Os músicos estão todos a postos e esperam somente o quinto integrante da orquestra chegar para iniciarem o ensaio que antecede as apresentações. Quando Víctor Valentim, graduando em composição pela Universidade de Brasília (UnB), chega ao local do ensaio com as mãos livres, o maestro Eufrásio Prates logo questiona: “Cadê seu instrumento musical?”. Prates, entretanto, não pergunta por um violino, uma flauta ou um trompete. Ele quer saber onde está o notebook de Valentim.
Não, esse ensaio não é o de uma orquestra comum, mas de uma formada apenas por laptops. “A segunda do Brasil. A primeira surgiu em São Paulo”, conta Eduardo Kolody, produtor musical e integrante do grupo. Com cinco computadores munidos com webcam externa, os músicos usam um software desenvolvido por Eufrásio Prates, que permite a criação de arranjos complexos e pra lá de diferentes da chamada música holofractal.
Segundo Partes, o processo holofractal emprega partituras não lineares e o suporte tecnológico do computador para construir paisagens sonoras que buscam, na física e na matemática, o trabalho estético na arte. “O fractal está vinculado à imprevisibilidade, algo como o efeito borboleta, onde os resultados dependem das condições iniciais dentro da teoria do caos”, diz.
Em outras palavras, no software criado por ele, o resultado da música não está dado de antemão. Ele é influenciado por movimentos gerados em frente às câmeras conectadas aos instrumentos, ou, no caso, laptops. Como o programa de computador usa esses gestos para criar sons, apesar de contar com uma partitura-roteiro e duas composições previamente feitas, os músicos produzem uma obra cujo resultado não é totalmente controlado.
“O programa usa equações fractais para gerar uma série de desdobramentos dessa sensibilização inicial do movimento”, prossegue Prates. O maestro explica ainda que, para desenvolver o HTMI, nome dado ao software, ele fez a junção de vários outros programas, além de ter desenvolvido ferramentas próprias. O HTMI roda dentro de uma linguagem chamada Max/MSP, em homenagem ao inventor da música computacional, Max Mathews.
Para quem acha que, em um concerto de computadores, os músicos só servem para apertar botão, a engenhoca tecnológica é muito mais complexa e demanda conhecimento musical e de informática. Na apresentação, o maestro emite uma série de sinais que informam aos integrantes o momento em que eles devem ligar ou desligar um dos cinco sintetizadores criados no programa holofractal (veja esquema). “Enquanto estamos com o sintetizador ativo, há liberdade para mexer em qualquer parâmetro. Podemos, por exemplo, manipular a velocidade dos samples, determinar se eles tocarão invertidos ou se acionarão um dos sintetizadores, definir quais notas e padrões de notas eles estarão excitando por meio do movimento. Enfim, tem muita coisa ali. Nem deu para aprender tudo ainda”, brinca Kolody.
Sobre a sensação que geralmente esperam causar no público, Kolodoy fala que não há uma expectativa ou pretensão definidas. “Nossa intenção é somente mostrar que a música mudou tanto quanto o nosso mundo. Temos uma ideia muito quadrada dos Cosmos, do Universo. A música holofractal pretende provocar as pessoas para que elas possam repensar seus conceitos de natureza, tecnologia e música.”
Segundo ele, a nova forma de sonoridade contemporânea tem a capacidade de gerar uma viagem introspectiva nas pessoas. Sobre a experimentação da linguagem tecnológica na música, Prates acredita que a proposta está dentro da própria concepção de arte. “Arte experimental é redundante. Aquele que não experimenta não inova, não explora, está mais para um artífice do que para um artista.”
Não, esse ensaio não é o de uma orquestra comum, mas de uma formada apenas por laptops. “A segunda do Brasil. A primeira surgiu em São Paulo”, conta Eduardo Kolody, produtor musical e integrante do grupo. Com cinco computadores munidos com webcam externa, os músicos usam um software desenvolvido por Eufrásio Prates, que permite a criação de arranjos complexos e pra lá de diferentes da chamada música holofractal.
Segundo Partes, o processo holofractal emprega partituras não lineares e o suporte tecnológico do computador para construir paisagens sonoras que buscam, na física e na matemática, o trabalho estético na arte. “O fractal está vinculado à imprevisibilidade, algo como o efeito borboleta, onde os resultados dependem das condições iniciais dentro da teoria do caos”, diz.
Em outras palavras, no software criado por ele, o resultado da música não está dado de antemão. Ele é influenciado por movimentos gerados em frente às câmeras conectadas aos instrumentos, ou, no caso, laptops. Como o programa de computador usa esses gestos para criar sons, apesar de contar com uma partitura-roteiro e duas composições previamente feitas, os músicos produzem uma obra cujo resultado não é totalmente controlado.
“O programa usa equações fractais para gerar uma série de desdobramentos dessa sensibilização inicial do movimento”, prossegue Prates. O maestro explica ainda que, para desenvolver o HTMI, nome dado ao software, ele fez a junção de vários outros programas, além de ter desenvolvido ferramentas próprias. O HTMI roda dentro de uma linguagem chamada Max/MSP, em homenagem ao inventor da música computacional, Max Mathews.
Para quem acha que, em um concerto de computadores, os músicos só servem para apertar botão, a engenhoca tecnológica é muito mais complexa e demanda conhecimento musical e de informática. Na apresentação, o maestro emite uma série de sinais que informam aos integrantes o momento em que eles devem ligar ou desligar um dos cinco sintetizadores criados no programa holofractal (veja esquema). “Enquanto estamos com o sintetizador ativo, há liberdade para mexer em qualquer parâmetro. Podemos, por exemplo, manipular a velocidade dos samples, determinar se eles tocarão invertidos ou se acionarão um dos sintetizadores, definir quais notas e padrões de notas eles estarão excitando por meio do movimento. Enfim, tem muita coisa ali. Nem deu para aprender tudo ainda”, brinca Kolody.
Sobre a sensação que geralmente esperam causar no público, Kolodoy fala que não há uma expectativa ou pretensão definidas. “Nossa intenção é somente mostrar que a música mudou tanto quanto o nosso mundo. Temos uma ideia muito quadrada dos Cosmos, do Universo. A música holofractal pretende provocar as pessoas para que elas possam repensar seus conceitos de natureza, tecnologia e música.”
Segundo ele, a nova forma de sonoridade contemporânea tem a capacidade de gerar uma viagem introspectiva nas pessoas. Sobre a experimentação da linguagem tecnológica na música, Prates acredita que a proposta está dentro da própria concepção de arte. “Arte experimental é redundante. Aquele que não experimenta não inova, não explora, está mais para um artífice do que para um artista.”