Aos dez meses, Isadora já começou a pronunciar suas primeiras palavras, como “mamã”, “papá” e “água”. Antes disso, aos seis, já batia palminhas, o que normalmente só aconteceria três meses depois. A mãe dela, a analista Cristina Mota Magrineli, até ligou para a pediatra, que coincidentemente fazia aniversário naquela data.
“Brinquei que ela estava dando parabéns à médica", diz Cristina. "Ela às vezes nos surpreende, mas temos a preocupação de acompanhar as fases de desenvolvimento de acordo com a orientação médica, sem fazer comparações e nem estimular de forma excessiva. Cada criança é única”, define Cristina.
De acordo com o médico Rafael Mantovani, endocrinologista pediátrico e membro da Divisão de Endocrinologia da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da UFMG, essa postura é a mais indicada.
“Existe uma preocupação exagerada, principalmente com o crescimento da criança. Há, inclusive, uma pressão da sociedade por padrões que incluem, além da magreza excessiva, a alta estatura. A altura também está na moda, e é alimentada por pesquisas do tipo 'profissionais mais altos têm salários melhores', aumentando a ansiedade das crianças e das famílias”, alerta o pediatra.
O médico explica que os marcos de desenvolvimento – os momentos em que a criança deve começar a engatinhar, firmar a cabeça, andar e falar, por exemplo – são muito bem dominados pelos especialistas, que devem ser as referências para os pais. “Observo que muitas mães ficam comparando seus filhos com outras crianças e ficam preocupadas, muitas vezes sem necessidade. Eu leio bastante em sites e revistas especializadas, mas sempre procuro a palavra da pediatra”, exemplifica Cristina. “Periodicamente, percebemos uma evolução na Isadora. Aos 4 meses, por exemplo, houve um salto – ela começou a interagir mais, percebeu a movimentação de nosso cachorrinho de estimação. Eu até anoto algumas coisas na minha agenda, porque estou fazendo um scrapbook - álbum de imagens e lembranças - para ela”, conta a mãe de primeira viagem.
Puberdade precoce
Alguns temas merecem um olhar mais atento, como a puberdade precoce. “Os pais têm muitas dúvidas em relação a isso. O acompanhamento frequente é muito importante, porque uma diferença muito grande entre os grupos de crianças e adolescentes pode causar um isolamento psicológico e o desinteresse em relação à convivência com os colegas”, explica Rafael.
Segundo o pediatra, se uma menina apresentar desenvolvimento mamário antes dos 8 anos e a primeira menstruação antes dos 9 e, no caso dos meninos, se houver um desenvolvimento maior dos órgão genitais (testículos, pênis, crescimento de pelos) antes dos 9 anos; este é um indicativo de avaliação médica. “Geralmente não se trata de um problema grave, mas, quando o acompanhamento é feito de forma regular e os sinais são identificados em tempo, é possível indicar uma medicação para interromper o processo e a criança não terá prejuízos ao crescimento, por exemplo”, explica o pediatra.
Sinal de alerta
Outro sinal de alerta é uma queda na velocidade de crescimento. Os pais podem acompanhar o peso e estatura da criança no cartão da criança, disponível em centros de saúde e maternidades, ou em programas específicos, como o disponibilizado no site da OMS e do Governo Brasileiro.
“Com o preenchimento do gráfico, é possível notar, com clareza, se a curva de crescimento está dentro do esperado ou se houve uma queda. Em caso de alteração, é preciso investigar as causas”, explica o médico. Anemia, uso crônico de corticoides (classe de medicamentos que tem hormônio como origem e apresenta ação anti-inflamatória/antialérgica), quadros graves de asma e outros problemas crônicos estão entre as condições que podem levar a problemas de crescimento.
Fatores endocrinológicos, como o diabetes não tratado adequadamente, também podem interferir. “Mas se o controle metabólico estiver em dia, esse paciente tem grandes chances de apresentar crescimento semelhante ao de outras crianças da mesma idade”, explica o endocrinologista pediátrico.
Excesso
Rafael reforça, entretanto, que muitos pais chegam ao consultório já requisitando a prescrição do hormônio do crescimento. “É preciso muito cuidado para que a indicação não seja feita por questão apenas estética. Muitas vezes, as centenas de milhares de reais gastos nesse tratamento, por causa de alguns poucos centímetros, poderiam ser aplicadas na formação intelectual da criança e talvez até trazer mais frutos para a qualidade de vida e o futuro”, pondera o profissional.
A preocupação em excesso pode ainda passar, para a criança, a impressão de que ela tem uma doença. A prescrição indiscriminada do hormônio pode trazer uma expectativa de resposta na estatura que nem sempre se confirma. “Não há garantias e sempre é necessário avaliar se os benefícios da prescrição superam os riscos. Se a indicação não é imprescindível, o paciente pode estar sendo exposto a riscos desnecessários”, diz o endocrinologista pediátrico
O maior aliado para avaliação da estatura é o exame físico, acompanhado pela história clínica. Muitas vezes, o que dificulta o tratamento é que as crianças acima de um ou dois anos nem sempre têm acompanhamento frequente do pediatra. “Quando há um médico de confiança para avaliação, é possível identificar se uma criança, mesmo de baixa estatura, está com desenvolvimento normal, ou ainda se houve alguma desaceleração de crescimento”, explica Mantovani.
