Jornal Estado de Minas

Cavaleiros do Zodíaco ganha game que homenageia principal história da série

Clássica animação japonesa foi exibida nos anos de 1990 e 2000 no Brasil. Mas repetição de fórmulas pode ser entediante

Bruno Silva

Seya de Pégaso luta para salvar a deusa Atena de uma flecha do mal - Foto: fotos: NAMCO bandai/divulgação

 

Jogos de animes (desenhos japoneses) são o equivalente oriental dos games de super-heróis e filmes, frequentadores das prateleiras de lojas a cada ano. Claro, há sempre um Batman ou um Naruto para salvar a pátria, tanto aqui quanto do outro lado do planeta, mas o consenso geral é que o nível desse gênero não passa do mediano. É nesse patamar que se encontra Cavaleiros do zodíaco — batalha do santuário, o novo game de uma das séries nipônicas mais adoradas em território nacional.

As circunstâncias de público e mercado fizeram de Batalha do santuário um caso raro: é um jogo que foi trazido diretamente do Japão para o Brasil, sem uma versão norte-americana. Isso se deve, claro, ao imenso prestígio que a série ganhou por aqui. Não é exagero dizer que Seiya de Pégaso e seus amigos foram responsáveis por fazer a dobradinha nipônica anime/mangá cair no gosto de vários jovens brasileiros na década de 1990.

Ao relembrar a importância da série para os fãs brasileiros, fica fácil entender por que o game recebeu um tratamento tão especial no mercado nacional. Além dos diálogos traduzidos, o jogo contou com a ajuda do site CavZodiaco.com.br, um dos mais antigos portais de fãs da animação no Brasil, para que todos os termos fossem os mesmos da nomenclatura específica que ganharam aqui — caso do “cólera do dragão” bradado por Shiryu ou a “ave fênix” de Ikki. A tradução é impecável, mas não escapou dos erros da língua portuguesa nos diálogos, um mal que ainda assola os games legendados em português do Brasil.

Apesar da fama e status que as aventuras dos cavaleiros adquiriram pelo mundo, elas não têm nos videogames a mesma sorte de contemporâneos como Dragon ball. Antes desse novo título, lançado em junho no país, os cavaleiros só tinham dois games de luta pouco inspirados para o PlayStation 2. Na nova empreitada, muda o foco: Batalha do santuário é um título de ação que pega inspiração em jogos do estilo de Dynasty warriors – um ou dois jogadores contra um batalhão de inimigos controlados pelo computador, com um chefão ao fim de cada fase.

História Como já denuncia o título do jogo, a trama escolhida foi o arco de histórias mais icônico da série: a batalha das 12 casas. Nela, Seiya de Pégaso e os outros cavaleiros de bronze que protagonizam a série precisam salvar Atena, a deusa que protegem, de uma flecha do mal. Para isso, eles têm 12 horas para subir às casas que levam o mesmo nome dos signos do zodíaco, de áries a peixes, e derrotar o Grande Mestre do Santuário. O problema para os heróis é superar os habitantes dessas moradias: os cavaleiros de ouro, a classe de guerreiros mais poderosa do desenho.

Batalha do santuário se desenrola de uma forma parecida com a da série, mas com direito à licença poética dos desenvolvedores: para não deixar a aventura em uma sequência entediante de chefões – na série, os heróis vão sem interrupções a todas as moradas dos cavaleiros de ouro –, há diversos soldadinhos no caminho entre cada casa, e algumas surpresas, se você conhece o que ocorria no desenho.

Nesse ponto, fica claro que o jogo dos cavaleiros se encaixa no espectro mediano dos jogos de anime. As condições limitadas com as quais os produtores fizeram o game ficam evidentes nas cenas de corte, mascaradas por um onipresente narrador, ou a utilização de imagens estáticas no lugar de animações. A prova máxima é a reutilização constante de personagens, como os cavaleiros negros, que fazem as vezes de chefes intermediários e, para efeitos de desenvolvimento, são nada menos do que uma reciclagem de moldes com cores diferentes.

Comandos Eles não diferem muito dos títulos de bater e correr nos quais o jogo se inspirou, mas têm algumas peculiaridades para se adequar aos conceitos de poder dos cavaleiros. Assim como na série, seus golpes são mais fortes se você passar um tempo carregando sua barra de cosmo-energia, a força vital dos cavaleiros. Há um comando fraco, outro forte, e dois botões soltam os movimentos clássicos de cada personagem.

Um outro comando ativa o sétimo sentido, o estado máximo de poder dominado pelos cavaleiros de ouro e despertado pelos protagonistas exatamente na saga retratada pelo game, que deixa os inimigos mais lentos e dá alguns segundos de invencibilidade. O mais importante é que tudo isso é colocado de maneira bem “natural”: se você não aprender rápido, vai morrer na primeira tentativa. Mas é o típico jogo que parece difícil, mas acaba se tornando fácil ao descobrir os macetes.

A máxima, infelizmente, também se aplica às batalhas com os cavaleiros de ouro. Elas têm uma referência aqui e outra ali aos golpes e estilos de cada personagem – você perderá a luta se receber as 15 agulhas escarlate de Milo de Escorpião ou se não conseguir fugir da outra dimensão do cavaleiro de gêmeos, mas, em geral, caem no mesmo processo de esperar o oponente atacar, desviar-se (ativando o sétimo sentido, de preferência) e contra-atacar.

Após completar a história, você pode utilizar tanto cavaleiros de bronze quanto de ouro em um modo de missões, em fases isoladas dentro do trecho das 12 casas – aqui, também há a opção de jogar com outra pessoa, em um modo cooperativo. A graça do jogo é reviver as aventuras de seus cavaleiros favoritos com um controle na mão – ainda assim, de forma comedida, pois a sequência do jogo é repleta de fórmulas e macetes que deixam clara a sua falta de inspiração e ambição. Vale o clichê: é um jogo apenas para os fãs do desenho.

Cavaleiros do zodíaco – batalha do santuário
» Produção: Namco Bandai
» Desenvolvimento: Namco Bandai e Dimps
» Distribuição no Brasil: Zap Games
» Exclusivo para PlayStation 3
» Número de jogadores: 1 (single-player), 2 (multiplayer)
» Preço: R$ 179,90

Não recomendado para menores de 10 anos