Shirley Pacelli
“E desde quando mulher sabe programar?”. “Só desde Ada Lovelace, a mulher que foi a primeira programador a da história”. Com a tirinha retirada de um site para engenheiros de software, Camila Silveira Costa deu seu recado no primeiro dia do Rails Girls, em que uma turma de marmanjos – os chamados coachs (treinadores) – também estava presente. O evento, criado em Helsinque (Finlândia), promove um ponto de encontro para as mulheres que querem conhecer mais sobre tecnologia. A edição belo-horizontina, na semana passada, que teve a PUC Minas Coração Eucarístico como sede, foi a primeira mineira e a sétima realizada no país. Porto Alegre (RS), Recife (PE) e São Paulo (SP) também já receberam as meninas do Rails.
Camila atua como analista de sistemas da Prodabel, empresa de informática e informação da capital mineira, que fornece a maior parte dos softwares utilizados pela prefeitura. Com um pedido de desculpas aos homens que estavam na sala, ela reafirmou o orgulho que a ala feminina deve ter ao trabalhar com a tecnologia da informação (TI).
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Faça o teste para encontrar o smartphone mais adequado ao seu perfil Estudo diz que homens são melhores que as mulheres em termos de multitarefasBrena é natural de Governador Valadares e há dois anos mora em Belo Horizonte.
Também de fora da área de TI, Betânia Tavares, de 49, artista plástica e analista de processos em um banco, aventurou-se por um dia em meio aos algoritmos e contou que a cabeça já estava pipocando de ideias para a criação de um aplicativo. Hyrla Miranda, de 23, revela que desde os 8 revirava o PC de sua casa. O pai trabalha com manutenção de redes e ela foi pegando o gosto pela área desde criança. Hoje, cursa sistema de informação e já trabalha com programação. O irmão mais velho de Hyrla faz o mesmo curso e ela conta que o pai fica feliz em poder trocar informações sobre TI com os próprios filhos.
MULTIPLICADORAS Só é preciso um notebook e muita disposição para fazer parte parte do Rails. Não é exigida qualquer experiência anterior com programação e também não há limite de idade. Mas o pouco ou nenhum conhecimento sobre o Ruby on Rails não foi impedimento para que as meninas gastassem sua criatividade na hora de inventar. Com um dia de trabalho, em meio a balões vermelhos em forma de coração, seis aplicações foram criadas.
À frente da organização do evento estavam Natalie Volk, Natália Cordova, Carolina Veiga e Anne Kelly. Natalie, que é alemã e mora no Brasil, foi responsável por trazer o projeto para o país, depois de conferir a edição argentina. Ela conta que as criadoras finlandesas queriam mostrar que o setor de TI também poderia ser divertido. “Se a área é mais diversificada, com homens e mulheres, o resultado é mais criativo”, assegura Natalie Volk.
Ela explica que o Rails Girls tem estrutura similar ao TED, tradicional evento de tecnologia, entretenimento e design: seguindo as regras, qualquer pessoa pode promover uma edição na sua cidade. Normalmente, há lista de espera quando um novo evento é realizado no Brasil. “Os brasileiros são muito geeks, passam horas nas redes sociais”, analisa Volk. Só em Belo Horizonte, foram 190 inscrições.
A organizadora conta que, depois do encontro, os participantes querem saber como ser multiplicadores do Rails. Além do conhecimento adquirido, quem faz parte da proposta acaba criando sua própria rede para discutir tecnologia. “Quando as meninas fazem o primeiro código não querem mais parar”, brinca Volk..