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Estado de Minas LÁ VEM ELAS

Mineiras aderem ao Rails Girls, movimento para mostrar que TI não é coisa só de homens

Onda veio da Finlândia


postado em 20/12/2012 00:12 / atualizado em 20/12/2012 13:14

Shirley Pacelli

Natalia Cordova, Natalie Volk, Carolina Veiga e Anne Kelly, organizadoras do Rails Girls 2012: tecnologia é divertido (foto: Shirley Pacelli/EM/D.A.Press )
Natalia Cordova, Natalie Volk, Carolina Veiga e Anne Kelly, organizadoras do Rails Girls 2012: tecnologia é divertido (foto: Shirley Pacelli/EM/D.A.Press )

“E desde quando mulher sabe programar?”. “Só desde Ada Lovelace, a mulher que foi a primeira programador a da história”. Com a tirinha retirada de um site para engenheiros de software, Camila Silveira Costa deu seu recado no primeiro dia do Rails Girls, em que uma turma de marmanjos – os chamados coachs (treinadores) – também estava presente. O evento, criado em Helsinque (Finlândia), promove um ponto de encontro para as mulheres que querem conhecer mais sobre tecnologia. A edição belo-horizontina, na semana passada, que teve a PUC Minas Coração Eucarístico como sede, foi a primeira mineira e a sétima realizada no país. Porto Alegre (RS), Recife (PE) e São Paulo (SP) também já receberam as meninas do Rails.

Camila atua como analista de sistemas da Prodabel, empresa de informática e informação da capital mineira, que fornece a maior parte dos softwares utilizados pela prefeitura. Com um pedido de desculpas aos homens que estavam na sala, ela reafirmou o orgulho que a ala feminina deve ter ao trabalhar com a tecnologia da informação (TI). Segundo a analista, uma pesquisa da Catho Online apontou que as mulheres representam 12,56% da força de trabalho no setor de tecnologia brasileiro. “Temos que vencer o preconceito que vem, muitas vezes, de nós mesmas, e, claro, dos homens”, ressaltou.

Ela diz ter influenciado a irmã mais nova, Carolina Silveira Costa, a trabalhar como desenvolvedora. A caçula desconversa e diz que, antes, já fazia curso de manutenção de computadores. Carolina conta que, além dela, só há outra mulher na equipe de 12 programadores na companhia onde atua. Situação diferente da engenheira de software Brena Monteiro, de 25 anos, que trabalha em um setor de desenvolvimento bem dividido entre profissionais de ambos os sexos. A única desvantagem foi na turma de coachs da qual que ela fez parte no Rails: dominada por 10 homens.

Brena é natural de Governador Valadares e há dois anos mora em Belo Horizonte. Ela conta que não encontrou dificuldade no mercado de softwares e já fez até um trabalho freelancer para uma empresa de Ohio (Estados Unidos). Além disso, diz que nunca sentiu diferença de tratamento em relação aos colegas de trabalho. “Mesmo porque, as mulheres são detalhistas e cuidam mais do projeto. Elas fazem o código mais limpo”, exalta.

Brena Monteiro aposta que as mulherres são mais detalhistas. Na foto ela orienta Marcelle Silva(foto: Shriley Pacelli/EM/D.A.Press )
Brena Monteiro aposta que as mulherres são mais detalhistas. Na foto ela orienta Marcelle Silva (foto: Shriley Pacelli/EM/D.A.Press )
A jovem, que mantém o blog Reflexões brenianas (monteirobrena.wordpress.com) com dicas de TI, deu uma mãozinha na instalação do Ruby on Rails no notebook da turismóloga e agente de viagens Marcelle R. Silva, de 22. Apesar de não ser da área, Marcelle conta que sempre se interessou por tecnologia. “Costumava aproveitar o tempo livre na universidade para assistir a umas aulas no curso de ciência da computação”, lembra. Depois de participar do Rails Girls, a vontade de direcionar a carreira para o desenvolvimento de plataformas on-line de turismo só aumentou.

Também de fora da área de TI, Betânia Tavares, de 49, artista plástica e analista de processos em um banco, aventurou-se por um dia em meio aos algoritmos e contou que a cabeça já estava pipocando de ideias para a criação de um aplicativo. Hyrla Miranda, de 23, revela que desde os 8 revirava o PC de sua casa. O pai trabalha com manutenção de redes e ela foi pegando o gosto pela área desde criança. Hoje, cursa sistema de informação e já trabalha com programação. O irmão mais velho de Hyrla faz o mesmo curso e ela conta que o pai fica feliz em poder trocar informações sobre TI com os próprios filhos.

MULTIPLICADORAS Só é preciso um notebook e muita disposição para fazer parte parte do Rails. Não é exigida qualquer experiência anterior com programação e também não há limite de idade. Mas o pouco ou nenhum conhecimento sobre o Ruby on Rails não foi impedimento para que as meninas gastassem sua criatividade na hora de inventar. Com um dia de trabalho, em meio a balões vermelhos em forma de coração, seis aplicações foram criadas. Além das plataformas para ajudar na elaboração de eventos e de compras, foram criados um gerenciador de música, no estilo Groovershark, e um aplicativo para medir o consumo de combustível para carros. Já teve quem fizesse banco de dados para saber o que tem na geladeira e, a partir disso, criar receitas com os ingredientes disponíveis.

Tirinha ironiza o preconceito(foto: Reprodução/Internet)
Tirinha ironiza o preconceito (foto: Reprodução/Internet)


À frente da organização do evento estavam Natalie Volk, Natália Cordova, Carolina Veiga e Anne Kelly. Natalie, que é alemã e mora no Brasil, foi responsável por trazer o projeto para o país, depois de conferir a edição argentina. Ela conta que as criadoras finlandesas queriam mostrar que o setor de TI também poderia ser divertido. “Se a área é mais diversificada, com homens e mulheres, o resultado é mais criativo”, assegura Natalie Volk.

Ela explica que o Rails Girls tem estrutura similar ao TED, tradicional evento de tecnologia, entretenimento e design: seguindo as regras, qualquer pessoa pode promover uma edição na sua cidade. Normalmente, há lista de espera quando um novo evento é realizado no Brasil. “Os brasileiros são muito geeks, passam horas nas redes sociais”, analisa Volk. Só em Belo Horizonte, foram 190 inscrições. Nos dois dias de evento, cerca de 50 pessoas participaram.

A organizadora conta que, depois do encontro, os participantes querem saber como ser multiplicadores do Rails. Além do conhecimento adquirido, quem faz parte da proposta acaba criando sua própria rede para discutir tecnologia. “Quando as meninas fazem o primeiro código não querem mais parar”, brinca Volk.


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