LONDRES - Paleontólogos alemães apresentaram os restos de nove casais de tartarugas que morreram durante o acasalamento, há 47 milhões de anos, em águas tóxicas, segundo um estudo publicado na revista Journal Biology da Royal Society britânica.
A descoberta constitui o primeiro registro fóssil de cópula de vertebrados. "Milhões de animais nascem e morrem anualmente, e muitos deles se fossilizam em circunstâncias fortuitas, mas não existe realmente nenhuma razão para que isto ocorra em pleno acasalamento", disse o coautor do estudo Walter Joyce, da Universidade de Tuebingen, Alemanha, sobre a rara descoberta.
"A possibilidade de os dois membros do casal morrerem ao mesmo tempo é bem reduzida, e as chances de os dois serem fossilizados são ainda mais", assinalou Joyce.
A descoberta, no sítio Messel Pit, entre Darmstadt e Frankfurt, levou a equipe a deduzir que a água do Lago Messel permitiu que as tartarugas ali vivessem e acasalassem.
Mas os animais morreram acidentalmente ao afundarem até camadas mais profundas e perigosas, quando suas patas absorveram substâncias tóxicas do lago vulcânico. "Não há dúvidas de que esse lago matou muitos animais desprevinidos", afirmou Joyce.
O estudo assinala que os animais não costumam morrer enquanto realizam atividades cotidianas, como comer, desovar e acasalar, o que não dá outras opções aos cientistas, que não conjeturar.
Os pesquisadores contaram que era habitual que as tartarugas de água doce ficassem paralisadas durante o acasalamento. "Se a cópula acontece em mar aberto, o casal pode afundar até uma profundidade considerável", assinalaram, explicando por que tantos animais caíram nessa armadilha fatal.