Paloma Oliveto
Um tradicional ingrediente da culinária e da medicina chinesa, o broto de feijão (Vigna radiata) também pode proteger contra a septicemia. Em um estudo publicado na revista Evidence-based Complementary and Alternative Medicine, cientistas do Instituto de Pesquisa Médica The Feinstein, de Nova York, constataram que a planta, usada na China desde 1050 d.C. para combater febre e desintoxicar o organismo, é capaz de inibir a produção de endotoxinas lançadas pela proteína HMGB1, que entra em ação durante processos inflamatórios. “Neutralizá-la protege contra a inflamação persistente e constante que resulta em danos aos tecidos e órgãos”, disse, em nota, Haichao Wang, principal autor do estudo.
De acordo com Wang, sabe-se que a HMBG1 media o processo inflamatório. “A inflamação é necessária para manter a boa saúde; sem inflamação, ferimentos e infecções nunca iriam sarar. Mas quando ela se torna constante, pode afetar tecidos e órgãos, levando a doenças como a septicemia. O resultado é que os órgãos, incluindo fígado, coração, pulmões, rins e cérebro, ficam danificados e, se esses danos forem excessivos, podem ser irreversíveis”, observa o médico. “Por isso, agentes terapêuticos capazes de inibir o lançamento da proteína podem ser um tratamento em potencial para doenças inflamatórias sistêmicas e letais.”
No estudo, os pesquisadores prepararam um extrato de broto de feijão e aplicaram oralmente em ratos nos quais o processo de choque séptico havia sido induzido. Exames mostraram que a planta reduziu os níveis das endotoxinas liberadas pela proteína HMGB1. A taxa de sobrevivência dos animais que beberam o composto foi de 70%, contra 20% registrados entre as cobaias do grupo de controle, que não receberam tratamento. Os cientistas também cultivaram células no disco Petri e testaram a capacidade inibitória do broto de feijão. Segundo eles, além da substâncias tóxicas resultantes da HMGB1, a planta conseguiu evitar o lançamento de diversas outras citocinas.
“Muitas ervas medicinais tradicionais têm sido transformadas em tratamentos efetivos para várias moléstias inflamatórias e, agora, validamos o potencial terapêutico de outro produto medicinal, o extrato de broto de feijão”, disse Wang. “Demonstrar que o extrato da planta tem um efeito positivo sobre ratos com septicemia indica que ele pode ser eficaz também no tratamento de humanos. Obviamente, estudos adicionais são necessários para provar a segurança e a eficácia do tratamento”, observou.