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Estado de Minas

Pesquisa avalia relação das mães com os computadores em cada etapa da vida

Tecnologia se mostra fundamental tanto na educação dos filhos quanto na dinâmica familiar


postado em 02/05/2013 06:00 / atualizado em 02/05/2013 11:55

Shirley Pacelli

Quando eles ainda estão na barriga, as mamães correm para a rede em busca de receitas para aliviar os incômodos próprios da gestação. Pequenos, eles viram bites de imagens para mostrar a toda a família como o queixo é do papai e os olhos da vovó. Já grandões e “aborrescentes”, pelo Whatsapp avisam à mãe que vão dormir na casa do amigo. A tecnologia está presente em cada etapa da maternidade, relação que foi tema de uma pesquisa realizada pela Intel no Brasil. Ela levantou dados sobre o papel do computador e demais itens de computação na vida da mulher brasileira em diversos estágios da sua vida: antes da gravidez, com filhos pequenos, com filhos adolescentes e já adultos.

O estudo qualitativo acompanhou o dia a dia de 12 famílias de São Paulo e do Recife das classes C e D. Concluiu-se que o computador pode funcionar desde ferramenta de suporte à renda familiar até elo de comunicação entre a família. Segundo Bárbara Toledo, gerente de Marketing Corporativo da Intel, a chamada “blogosfera materna” é uma tendência. “Será cada vez mais comum usar a internet para procurar na rede pessoas que têm o mesmo perfil que o seu para compartilhar experiências”, explica.

Para Maô Guimarães, gerente de Pesquisa da Intel, a família brasileira já está plenamente inserida na vida digital. “Mesmo nas casas onde ainda não há um computador, o acesso à internet em lan houses, telecentros, empregos ou casas de amigos e familiares já transformou o equipamento em ferramenta indispensável”, diz. Para as mães, o PC funciona como uma central de informação sobre a criação dos filhos, troca de experiências com a família ou círculo de amigos, e também como canal de educação e socialização dos filhos pequenos, a exemplo das experiências de Mariana, Luciana e Fernanda.

 

Na gravidez

Vida de gestante (vidadegestante.com.br)

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)
Em março de 2011 a psicóloga Mariana Sotero Bonnás, moradora de Uberlândia, de 28 anos, foi chamada para o emprego dos sonhos. Pouco antes de assinar contrato descobriu que estava grávida e, em um gesto de honestidade, resolveu contar isso para os empregadores. A decepção veio a seguir: a empresa desistiu de sua contratação. Deprimida e com tempo livre de sobra, Mariana criou o blog Vida de Gestante (vidadegestante.com.br), espaço virtual em que escrevia sinceridades sobre a gestação de Vítor, hoje com um ano e seis meses.


O intuito inicial era compartilhar cada momento da gravidez com os parentes que viviam em São Paulo, mas ela logo percebeu que pessoas fora do círculo familiar liam seus textos e faziam comentários. Mariana, então, resolveu ampliar o conteúdo: de simples posts em tons de diário ela passou a divulgar artigos informativos e a falar sobre assuntos que abrangiam a sua formação profissional. O sucesso do blog não demorou: são 5 mil acessos diários e ela garante que ganha quatro vezes mais com a página virtual do que receberia no “emprego do seus sonhos”. Banners e postagens sobre marcas e lojas que ela aprova são hoje o seu ganha-pão. “Só faço publicidade de produtos em que eu confio”, explica.


As leitoras mandam as próprias histórias e há um grupo de discussão no Facebook. Dessa forma, as mães compartilham informações. “Dia desses uma mãe disse que achava que o filho era sonâmbulo, porque acordava de madrugada e ficava brincando de olhos fechados no berço. Outra mulher disse que passou por isso e procurou um especialista, que resolveu o distúrbio do sono”, lembra, destacando que só não permite a divulgação de indicações de medicamentos.


Mariana conta que no início postava fotos do filho, porque era um blog pessoal despretensioso. Depois de tomar um susto ao encontrar fotos de Vítor publicadas em outros sites sem a sua permissão, ela resolveu não divulgar mais imagens do garoto. As que estão no Vida de Gestante ganharam marca d’água. Além disso, a psicóloga desativou a opção do clique do botão direito na página que permitia salvar rapidamente uma foto. Assim, caso queira pegar uma imagem, a pessoa terá que fazer um print da tela. 

