Jornal Estado de Minas

Boataria toma conta do Facebook com as manifestações populares

No calor das manifestações que se sucedem no país e Região Metropolitana de Belo Horizonte nunca se viu tanto buzz de informação nas redes sociais. Como separar o joio do trigo?

Shirley Pacelli Marlyana Tavares
Do dia 24 até ontem, às 11h, pouco antes do fechamento deste caderno e da manifestação marcada para as 12h, na Praça Sete, as mensagens postadas nas páginas #bhnasruas e #acordabh impactaram 127,3 mil pessoas. Foi o que mostrou pesquisa feita, a pedido do caderno Informatic@, ao Grupo Máquina/Brandviewer, o mesmo que analisou os principais efeitos das ondas de protestos nas redes sociais entre os dias 19 e 21, quando as manifestações estavam quentes em São Paulo, Rio, Brasília e ainda engatinhando em Belo Horizonte. Segundo Leandro Bortolassi, editor de conteúdo da pesquisa do grupo, o estudo é feito por um robô de busca. A equipe lança os termos e o software procura em todas as redes sociais. Depois é feita a análise dos dados. A ferramenta faz monitoramento só de perfis públicos, logo há muitas outras menções que não entraram na conta.
A pesquisa mostrou ainda que 70,4% das mensagens estão no Twitter e 29,6% no Facebook, e que as cidades mais impactadas são, além de Belo Horizonte, Contagem, Ribeirão das Neves e Nova Lima, embora no mesmo dia tenham ocorrido passeatas em São João del-Rei e Montes Claros. Por esses números, dá para entender a proporção que tomaram as manifestações nas ruas de todo o Brasil, convocadas, reportadas e replicadas por voluntários que recorrem a ferramentas tecnológicas nas redes sociais como principal estratégia de informação.

Se as convocações são feitas pela internet em ritmo crescente, os boatos se espalham na mesma proporção e fica difícil separar ficção de realidade. O sumiço de postagens e avisos de segurança do Facebook enviados para usuários que participam das manifestações são vistos por eles como censura ou até indício de espionagem de conteúdos em perfis. Além disso, fatos duvidosos replicados velozmente confundem quem acompanha as manifestações, gerando até uma espécie de paranoia.

No Brasil
A pesquisa nacional mostrou que os protestos impactaram 94 milhões de brasileiros só nas redes sociais. O total é maior do que o número de internautas no Brasil – 77 milhões, porque entrou na contagem pessoas que foram impactadas várias vezes ao longo desses dias. As hashtags mais usadas foram #vemprarua e #ogiganteacordou. A ferramenta detectou que praticamente todo o país, com exceção de alguma áreas na região Norte.