Jornal Estado de Minas

Game brasiliense presta homenagem aos clássicos RPGs de mesa

Existe todo um clima que circunda uma partida de RPG – não o gênero do videogame, como um Fallout ou Final fantasy, mas o clássico, jogado com fichas de papel e caneta, onde a condução da história fica a cargo de um mestre, o rolar dos dados pode determinar o seu futuro e sempre se pode pedir uma pizza para dar uma merecida pausa na aventura. Sob essa perspectiva, Knights of pen&paper é praticamente um metajogo, pois pega esse espírito e o põe dentro de um divertido título para celular.

Qualquer RPG de mesa é baseado em liberdade de ação, pois nas partidas são os jogadores que decidem o que devem fazer. O game da produtora brasiliense Behold Studios é fiel a esse princípio: ao contrário de outros games do gênero, excessivamente atrelados à história (até mesmo em sistemas móveis, como o famoso Zenonia), Knights permite que você escolha suas próprias missões, destinos, batalhas e até mesmo quantos inimigos enfrentar em cada uma delas, e tudo isso fica disponível logo no início da aventura.

São duas campanhas, com a promessa de outras serem disponibilizadas em breve. Você toma conta de um grupo com três personagens, que podem virar cinco no decorrer da aventura, misturando estereótipos como o nerd e o entregador de pizza – cada um com uma habilidade própria – e uma classe de personagem, como paladino, mago ou druida. O sistema do jogo não guarda muitas surpresas para quem conhece tanto o RPG de mesa quanto o do videogame: o combate é realizado em turnos, seus heróis sobem de nível e ganham pontos para aprimorar suas habilidades.

A grande sacada de Knights está na metalinguagem do RPG de mesa, que permeia toda a estrutura do game. Por exemplo: enquanto você está em uma missão para resgatar um garoto que se perdeu em uma caverna, um dos integrantes de seu grupo pode parar e questionar por que são sempre crianças que se perdem, e nunca princesas ou belas camponesas. Em quase todas as missões há um diálogo entre jogador e mestre da aventura, que, além de dar uma pitada de humor ao jogo, reflete o que acontece na realidade.

CONTEÚDO Knights tem uma quantidade impressionante de conteúdo para um título móvel. O mapa é grande e cada local, habitado ou não, sempre contém pelo menos uma missão para fazer, sem contar tarefas repetitivas como matar monstros.

No total, são cerca de 100 fases, todas distribuídas de forma homogênea pelo mapa. Como a dificuldade é ajustável, o jogo é adequado tanto para quem passa horas em frente ao celular quanto quem apenas joga partidas rápidas – embora o mais comum seja a primeira opção. O forte apelo nostálgico dos gráficos e da trilha sonora, que remete à época áurea dos jogos de 8 e 16-bits, ajudam a não enjoar.

Na parte técnica, Knights rodou sem problemas no iPhone3GS utilizado pelo Informátic@ para o teste. Os únicos problemas encontrados foram com o touch, que por vezes não selecionava algum inimigo na batalha. Entretanto, vale lembrar que a experiência pode não ser tão coesa em celulares com Android, pela quantidade de aparelhos e versões diferentes do sistema operacional, mas isso também é algo que deverá ser corrigido em futuras atualizações pela Behold, principalmente, com base nos comentários do aplicativo no Google Play.

Sem impor dificuldades ao jogador, Knights of pen & paper tem todos os ingredientes de sucesso em um título para celular: sistema fácil de aprender, partidas rápidas e com potencial para gastar muito tempo em frente à telinha. Mas seu maior trunfo e diferencial com certeza reside na homenagem ao mundo dos RPGs de mesa, tanto pelo humor quanto pela liberdade de ação dentro do jogo..