Academia e mercado se unem para solucionar a escassez de mão de obra no setor de telecomunicações. Aproveitando o foco de Santa Rita do Sapucaí (cidade do Sul de Minas) na criação de empresas de tecnologia, a Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa (ETEFMC), instituição com mais de 50 anos de experiência na formação de técnicos da área, firma hoje parceria com a empresa de telefonia móvel Ericsson para criação de um núcleo voltado para a capacitação prática de técnicos do setor.
“A parte teórica qualquer escola consegue oferecer, mas na prática acredito que seremos os únicos no país a garantir tamanho detalhamento. Criou-se uma estrutura que não tem semelhante no país”, afirma o coordenador-geral do Centro de Desenvolvimento de Negócios da ETE FMC, Wanderson Eleutério Saldanha, ressaltando que o pioneirismo da escola se repete mais de cinco décadas depois da sua criação, quando foi a primeira instituição de ensino da América Latina a oferecer curso voltado para o segmento de eletrônica.
Ele afirma que trata-se de um mercado carente e que duas vezes por ano grandes grupos de engenharia vão à cidade requisitar técnicos e acabam por contratar a maioria dos profissionais disponíveis. A Ericsson mesma é uma das principais captadoras de mão de obra. Da escola já saíram dezenas de pessoas que ocupam cargos na empresa, desde técnicos em eletrônica até executivos de alto escalão. Com a novidade, a tendência é que a demanda cresça ainda mais nos próximos anos.
Investimentos
De olho na implantação da tecnologia 4G no país, o vice-presidente da Ericsson para a América Latina, Eduardo Ricotta, acredita que as primeiras turmas deverão ser beneficiadas e vislumbra que até todos os alunos podem ser contratados pela empresa, dependendo do aquecimento do setor. Ele observa que a companhia antecipa a formação de profissionais e faz com que o aluno se familiarize com a empresa. “O técnico completa o curso preparado para fazer a instalação em campo”, afirma ele, ressaltando que antes eram necessários dois meses para formação do aluno.
Outro problema que pode ser sanado com a implantação do núcleo é a redução da rotatividade. O que Ricotta percebe é que muitos funcionários ficam pouco tempo na mesma empresa e aproveitam os cursos de qualificação oferecidos para conseguir vagas melhores. “A retenção hoje é muito pequena. Caberá à Ericsson identificar quem são os melhores e os capazes para desenvolvê-los na empresa”, afirma o vice-presidente da companhia sueca.