Shirley Pacelli
Desde outubro de 2011, o mineiro Samir Iásbeck de Oliveira, de Juiz de Fora, trilha seu caminho rumo ao sucesso com o Qranio (qranio.com), plataforma on-line que dá prêmios para quem prova ter conhecimento. No último mês, a startup anunciou um aporte de meio milhão de reais de um investidor “anjo” e lançou durante a Campus Party Brasil 6, na semana passada, o serviço via SMS. A fórmula para obter êxito? “Você pode até pode dormir, mas tem que sonhar com seu projeto e acordar pensando nele”, brinca. A empresa faz parte do programa da aceleradora global Wayra, do grupo Telefônica, que apoia e estimula o empreendedorismo digital. Atualmente, o Qranio tem 60 mil usuários. Com tradução do aplicativo para espanhol e inglês, Samir Iásbeck tem por meta aumentar esse número para 1 milhão de membros até o meio do ano.
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Menos de 1% dos projetos apresentados conseguem ser selecionados pela Wayra. E quais seriam os requisitos para fazer parte do time da aceleradora? Segundo ele, é preciso que tenha cerca de dois anos de formação, não mais que isso. Que seja de origem digital, tenha escalabilidade e um diferencial competitivo. “A ideia, por si só, não rende nada. Tem que ter o brilho no olho do empreendedor”, ressalta. Ele esclarece que abre caminho para contatos estratégicos, mas são os empreendedores que devem ir atrás: “No fim do dia, estamos formando empresários, não filhos”, ressalva.
A Wayra tem 13 escritórios n o mundo, especialmente na América Latina e Europa. Dessa forma, caso o empresário queira expandir seus negócios, já tem contatos em vários países. A aceleradora estimula o intercâmbio dos empreendedores entre as academias. Dos 10 meses do programa, eles podem escolher ficar três fora do país, por exemplo. Durante suas convocatórias, a Wayra já chegou a receber projetos da África e Índia que querem ser acelerados no Brasil. A próxima chamada será em meados de abril e outra em agosto. Não há uma meta de submissão de projetos em cada temporada.
O fracasso também faz parte no mundo dos negócios. De acordo com Carlos Pessoa, só cerca de 10% das startups aceleradas vão dar certo. A Wayra faz um investimento de risco com o empreendedor. Em suas experiências, ele observou que as empresas que tinham o diretor focado 100% do tempo conseguiam uma performance muito maior. “Vai que a Samsung me liga querendo marcar uma reunião amanhã? Se o cara estiver no Maranhão, não vai rolar”, exemplifica, ressaltando que quem passa pelo processo de seleção precisa ir a São Paulo e ficar na academia da aceleradora. Apesar disso, as falhas são encaradas como processo natural no ramo dos negócios. “No Brasil a gente tem mania de punir a falha. Não que a gente queira que falhe mas, se isso ocorrer, tente de uma maneira diferente. É importante falhar com paz de espírito, sabendo que deu o seu melhor”, afirma.
Jornalismo colaborativo
O YouCa.st (https://youca.st), criado pelo jornalista mineiro Felipe Gazolla, de 28 anos, é um convite para o cidadão se transformar em um repórter. A plataforma aproveita a mão de obra colaborativa das ruas, pronta para lançar mão de seus celulares e fazer uma cobertura oportuna de um acontecimento. O site foi lançado na quinta edição da Campus Party. A startup também já passou pelo programa da aceleradora, do Yuri Gitahy, em Belo Horizonte, e participou do Pitch Digital em junho do ano passado. Em 2012, depois de uma seleção entre 518 empresas, a Youca.st foi aprovada para passar pelo programa de aceleração da Wayra. Atualmente, eles estão no estágio de validação comercial.
São cerca de 10 mil usuários cadastros em todo o país. O site recebe o conteúdo e o organiza para apresentar ao público ou servir como fonte para a imprensa que queira adquirir o material. Caso exista a venda de direitos de imagem, o YouCa.st fica com uma porcentagem da transação. A partir do cadastro, o usuário, ao aceitar o termo de uso, já está de acordo com a parte jurídica do negócio.
FOCO JORNALÍSTICO
Na Campus Party 6, o retorno dos usuários em relação à plataforma foi ótimo. Segundo Gazolla, teve campuseiro que chegou a enviar 40 vídeos durante o evento e foram contabilizados mil novos cadastros. “Eles compreenderam que a plataforma tem um foco jornalístico”, diz. O YouCa.st, como afirma Gazolla, tem o objetivo de indexar o maior número possível de conteúdo e fazer uma triagem para a mídia, seja por geolocalização ou tema. Uma nova funcionalidade permite que a imprensa publique a demanda e, automaticamente, as pessoas recebem notificações sobre a necessidade de fotos ou vídeos de lugares ou situações específicas.
Como os smartphones estão gravando em HD e isso requer uma conexão excelente, o empresário inseriu a alternativa de o cidadão gravar o vídeo e salvar, para só depois fazer o upload para o site. Assim, ele poderá optar por gastar o plano de dados do seu 3G ou procurar um Wi-fi mais perto. O próximo passo, segundo Felipe Gazolla, é integrar o serviço às empresas de comunicação.
Além da Qranio e da YouCa.st, a Rockbee (rockbee.com.br), serviço de organização de eventos e venda de ingressos on-line, é acelerada pela Wayra. A startup surgiu em julho de 2011. Os usuários cadastrados recebem informações sobre a programação da noite de sua cidade e a compra de ingressos pelo site oferece descontos especiais. Além de divulgação dos eventos, os estabelecimentos contam com páginas próprias para expor as informações da casa e os internautas escolhem quais feeds querem receber. Há ainda página de recomendações e indicações.
O QUE FAZ UMA ACELERADORA?
Busca estimular a startup por meio de captação de recursos e aproximação com o mercado. Auxilia o empreendedor, para que ele possa alcançar resultados de forma mais rápida. Para isso, melhora a estrutura de negócios e amplia a rede de contatos. Em contrapartida à ajuda, as aceleradoras podem ficar com 5% a 15% dos lucros da empresa iniciante.