 

Na infância
Mãe de Bia (maedebia.blogspot.com.br)

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)
Os antigos álbuns da gestante foram deixados de lado para dar lugar à blogosfera, prática e visível para um público bem maior. Foi por isso que a enfermeira Luciana Paola Magalhães, de 32 anos, resolveu criar o blog Mãe de Bia (maedebia.blogspot.com.br). “A blogosfera materna cresceu muito. É um ambiente a que a gente recorre para trocar experiência”, conta. Ela explica que quando o bebê nasce, sempre tem tias e avós para dar conselhos, mas elas tiveram filhos em épocas diferentes e tudo mudou muito. Na internet, cria-se uma rede de apoio das mães desta nova geração.

 

A página tem público pequeno, mas cativo, de 200 visitantes diários. A coluna de maior sucesso é “Na hora do aperto”, que ensina como lidar com doenças diversas, como asma alérgica. A mais acessada, até hoje, foi um texto sobre candidíase em bebês, algo mais raro de acontecer e que afetou a pequena Bia, de apenas dois anos. Decoração de festas, quarto e roupas de crianças também estão na lista dos assuntos preferidos. Luciana costuma convidar mães com experiências diferentes para escrever matérias para o blog, como uma que fez fertilização in vitro e uma que largou o emprego para cuidar do filho. Além de servir como filtro de informações para diversas mães de todo o país, o blog é um canal para os parentes que moram em outra cidade acompanharem o crescimento da menina. 

 

Na adolescência
Na pracinha (napracinha.com.br)

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Fernanda Motta, de 39 anos, é professora de comunicação e marketing e enfrenta um grande desafio: lidar com sua filha adolescente – Giovanna Motta, de 14. Fernanda foi convidada pelas criadores do blog Na Pracinha (napracinha.com.br) para compartilhar sua experiência nessa fase da maternidade. A página, idealizada por Miriam Barreto e Flávia Pellegrini, é um ponto de encontro virtual das famílias de Minas e reúne postagens de diversos colunistas. Motta conta que não chegou a fazer um blog sobre a gestação porque não era comum há 14 anos, mas chegou a seguir o Mothern.blogspot.com, uma das primeiras páginas a tratar do assunto, que virou série televisiva e livro.


As postagens da Fernanda são muito mais da vivência e relação com a filha do que uma análise profunda sobre a criação de adolescentes. Entre os posts com maior acesso estão o “Boa filhão”, que apela ao senso crítico dos pais que aprovam toda e qualquer ação dos jovens, e um sobre relacionamentos amorosos. Ela explica que esta geração de jovens é muito plugada, fica o dia todo conectada no smartphone, no notebok ou iPod. Fernanda sabe se aproveitar disso e, como trabalha fora, está sempre conversando com a filha no Whataspp ou Facebook.


Fora os programas que sempre fazem juntas, como ir ao cinema. “É uma época de muito afastamento e essa proximidade com ela faz toda a diferença”, explica. A tecnologia, para ela, é facilitadora, não é algo distante do seu universo. O fato de ser blogueira e estar nas redes sociais em que a filha tem conta faz com que a professora estreite a relação com a adolescente. Motta acredita que mais do que bloquear conteúdo, é preciso dialogar sobre ética e segurança na rede com os jovens. 

 

PCs x mães

Linha do tempo
Levantamento demonstra a capacidade de os computadores assumirem um papel crítico na vida das mães durante a criação dos filhos e o manejo da dinâmica familiar: 

1 - Mulheres jovens sem filhos
l Foco: estabilidade econômica
l Papel do computador: fonte de renda alternativa, fonte de informação e ferramenta de trabalho

2- Mães com filhos pequenos
l Foco: educação e socialização da criança
l Papel do computador: fonte de informação, ferramenta auxiliar na educação dos filhos, socialização com a família (avós, tios)

3- Mães com filhos adolescentes
l Foco: orientação dos jovens
l Papel do computador: educação dos filhos, vida social dos filhos, lazer fácil e barato

4- Mães com filhos adultos
l Foco: resgate de antigos sonhos
l Papel do computador: contato com os filhos, central de lazer e vida social, realização pessoal  

 


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