É natural que os videogames preferidos dos 60 milhões de brasileiros que têm um console em casa, segundo pesquisa Ibope, sejam os modelos atuais: PS2 é o mais popular, seguido do Xbox 360° e Playstation 3. Além dos campeões de vendas, há também muita procura pelo Nintendo Wii e por portáteis como o PS Vita e o Nintendo 3DS. No entanto, há jogadores que, embora acompanhem os lançamentos do mercado, não se desfazem dos antigos e acabam acumulando uma pequena coleção. Outros vão além e decidem resgatar a história dos consoles, transformando sua casa em um verdadeiro museu. É o caso do jornalista Cleidson Lima, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Com 40 anos de idade e há cinco como colecionador, ele reúne um acervo com mais de 150 videogames, entre consoles e portáteis de todas as épocas e gerações.
A coleção é de respeito. Entre os itens raros destaca-se o primeiro videogame doméstico do mundo: o Magnavox Odyssey, lançado em 1972, nos Estados Unidos. “Esse console foi criado pelo engenheiro Ralph Baer, hoje com 90 anos. Ele não tinha som, só gerava imagens em preto e branco, os jogos não passavam de riscos e quadradinhos e trazia folhas de plástico (overlays) que deveriam ser colocadas no tubo de imagem da TV para dar impressão de um ambiente gráfico. Mesmo com todas as limitações, esse equipamento foi que inaugurou o mercado de videogames, que em 2012, quarenta anos depois, movimentaria US$ 68 bilhões em todo o mundo”, explica Cleidson Lima.
A coleção conta também com outros consoles bastante raros, como o Microvision, de 1979 (primeiro videogame portátil a usar cartucho), o Atari Pong, de 1976 (primeiro console lançado pela Atari), o Fairchild Channel F, de 1976 (primeiro videogame a usar cartuchos), o Nintendo Virtual Boy, de 1995 (considerado o primeiro videogame 3D do mundo), o Vectrex (console que trazia imagens vetoriais e já vinha com o monitor acomplado) ou o quase desconhecido Action Max, de 1987, que necessitava de um videocassete para rodar seus jogos em fitas.
Além das raridades, a coleção apresenta dezenas de consoles que foram campeões de vendas durante décadas e hoje estão na lembrança de muitos jogadores. Na lista estão clássicos como o Telejogo Philco Ford, de 1977 (primeiro videogame fabricado no Brasil), o Atari 2600 (1977), o Nintendinho 8 bits (1985), o Sega Master System (1985) e o Mega Drive (1988).
Manter os mais de 150 videogames não é tarefa fácil. De acordo com Cleidson Lima, umidade, calor e poeira são inimigos poderosos de qualquer eletrônico. Por isso, ele sempre faz um “rodízio” para jogar em cada um dos consoles e ter certeza de sque ainda funcionam. “Se houver algum problema, encaminho logo para o Charles, um técnico em eletrônica da cidade que se especializou em videogames antigos”, revela.
MUSEU Para Cleidson Lima, a coleção não tem preço, e seu objetivo é criar o primeiro museu do videogame no país, para que crianças e jovens possam conhecer os ancestrais do Xbox Kinect, Wii U e PS Vita. Enquanto o sonho não se concretiza, uma vez por ano ele promove o Campo Grande Game Show, um evento gratuito, realizado em um shopping da cidade, no qual os visitantes têm a oportunidade de conhecer a coleção e de jogar clássicos dos anos 80 e 90. Eles participam ainda de campeonatos de futebol digital, aprendem conceitos básicos de desenvolvimento de games em oficinas gratuitas, disputam corridas em simuladores e concursos de cosplayers.
A terceira edição do evento já começou e vai até 24 de fevereiro, no shopping Norte Sul Plaza, em Campo Grande. O colecionador pretende este ano criar o Museu do Videogame Itinerante e levá-lo a shoppings de outros estados. “Recebemos centenas de pedidos de todo o Brasil, de pessoas que gostariam de ver uma coleção tão diversificada e também aprender mais sobre esse rico mercado de desenvolvimento de jogos eletrônicos”, enfatiza.
Paralelamente, Cleidson Lima prevê lançar ainda este ano o Almanaque do videogame – O guia do colecionador, um trabalho de pesquisa de três anos, que resultará em mais de 300 páginas de textos e fotos de consoles lançados no mundo inteiro nas últimas quatro décadas. Mesmo incompleto, o livro já tem mais de 400 consoles relacionados.