"Nós demonstramos que moléculas como a da aspirina podem funcionar de forma eficaz na redução da dilatação destes grandes vasos e, assim, reduzir a capacidade dos tumores de se espalharem para lugares distantes", afirmou o pesquisador Steven Stacker.
Há muito os médicos suspeitavam que remédios anti-inflamatórios não esteroides, como a aspirina, poderiam ajudar a inibir a disseminação do câncer, mas eram incapazes de identificar exatamente como isto ocorria.
Ao estudar as células dos vasos linfáticos, os cientistas descobriram que um gene em particular mudava sua expressão em cânceres que se espalham, mas o mesmo não ocorria quando o câncer não se disseminava.
Os resultados publicados no periódico Cancer Cell revelam que o gene é um link entre o crescimento do tumor e a via celular que pode causar inflamação ou dilatação em vasos do corpo.
Quando estes vasos linfáticos se alargam, a capacidade de agirem como "linhas de suprimento" para os tumores e se tornar condutos mais eficazes para o câncer se espalhar é aumentada.
Mas a aspirina atua fechando a dilatação dos vasos. "Portanto, parece que descobrimos uma interseção bioquímica entre todos estes diferentes contribuintes", disse Stacker.
A descoberta pode levar à produção de remédios novos e mais eficazes, que poderiam ajudar a conter muitos tumores sólidos, inclusive o de mama e o de próstata, bem como potencialmente fornecer um "sistema de alerta precoce" antes que o tumor comece a se espalhar.
No ano passado, um estudo publicado na revista médica The Lancet demonstrou que as taxas de câncer de cólon, próstata, pulmão, cérebro e garganta foram reduzidas com a ingestão diária de aspirina.
Muitos médicos recomendam o uso regular de aspirina para diminuir o risco de ataque cardíaco, derrames relacionados a coágulos e outros problemas circulatórios. Um efeito colateral do uso diário do medicamento é o risco de se desenvolver problemas estomacais.