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Estado de Minas EM RITMO DE FESTA

Jogos de dança coroam a popularização dos games de música

Adoção pelo público é auxiliada por consoles com sensores de movimento. Seguindo os passos de Psy, jovens testam novo título em loja mineira


postado em 03/01/2013 00:12 / atualizado em 03/01/2013 11:16

Kaíke Eduardo e o vendedor Gustavo Gil gastaram calorias imitando o cantor rapper sul-coreano (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Kaíke Eduardo e o vendedor Gustavo Gil gastaram calorias imitando o cantor rapper sul-coreano (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

O ato de dançar pode ter várias explicações, artísticas ou filosóficas. Mas, nos games, ele era bem mais simples, quase sempre se limitando a acertar complicadas sequências de setas em uma tela, pisando em um controle em forma de tapete. Entretanto, os jogos de dança deixaram de ser um gênero de nicho e tomaram de assalto a música pop. E para alcançar esse patamar, usam como arma a tecnologia que mais popularizou os videogames nos últimos anos: os sensores de movimento, como o Kinect, do Xbox; o Wiimote, da Nintendo; e o Playstation Move, da Sony.

A franquia multiplataforma Just dance, da Ubisoft, criada em 2009, já vendeu cerca de 35 milhões de cópias no mundo todo, com três jogos principais e edições especiais, como as do rei do pop Michael Jackson. Sua principal rival, Dance central, da Harmonix (a criadora de Rock band), é exclusiva do Kinect e teve cerca de 4 milhões de unidades comercializadas com dois títulos em dois anos.

A dupla começou a despontar no mercado de games na mesma época em que outro estilo de jogo de música estava em declínio: o que simula bandas de rock usando controles em forma de guitarras e de baterias. O subgênero caiu em desgraça tanto pelo fim da febre dos instrumentos de plástico quanto por um excesso de títulos no mercado, principalmente por parte da série Guitar hero, que acabou sendo descontinuada pela Activision.

Os dois games são como Fifa e Pro evolution soccer no campo dos games de futebol: enquanto Dance central é mais técnico, tanto em modos de jogo quanto na complexidade dos movimentos, Just dance é mais focado na simplicidade e em aspectos sociais, como inventar uma coreografia e compartilhar com seus amigos nas redes virtuais de cada console. “É um jogo para fazer a festa. Desde o início ele foi pensado para o grande público”, conta o presidente da Ubisoft Brasil, Bertrand Chaverot.

Como todo bom game de dança que se preza, é necessário ter os hits do momento. Foi aí que as duas franquias travaram seu duelo particular mais recente: a corrida para incluir em seus repertórios a música Gangnam style, do cantor/rapper sul-coreano Psy. A canção chegou em ambos os jogos quase ao mesmo tempo e também está no Dance central 3 e PS3.

Brasil Por aqui, a série demorou um pouco para pegar no tranco, mas hoje repete o sucesso obtido no exterior. Em 2010, Just dance 2, o primeiro a ser distribuído oficialmente em território nacional, em 2010, teve 10 mil unidades comercializadas. No ano seguinte, seu sucessor triplicou a quantia apenas na data de lançamento. No total, foram 50 mil cópias vendidas. A filial brasileira da Ubisoft espera dobrar esse número para a edição deste ano, a Just dance 4.

A explicação por trás de um crescimento tão rápido está no aumento da base instalada de Xbox 360 com Kinect e Wii – consoles nos quais os games vendem mais – e, com ela, todo um contingente de novos jogadores. “Esse grupo não é composto apenas de gamers ávidos. São famílias que querem jogos apenas para se divertir. E nos de dança, todo mundo pode competir, pois a maior parte sabe dançar e cantar, sem exigir de controles adicionais”, explica Chaverot.

Para aumentar a popularidade do gênero no país, a Ubisoft negocia com um cantor (ou cantora) nacional de destaque e deve incluir uma canção como conteúdo adicional por download (DLC) no início de 2013. E para a próxima edição do game, Chaverot quer as músicas brasileiras já no setlist do disco. “No Brasil há muitos casos de artistas com originalidade, mas não têm poder econômico para exportar isso. Esse tipo de convergência é bom para nós e para os músicos”, completa.

Abaixo as calorias
(Shirley Pacelli)


Izabella experimentou o Dance Central 3, gostou e já tem na lista de pedidos um Kinect para jogar com as amigas(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Izabella experimentou o Dance Central 3, gostou e já tem na lista de pedidos um Kinect para jogar com as amigas (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Da vitrine, os olhos de Izabella de Oliveira Silva, de 9 anos, fitavam os passos de Igor Colodetti, de 16, que testava Dance Central 3 no interior da Brother games (brothergames.com.br), loja de jogos do Shopping Boulevard, na Região Leste de Belo Horizonte. A cada passo do garoto Izabella sorria, ao lado da mãe e do irmão, que também observavam a cena. No ato do convite, a garota aceitou testar o título, e fez bonito ao som de um hit norte-americano. A menina conta que tem um Xbox 360 em casa e acompanha o irmão mais velho, João, em partidas de jogos de ação e tiro. Como o videogame fica no quarto de João, o espaço era reduzido e não havia como utilizar um Kinect. Por isso, a mãe não comprou o aparelho com sensor de movimento. “Eu gostei do game. Não é difícil não. Dá para jogar com minhas amigas”, aprovou Izabella com olhar sugestivo para a mãe, que poderia ser interpretado como um pedido de presente pós-Natal.

Já Igor Colodetti é veterano quando o assunto é game de dança. Apesar disso, ainda não tinha dançado Gangnam Style da mais recente versão do Dance Central. Em sua primeira tentativa, Colodetti deu um show na partida e pouquíssimos erros foram cometidos por seu avatar. Ele conta que costuma jogar com os amigos e já tentou com os pais também. “Minha mãe é péssima de dança e ganhei do meu pai diversas vezes”, orgulha-se.

Também ao som do rapper sul-coreano Psy, por uma, duas e até três vezes, Kaíque Eduardo, de 16, dançou. “Observação: tenho dois quilos a menos agora”, brincou após as partidas. O jovem conta que, no início, a timidez faz com que você não consiga seguir toda a coreografia, mas depois de se soltar a dança fica fácil. Ao menos, no primeiro nível... A irmã Bárbara, de 8, ria dos passinhos do irmão, mas não se atreveu a enfrentar o desafio.

Um pouco mais retraído que Izabella, Igor e Kaíque, Antônio Vieira, de 13, não aceitou o convite para testar o game, mesmo porque ele já tinha o título em casa. “Tenho desde o primeiro Dance, mas prefiro games de RPG (jogo de representação de papéis)”, conta. Mas, se Antônio não é tão fã desse tipo de jogo, revela que a família e os amigos fazem fila para seguir a coreografia dos bonecos que comandam o ritmo na tela da TV.

Vendas Segundo Reginaldo Muniz, proprietário da Brother Games, não há vencedores quando o assunto é a disputa entre os games Dance Central 3 e Just Dance 4, que têm vendas equivalentes na loja. Só mesmo em consoles há aquele que desponta: quem domina o mercado é o Xbox 360, por causa do Kinect, com seu sensor de movimento. Entre os títulos mais procurados no Natal estavam Far cry 3 e Call of Duty Black Ops 2, ambos videogames de tiro em primeira pessoa.


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