O ato de dançar pode ter várias explicações, artísticas ou filosóficas. Mas, nos games, ele era bem mais simples, quase sempre se limitando a acertar complicadas sequências de setas em uma tela, pisando em um controle em forma de tapete. Entretanto, os jogos de dança deixaram de ser um gênero de nicho e tomaram de assalto a música pop. E para alcançar esse patamar, usam como arma a tecnologia que mais popularizou os videogames nos últimos anos: os sensores de movimento, como o Kinect, do Xbox; o Wiimote, da Nintendo; e o Playstation Move, da Sony.
A dupla começou a despontar no mercado de games na mesma época em que outro estilo de jogo de música estava em declínio: o que simula bandas de rock usando controles em forma de guitarras e de baterias. O subgênero caiu em desgraça tanto pelo fim da febre dos instrumentos de plástico quanto por um excesso de títulos no mercado, principalmente por parte da série Guitar hero, que acabou sendo descontinuada pela Activision.
Os dois games são como Fifa e Pro evolution soccer no campo dos games de futebol: enquanto Dance central é mais técnico, tanto em modos de jogo quanto na complexidade dos movimentos, Just dance é mais focado na simplicidade e em aspectos sociais, como inventar uma coreografia e compartilhar com seus amigos nas redes virtuais de cada console. “É um jogo para fazer a festa. Desde o início ele foi pensado para o grande público”, conta o presidente da Ubisoft Brasil, Bertrand Chaverot.
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Ano de 2013 chega com boas promessas para o mundo dos gamesPara entrar na dança, Ubisoft optou por um modelo mais fácilJogo criado por fãs une consagrados lutadoresBrasil Por aqui, a série demorou um pouco para pegar no tranco, mas hoje repete o sucesso obtido no exterior. Em 2010, Just dance 2, o primeiro a ser distribuído oficialmente em território nacional, em 2010, teve 10 mil unidades comercializadas. No ano seguinte, seu sucessor triplicou a quantia apenas na data de lançamento. No total, foram 50 mil cópias vendidas. A filial brasileira da Ubisoft espera dobrar esse número para a edição deste ano, a Just dance 4.
A explicação por trás de um crescimento tão rápido está no aumento da base instalada de Xbox 360 com Kinect e Wii – consoles nos quais os games vendem mais – e, com ela, todo um contingente de novos jogadores. “Esse grupo não é composto apenas de gamers ávidos. São famílias que querem jogos apenas para se divertir. E nos de dança, todo mundo pode competir, pois a maior parte sabe dançar e cantar, sem exigir de controles adicionais”, explica Chaverot.
Para aumentar a popularidade do gênero no país, a Ubisoft negocia com um cantor (ou cantora) nacional de destaque e deve incluir uma canção como conteúdo adicional por download (DLC) no início de 2013. E para a próxima edição do game, Chaverot quer as músicas brasileiras já no setlist do disco. “No Brasil há muitos casos de artistas com originalidade, mas não têm poder econômico para exportar isso. Esse tipo de convergência é bom para nós e para os músicos”, completa.
Abaixo as calorias
(Shirley Pacelli)
Já Igor Colodetti é veterano quando o assunto é game de dança. Apesar disso, ainda não tinha dançado Gangnam Style da mais recente versão do Dance Central. Em sua primeira tentativa, Colodetti deu um show na partida e pouquíssimos erros foram cometidos por seu avatar. Ele conta que costuma jogar com os amigos e já tentou com os pais também. “Minha mãe é péssima de dança e ganhei do meu pai diversas vezes”, orgulha-se.
Também ao som do rapper sul-coreano Psy, por uma, duas e até três vezes, Kaíque Eduardo, de 16, dançou. “Observação: tenho dois quilos a menos agora”, brincou após as partidas. O jovem conta que, no início, a timidez faz com que você não consiga seguir toda a coreografia, mas depois de se soltar a dança fica fácil. Ao menos, no primeiro nível... A irmã Bárbara, de 8, ria dos passinhos do irmão, mas não se atreveu a enfrentar o desafio.
Um pouco mais retraído que Izabella, Igor e Kaíque, Antônio Vieira, de 13, não aceitou o convite para testar o game, mesmo porque ele já tinha o título em casa. “Tenho desde o primeiro Dance, mas prefiro games de RPG (jogo de representação de papéis)”, conta. Mas, se Antônio não é tão fã desse tipo de jogo, revela que a família e os amigos fazem fila para seguir a coreografia dos bonecos que comandam o ritmo na tela da TV.
Vendas Segundo Reginaldo Muniz, proprietário da Brother Games, não há vencedores quando o assunto é a disputa entre os games Dance Central 3 e Just Dance 4, que têm vendas equivalentes na loja. Só mesmo em consoles há aquele que desponta: quem domina o mercado é o Xbox 360, por causa do Kinect, com seu sensor de movimento. Entre os títulos mais procurados no Natal estavam Far cry 3 e Call of Duty Black Ops 2, ambos videogames de tiro em primeira pessoa.