É natural que os videogames preferidos dos 60 milhões de brasileiros que têm um console em casa, segundo pesquisa Ibope, sejam os modelos atuais: PS2 é o mais popular, seguido do Xbox 360° e Playstation 3. Além dos campeões de vendas, há também muita procura pelo Nintendo Wii e por portáteis como o PS Vita e o Nintendo 3DS. No entanto, há jogadores que, embora acompanhem os lançamentos do mercado, não se desfazem dos antigos e acabam acumulando uma pequena coleção. Outros vão além e decidem resgatar a história dos consoles, transformando sua casa em um verdadeiro museu. É o caso do jornalista Cleidson Lima, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Com 40 anos de idade e há cinco como colecionador, ele reúne um acervo com mais de 150 videogames, entre consoles e portáteis de todas as épocas e gerações.
A coleção conta também com outros consoles bastante raros, como o Microvision, de 1979 (primeiro videogame portátil a usar cartucho), o Atari Pong, de 1976 (primeiro console lançado pela Atari), o Fairchild Channel F, de 1976 (primeiro videogame a usar cartuchos), o Nintendo Virtual Boy, de 1995 (considerado o primeiro videogame 3D do mundo), o Vectrex (console que trazia imagens vetoriais e já vinha com o monitor acomplado) ou o quase desconhecido Action Max, de 1987, que necessitava de um videocassete para rodar seus jogos em fitas.
Além das raridades, a coleção apresenta dezenas de consoles que foram campeões de vendas durante décadas e hoje estão na lembrança de muitos jogadores. Na lista estão clássicos como o Telejogo Philco Ford, de 1977 (primeiro videogame fabricado no Brasil), o Atari 2600 (1977), o Nintendinho 8 bits (1985), o Sega Master System (1985) e o Mega Drive (1988).
Manter os mais de 150 videogames não é tarefa fácil. De acordo com Cleidson Lima, umidade, calor e poeira são inimigos poderosos de qualquer eletrônico. Por isso, ele sempre faz um “rodízio” para jogar em cada um dos consoles e ter certeza de sque ainda funcionam. “Se houver algum problema, encaminho logo para o Charles, um técnico em eletrônica da cidade que se especializou em videogames antigos”, revela.
MUSEU Para Cleidson Lima, a coleção não tem preço, e seu objetivo é criar o primeiro museu do videogame no país, para que crianças e jovens possam conhecer os ancestrais do Xbox Kinect, Wii U e PS Vita. Enquanto o sonho não se concretiza, uma vez por ano ele promove o Campo Grande Game Show, um evento gratuito, realizado em um shopping da cidade, no qual os visitantes têm a oportunidade de conhecer a coleção e de jogar clássicos dos anos 80 e 90. Eles participam ainda de campeonatos de futebol digital, aprendem conceitos básicos de desenvolvimento de games em oficinas gratuitas, disputam corridas em simuladores e concursos de cosplayers.
A terceira edição do evento já começou e vai até 24 de fevereiro, no shopping Norte Sul Plaza, em Campo Grande. O colecionador pretende este ano criar o Museu do Videogame Itinerante e levá-lo a shoppings de outros estados. “Recebemos centenas de pedidos de todo o Brasil, de pessoas que gostariam de ver uma coleção tão diversificada e também aprender mais sobre esse rico mercado de desenvolvimento de jogos eletrônicos”, enfatiza.
Paralelamente, Cleidson Lima prevê lançar ainda este ano o Almanaque do videogame – O guia do colecionador, um trabalho de pesquisa de três anos, que resultará em mais de 300 páginas de textos e fotos de consoles lançados no mundo inteiro nas últimas quatro décadas. Mesmo incompleto, o livro já tem mais de 400 consoles relacionados.