“O apoio do pediatra é muito importante, inclusive antes do nascimento, e fico bem mais tranquila por ter acesso sempre que preciso. Tenho amigas que não têm essa facilidade e noto que elas ficam mais inseguras em relação ao desenvolvimento e à saúde do bebê ”, define Cristina.
“Brinquei que ela estava dando parabéns à médica", diz Cristina. "Ela às vezes nos surpreende, mas temos a preocupação de acompanhar as fases de desenvolvimento de acordo com a orientação médica, sem fazer comparações e nem estimular de forma excessiva. Cada criança é única”, define Cristina.
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De acordo com o médico Rafael Mantovani, endocrinologista pediátrico e membro da Divisão de Endocrinologia da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da UFMG, essa postura é a mais indicada.
“Existe uma preocupação exagerada, principalmente com o crescimento da criança. Há, inclusive, uma pressão da sociedade por padrões que incluem, além da magreza excessiva, a alta estatura. A altura também está na moda, e é alimentada por pesquisas do tipo 'profissionais mais altos têm salários melhores', aumentando a ansiedade das crianças e das famílias”, alerta o pediatra.
O médico explica que os marcos de desenvolvimento – os momentos em que a criança deve começar a engatinhar, firmar a cabeça, andar e falar, por exemplo – são muito bem dominados pelos especialistas, que devem ser as referências para os pais. “Observo que muitas mães ficam comparando seus filhos com outras crianças e ficam preocupadas, muitas vezes sem necessidade. Eu leio bastante em sites e revistas especializadas, mas sempre procuro a palavra da pediatra”, exemplifica Cristina. “Periodicamente, percebemos uma evolução na Isadora. Aos 4 meses, por exemplo, houve um salto – ela começou a interagir mais, percebeu a movimentação de nosso cachorrinho de estimação. Eu até anoto algumas coisas na minha agenda, porque estou fazendo um scrapbook - álbum de imagens e lembranças - para ela”, conta a mãe de primeira viagem.
Puberdade precoce
Alguns temas merecem um olhar mais atento, como a puberdade precoce. “Os pais têm muitas dúvidas em relação a isso. O acompanhamento frequente é muito importante, porque uma diferença muito grande entre os grupos de crianças e adolescentes pode causar um isolamento psicológico e o desinteresse em relação à convivência com os colegas”, explica Rafael.
Segundo o pediatra, se uma menina apresentar desenvolvimento mamário antes dos 8 anos e a primeira menstruação antes dos 9 e, no caso dos meninos, se houver um desenvolvimento maior dos órgão genitais (testículos, pênis, crescimento de pelos) antes dos 9 anos; este é um indicativo de avaliação médica. “Geralmente não se trata de um problema grave, mas, quando o acompanhamento é feito de forma regular e os sinais são identificados em tempo, é possível indicar uma medicação para interromper o processo e a criança não terá prejuízos ao crescimento, por exemplo”, explica o pediatra.
Sinal de alerta
Outro sinal de alerta é uma queda na velocidade de crescimento. Os pais podem acompanhar o peso e estatura da criança no cartão da criança, disponível em centros de saúde e maternidades, ou em programas específicos, como o disponibilizado no site da OMS e do Governo Brasileiro.
“Com o preenchimento do gráfico, é possível notar, com clareza, se a curva de crescimento está dentro do esperado ou se houve uma queda. Em caso de alteração, é preciso investigar as causas”, explica o médico. Anemia, uso crônico de corticoides (classe de medicamentos que tem hormônio como origem e apresenta ação anti-inflamatória/antialérgica), quadros graves de asma e outros problemas crônicos estão entre as condições que podem levar a problemas de crescimento.
Fatores endocrinológicos, como o diabetes não tratado adequadamente, também podem interferir. “Mas se o controle metabólico estiver em dia, esse paciente tem grandes chances de apresentar crescimento semelhante ao de outras crianças da mesma idade”, explica o endocrinologista pediátrico.
Excesso
Rafael reforça, entretanto, que muitos pais chegam ao consultório já requisitando a prescrição do hormônio do crescimento. “É preciso muito cuidado para que a indicação não seja feita por questão apenas estética. Muitas vezes, as centenas de milhares de reais gastos nesse tratamento, por causa de alguns poucos centímetros, poderiam ser aplicadas na formação intelectual da criança e talvez até trazer mais frutos para a qualidade de vida e o futuro”, pondera o profissional.
A preocupação em excesso pode ainda passar, para a criança, a impressão de que ela tem uma doença. A prescrição indiscriminada do hormônio pode trazer uma expectativa de resposta na estatura que nem sempre se confirma. “Não há garantias e sempre é necessário avaliar se os benefícios da prescrição superam os riscos. Se a indicação não é imprescindível, o paciente pode estar sendo exposto a riscos desnecessários”, diz o endocrinologista pediátrico
O maior aliado para avaliação da estatura é o exame físico, acompanhado pela história clínica. Muitas vezes, o que dificulta o tratamento é que as crianças acima de um ou dois anos nem sempre têm acompanhamento frequente do pediatra. “Quando há um médico de confiança para avaliação, é possível identificar se uma criança, mesmo de baixa estatura, está com desenvolvimento normal, ou ainda se houve alguma desaceleração de crescimento”, explica Mantovani.
“O apoio do pediatra é muito importante, inclusive antes do nascimento, e fico bem mais tranquila por ter acesso sempre que preciso. Tenho amigas que não têm essa facilidade e noto que elas ficam mais inseguras em relação ao desenvolvimento e à saúde do bebê ”, define Cristina.