Mais de 200 mil pessoas devem passar pelo centro de exposições, em São Paulo, durante o evento: arena tem oito zonas de conhecimento este ano - Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

A Campus Party Brasil (CPBr) é, levando em conta apenas os números envolvidos, algo impressionante: a sexta edição, no Centro de Exposições Anhembi Parque, na capital paulista, vai receber oficialmente 8 mil apaixonados por inovação, ciência e muito entretenimento. Paralelamente, outros 200 mil a visitarão. Serão mais de 500 horas apenas de palestras – em 13 palcos, por onde devem passar mais de 100 propagadores (do mundo inteiro) de informação.

Criado há 16 anos na Espanha, o evento ocorre em vários países. A CPBr está organizada em três espaços: arena, onde durante sete dias os campuseiros interagem e participam de diversas atividades; camping, com cinco mil barracas e a infraestrutura necessária para a hospedagem; e expo, área gratuita e aberta ao público em geral.

A arena é composta por oito zonas de conhecimento, que neste ano ganharam nomes de personalidades históricas: Sócrates (software livre), Pitágoras (desenvolvimento e sistemas operacionais), Arquimedes (segurança e redes), Hypatia (empreendedorismo), Michelangelo (foto, design, vídeo e música), Gutenberg (blogs e mídias sociais), Galileu (astronomia, robótica, nanotecnologia, biotecnologia, modding, hardware e eletrônica), Stadium (games e simulação), Workshop I, Workshop II, Barcamp e também o Palco Multidisciplinar.

OS ESPECIAIS O palco principal da CPBr é para onde todos os holofotes se voltam. Nesta edição, subirão nele algumas pessoas importantes no mundo da tecnologia, como “Buzz” Aldrin, um dos primeiros homens a pisar a superfície da Lua; Nolan Bushnell, fundador da Atari e o primeiro e único chefe que Steve Jobs já teve; e Rainey Reitman, diretora de ativismo da Electronic Frontier Foundation, uma das maiores e mais importantes organizações de defesa dos direitos civis e da liberdade de expressão na era digital.

Outra novidade deste ano foi a isenção do pagamento de entrada àqueles que comprovaram não ter recursos financeiros para participar e 50% de desconto aos universitários bolsistas do ProUni. Mas as vendas gerais dos ingressos começaram com confusão. Em protesto contra preços altos, o site da CPBr sofreu um ataque e ficou fora do ar por alguns dias. O valor da entrada dobrou em comparação com a quinta edição.

Para os viciados em smartphones, a CPBr lançou o aplicativo oficial na App Store (Apple) e na Play Store (Google). Por ele, o usuário tem acesso a várias informações, como agenda das palestras, canal direto com as redes sociais, mapas, opção de postar foto direto no programa, entre outras coisas. A CPBr faz o papel de inclusão digital, muitas vezes oferecendo pela primeira vez o contato entre o visitante e um computador, abrindo as portas do mundo on-line. Em 2013 serão oferecidos cursos gratuitos, como “Os primeiros passos em computação e internet” e “Ferramentas de informática e internet: redes sociais e conteúdos”. Qualquer pessoa pode participar.

INTERNET ULTRAVELOZ Neste ano, os campuseiros terão 30GBps de internet, 10GBps a mais que na última edição. Isso deixa qualquer nerd muito animado. Para se ter uma ideia, a média da velocidade adquirida por um usuário comum, para uso particular, é de 10MBps. Como um 1GB tem 1.024MB, fazendo as contas dá para saber que a galera da CPBr vai fazer a festa com isso. Assim, com 1GBps é possível baixar um filme de 1GB em três segundos. Então, com 30GBps, são 30 vídeos. E na arena, os campuseiros trocam muitos arquivos por meio de uma rede interna, na qual é possível ver tudo o que foi baixado e também fazer download.

A ALIMENTAÇÃO Boas notícias para os veteranos: a organização do evento garantiu mais segurança – uma nova empresa foi contratada para cuidar disso – e novas duchas e banheiros, com reforço na limpeza durante 24h por dia, foram montados, desta vez, com muita água, pois na última edição esse ponto deixou a desejar. No espaço expo, está sendo montada uma praça de alimentação, também com acesso para os campuseiros. Mas os que não quiserem sair da arena têm a opção de comprar um pacote completo, com direito a café da manhã, almoço e jantar.

Ainda tem interesse em participar?
Acesse o site www.campus party.com.br, compre o ingresso e veja as informações sobre caravanas de todo o país. O Informátic@ estará presente na Campus Party com a repórter Shirley Pacelli e, na próxima edição do caderno, vai mostrar o que de mais importante rolou por lá.


DICA AOS NOVATOS
» Leve alimentos para matar a fome temporariamente: biscoitos, salgadinhos, suco em caixinha, achocolatado, fruta desidratada, barras de cereal...
» Não esqueça cadeado para colocar na barraca ao sair, no gabinete que ficará na bancada ou na mochila.
» Vá com caravana, mas não mande beijos ao azar: em um evento de grande porte como esse, não é aconselhável largar objetos, como celular, carregador, câmera fotográfica ou filmadora, na bancada.
» Faça da sua garrafinha de água um amuleto da sorte. Mesmo que os organizadores tenham prometido mais bebedouros, nunca se sabe.

TRÊS PERGUNTAS PARA...
Mário Teza
diretor-geral da Campus Party Brasil

O que tem motivado a expansão da Campus Party todos esses anos?
Ampliar o conhecimento e compartilhá-lo com outras pessoas é um sentimento que existe desde a primeira Campus Party, na Espanha. A tecnologia e seus avanços permitiram que ela ganhasse o mundo e revelasse talentos que, unidos, podem, sim, mudar o futuro, criando soluções tecnológicas para melhorar empresas, cidades e a própria relação entre as pessoas. Por isso, ver esse movimento crescer em vários países e encontrar um terreno fértil no Brasil nos dá mais motivação para fazer parte de tudo isso.

Qual o papel da CPBr no uso da tecnologia para melhoria da sustentabilidade?
A tecnologia pode ser uma importante ferramenta e deve ajudar a fortalecer soluções cada vez mais sustentáveis. Esse tema também está presente na Campus Party. Neste ano, teremos diferentes atividades sobre Green Tech que irão discutir temas como cidades inteligentes, bioconstruções e também o uso de energias renováveis para dispositivos móveis. Os nossos campuseiros têm se debruçado sobre assuntos atuais e importantes como esses e podem ajudar a trazer soluções aplicáveis para o nosso futuro imediato.

Além de propagar a tecnologia dentro da CPBr, qual é o insumo real? Quais são os resultados do que é gerado lá dentro?
Ela impulsiona novos talentos nacionais das mais diferentes áreas, principalmente por meio da inovação aberta e colaborativa, ajudando a mostrar para o mundo o grande potencial criativo do Brasil. Temos vários projetos e empresas, como o Migre.me e a Sync, que ou foram concebidos na Campus ou foram amadurecidos por seus criadores com a experiência e o conhecimento adquirido no evento. Agora, nosso papel é cada vez mais promover e criar um ambiente em que o networking completo desse empreendedor digital seja real, desde fomentar a concepção de trabalhos até conectar aceleradoras e investidores em geral. Isso acontecerá neste ano no Cross Space, um espaço concebido pela Campus Party para materializar todo esse networking. O principal legado da Campus Party é a organização e a reunião de uma enorme rede de inovadores, o que nos transforma na garagem do Vale do Silício do Brasil e ajuda a firmar o país como quinta potência mundial.