezes ao dia de uma câmara fria, o que provocou um choque térmico em seu corpo. A mudança brusca de temperatura desencadeou uma infecção que afetou os rins de Santos. Ele também sofreu aumento da pressão arterial e infartou. Essa série de acontecimentos o levou a frequentar sessões de hemodiálise há oito anos e o colocou na lista de espera de um transplante no Sistema Único de Saúde.
Antes do incidente, o ex-açougueiro conta que nem sabia o que era creatinina, tampouco que o exame era importante para a saúde. “Há falta de divulgação sobre isso. O governo deveria fazer uma campanha para conscientizar a população e, assim, evitar problemas maiores”, opina. Atualmente, Santos sempre aconselha os amigos e a família a se submeterem ao exame. “Eu explico o que é e digo para todos fazerem.”
Dosagem
A creatinina dosada no sangue é derivada principalmente do metabolismo da creatina muscular. Como homens possuem mais músculos que mulheres, a quantidade da substância é maior nos primeiros, assim como em jovens. Quando uma pessoa apresenta nível alto do elemento no sangue, isso significa que a função dos rins já está cerca de 50% comprometida. “Esse nível varia de acordo com a idade e o sexo, pois está ligado à quantidade de massa muscular de cada um”, explica Rinaldi.
Algumas complicações cardíacas estão intimamente relacionadas a doenças renais. “Mais de 100 mil pessoas estão com problemas cardíacos causados por doenças nos rins e, pior, elas nem sabem do diagnóstico. Algumas morrem antes mesmo de saber que sofriam do mal”, ressalta Rinaldi.
Segundo a nefrologista Luiza Simões, o valor normal de creatinina pode variar de 0,6 a 1,3mg/dL. Ela registra que a substânica, por si, não é marcadora de função renal; para isso, é necessário também avaliar a taxa de filtração glomerular por meio de um exame de coleta de urina durante 24h. “Ou, então, por uma fórmula matemática que leva em consideração a creatinina, o peso e a idade do paciente”, explica.
Rinaldi considera imprescindível que os médicos prescrevam o exame, principalmente para os grupos de risco. Estima-se que há aproximadamente 35 milhões de hipertensos no Brasil. A pressão alta altera a vascularização do corpo todo e, com isso, pode levar à insuficiência renal. “Todo paciente hipertenso deveria saber a quantidade de creatinina que tem no sangue”, salienta Rinaldi. O especialista destaca que diabéticos também fazem parte do grupo. São pelo menos 8 milhões de pessoas com a doença, que, sem saber, podem sofrer de uma insuficiência renal no futuro. Em crianças, o problema é menos frequente.
A SBN estima que há cerca de 10 milhões de brasileiros com alguma doença renal sem saber disso, pois nos rins os males geralmente são assintomáticos. A pessoa com problemas nos rins pode se mostrar excessivamente cansada e urinar mais. “Casos com dores estão mais relacionados a cálculos ou infecções. E, no mais, se for esperar ter dor, é porque a doença já está mais avançada”, conta o presidente da entidade.
Após uma infecção urinária seguida por complicações causadas pela pressão alta, o presidente da Associação Renais de Brasília, Alessandro Lemos, 31 anos, perdeu as funções do único rim que tem. “Eu nasci apenas com um e, com a doença, a única solução é o transplante”, conta. Paciente de hemodiálise há 12 anos, ele teve que deixar a lista de espera de transplantes por não conseguir manter os exames em dia. “Para permanecer na fila, é preciso ter os exames em dia, mas, como para marcá-los na rede pública demora bastante, acabei perdendo o direito”, explica. Para evitar problemas como o dele, Lemos aconselha que todos façam a medição de creatinina: “É um exame simples, que não custa nem R$ 10”.