Jornal Estado de Minas

Redes sociais estão diretamente ligadas aos casos de divórcio no mundo

Cerca de 30% dos divórcios citam a palavra "Facebook" como um dos motivos para a separação

Diário de Pernambuco

- Foto: Não é para curtir. Ou é? A rede social Facebook está provocando uma mudança no comportamento conjugal das pessoas. Pesquisa feita na Inglaterra mostra que aproximadamente 30% dos divórcios citam a palavra "Facebook" como um dos motivos para a separação. A realidade se aplica mundo afora. No Brasil não há dados compilados, mas todos os especialistas que falam sobre as redes sociais da internet dizem que elas interferem nas relações de namoro, casamento e, principalmente, no divórcio. A explicação reside no aumento do interesse pela vida do outro, aliado à exposição nos sites de relacionamento. Tudo junto, encontra-se a facilidade para quem deseja trair, o que acaba na interferência das redes nos relacionamentos conjugais.

Normalmente a curiosidade começa quando algum amigo ou amiga do parceiro começa a mandar recados afetuosos no Facebook, Twitter, MSN Messenger, Badoo e outras redes sociais ou de mensagens instantâneas. A curiosidade pode se refletirnum problema de relacionamento, conforme apontou a pesquisa de comportamento na internet realizada pela Intel. O levantamento mostra que xeretar (ou cutucar, como diria o Facebook) a vida do parceiro no mundo on line se tornou algo corriqueiro. Aproximadamente um terço dos internautas assumiram fazer isso.

Outro estudo, organizado pela TNS Research, é ainda mais revelador: os resultados indicaram que 62% dos brasileiros e brasileiras checam o perfil dos namorados(as) em redes sociais. Curiosamente, o percentual pula para 67% quando se trata do ex-namorado ou ex-namorada.

Foi numa dessas mensagens que o natalense João Araújo descobriu que a mulher, Maria Eduarda (nomes fictícios), estava marcando um encontro com um ex-namorado da adolescência. As conversas na rede comprovaram que ele estava sendo traído. Ele imprimiu todos os posts e não gostou do que leu. "Ela ficava muito na internet à noite, às vezes saia da cama para ficar no computador. Em determinado momento eu consegui distraí-la fazendo-a deixar a conta aberta. Li tudo", disse ele. O próximo encontro da mulher como amante seria numa viagem que ela faria ao Rio de Janeiro. João proibiu Maria de viajar, e hoje ele está tentando o divórcio litigioso, aquele em que o parceiro não concorda com a separação.

Outra traição descoberta pelo Facebook foi a dos também natalenses Manoel e Roberta (nomes fictícios), casados há quatro anos e que hoje estão em processo de divórcio. Manoel estava usando a internet para marcar encontros com outro rapaz. Roberta descobriu por acaso porque o marido esqueceu uma conta fictícia aberta. Ela leu a mensagem, viu o histórico e descobriu a infidelidade do marido. "Ele sempre negou, disse que algum hacker tinha usado nosso computador, mas pelas conversas que ele tinha com esse rapaz pude bater as informações. Ele falou que era casado comigo, que tinha uma filhinha de dois anos e o bairro onde morávamos", relatou a mulher.

Em Natal, a cada dez casos por mês que chegam para a advogada Adriana Fernandes, que atua na área de direito dafamília e sucessões no escritório Mendes Cunha, pelo menos três relatam que as redes sociais contribuíram para as traições. "A internet facilitou o encontro de pessoas distantes. Pessoas que não se viam se reaproximaram e isso possibilitou os contatos", diz ela.

"Um terço dos casos que eu recebo sempre envolvem alguma coisa relacionada à internet, seja por infidelidade descoberta pelas redes sociais ou mesmo por atitudes desleais por parte do cônjuge que se mostra de forma inusitada para a esposa, por tendência homossexual ou assédio sexual que muitas vezes nem chega a se concretizar, mas que provocam crises na relação. Aliás, isso enfraquece qualquer relação", destaca a advogada.