A ginecologista e obstetra Nilce Consuelo Verçosa, do Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé, em Belo Horizonte, explica que a êmese gravídica se diferencia da hiperêmese gravídica pela intensidade de sintomas: leve, moderada e grave. A leve melhora com dieta e uso de remédios antieméticos, próprios para enjoo e vômitos transitórios. A média é marcada pela perda de peso, ainda que pouco importante, já que a paciente consegue se alimentar, e também é tratada com medicamento.
A forma grave é quando o vômito é persistente, obriga jejum forçado, e acaba por determinar alterações metabólicas importantes. A mulher não ingere nada e ainda vomita. “A paciente fica com face e olhos encovados (olheiras), língua saburrosa (áspera e seca) e pode até chegar a um quadro de hipotensão arterial, que acarreta grave desidratação, diminuição na quantidade de urina, apatia e letargia. Nesse caso, a hospitalização é obrigatória. Há ainda o risco de choque, um quadro apático com alterações metabólicas graves”. A hiperêmese gravídica está relacionada também com a perda de peso, que pode ser de 6% a 8% do peso inicial da gestante.
Nilce Verçosa explica que a prevenção da hiperêmese gravídica é o pré-natal mais rápido, no início da gestação. O que vai dar à mulher condição de ter um diagnóstico antecipado impedindo que quadro mais grave se desenvolva e o tratamento seja eficaz. “Ela é mais rara do que já foi. A diminuição se deve ao uso de medicamento eficiente, melhor assistência pré-natal e ao emprego adequado da psicoterapia”. Aliás, fatores emocionais, ainda que não esteja comprovada, são apontados e discutidos como possíveis causas da doença. Segundo a obstetra, a hiperêmese gravídica pode levar à morte tanto a paciente quanto o feto. “No entanto, é raríssimo”, reforça. O óbito só ocorre se o quadro for muito grave e se a mulher não receber a devida atenção.
A médica lembra que a hiperêmese gravídica inicia com enjoo comum e, por isso, se não tiver atenção, pode piorar. Nilce enfatiza que o enjoo é algo para ser tratado. “É comum, mas não é normal. A mulher precisa procurar paliativos para não agravar”. Ela alerta para alguns fatores que aumentam a probabilidade de desenvolver a hiperêmese gravídica: obesidade, gestação com mais de um feto, paciente portadora de hipertiroidismo e mulheres cujas mães tiveram a doença.
HEPATITE Com diagnóstico fechado, Nilce Verçosa enfatiza a importância da rápida internação. No hospital, a paciente vai precisar ser hidratada, ter repouso absoluto, fazer dieta ou jejum nas primeiras 24 ou 48 horas ou enquanto persistirem os vômitos, sedação leve e medicação antiemética. “Em geral o prognóstico é bom para mãe e feto e sem consequências para o desenvolvimento da gravidez”. Mas ela alerta que depois do episódio de hiperêmese gravídica é preciso vigiar a gestante mais de perto, “já que complicações da gestação podem ocorrer e a pré-eclâmpsia pode ser mais frequente”. É preciso ter cuidado para não interromper o tratamento porque a reincidência também ocorre.
Nilce Verçosa faz alerta importante ao enfatizar que existem outras doenças que podem causar náusea e vômito e precisam ser investigadas antes de fechar o diagnóstico de hiperêmese gravídica. Têm os mesmo sintomas, mas são outras enfermidades, que são: infeção urinária, apendicite, hepatite, hipertiroidismo e colecistite.
Saliva excessiva
Outro quadro patológico que pode se desenvolver no primeiro trimestre da gravidez e está associado a enjoo e náusea é a hipersialorreia, que se caracteriza pelo aumento do volume de saliva de origem desconhecida. Excepcionalmente, pode ser patológico e representar uma moléstia do ponto vista social, já que obriga a paciente a cuspir durante todo o dia. Há casos em que a mulher chega a eliminar até dois litros de secreção (cuspe) por dia.