Com o sistema imunológico baqueado, o corpo se torna alvo fácil para doenças de toda sorte. Para provar a tese, a equipe americana fez dois estudos em que expuseram voluntários ao vírus da gripe comum para observar a evolução da doença em pessoas estressadas. Uma vez que os sintomas não são causados pelo vírus em si, mas pela intensidade da resposta inflamatória desencadeada pelo corpo na tentativa de se livrar dele, a ideia foi medir e comparar essa resposta em cada um dos participantes.
Na primeira análise, 276 adultos saudáveis foram expostos ao vírus e monitorados em quarentena por cinco dias. Após entrevistas e exames, os estudiosos concluíram que, quanto mais estressados os indivíduos, menos o corpo deles apresentava respostas imunológicas. Não por acaso, esses foram os que mais ficaram doentes. A segunda etapa envolveu 79 pessoas também saudáveis. Dessa vez, o intuito foi observar a produção de citocinas proinflamatórias, responsáveis por enviar mensagens químicas que alertam o organismo quando há uma inflamação sendo formada. “Prevemos que a resistência ao cortisol estaria associada a eventos estressantes de longa data”, reforça o pesquisador. “Isso interferiu na baixa quantidade de citocinas e, consequentemente, no aumento da expressão da doença.”
Ainda que seja um problema, Armando Ribeiro Neto, psicólogo clínico e consultor em gestão do estresse ocupacional e qualidade de vida no trabalho, explica que o estresse é uma reação normal de adaptação às adversidades da vida. Saber identificar se as preocupações estão passando dos limites, entretanto, é o primeiro passo para evitar que a condição “se espalhe” e acabe desencadeando outras doenças. “Alguns autores classificam o estresse em estágios: alerta, resistência, quase exaustão e exaustão”, enumera.
Alexandre Cunha, cardiologista do laboratório Sabin, frisa que, assim como a pressão alta, o diabetes, o colesterol, o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo, o estresse é um conhecido fator de risco para problemas cardiovasculares. Além de problemas imunológicos, quem tem a cabeça quente também corre mais risco de ter pressão alta e até mesmo sofrer um derrame cerebral. Isso acontece devido a interações entre os sistemas neuroquímicos, neuro-hormonais, cardiovasculares e imunológicos. “Nem sempre um problema cardíaco envolverá um agente emocional, mas o estresse pode estar na raiz de problemas como infartos, arritmias, angina e até morte súbita”, completa.