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Estado de Minas

Tecnologia é arma de ativistas para organizar e acompanhar manifestações

Um pequeno batalhão de voluntários alimenta redes sociais e canais de streaming que transmitem tudo em tempo real


postado em 27/06/2013 09:31 / atualizado em 27/06/2013 09:33

Eduardo Furbino é idealizador do 'No Movimento', página que oferece cadastro de profissionais voluntários que atuam como apoio aos manifestantes(foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Eduardo Furbino é idealizador do 'No Movimento', página que oferece cadastro de profissionais voluntários que atuam como apoio aos manifestantes (foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Cerca de 84 mil pessoas seguem a página BH nas Ruas (facebook.com/BHnasRuas) no Facebook. Com a grande audiência veio a maior responsabilidade do grupo de estudantes de comunicação social, com média de 21 anos de idade, que criaram a fan page informativa quando foi anunciada a segunda manifestação em Belo Horizonte, do dia 10. A equipe, que prefere não se identificar, é formada por 25 pessoas, entre administradores e criadores de conteúdo. Eles se revezam nas ruas de acordo com a disponibilidade de cada um por causa das aulas e estágios. Fora esse grupo, há pessoas que atuam como correspondentes.

A ideia surgiu de um estudante como forma de aproveitar a oportunidade para ganhar experiência por meio de uma cobertura colaborativa. “Uma cobertura feita por jovens que também estão nas ruas”, explica o grupo. O fluxo de informações na página criada ficou tão intenso que não foi possível só uma pessoa ler as informações, formular textos, colocar tags em fotos e postar. No fim do dia já eram oito gerindo o conteúdo e o grupo não parou mais de crescer. Na primeira manifestação que cobriram, a cada atualização surgiam 200 novos seguidores.

Nos dias de grandes protestos, o BH nas Ruas chegou a receber 500 mensagens, incluindo Facebook, Twitter e Gmail. Nos outros dias, esse número chega a 200 contribuições. E como checar as notícias diante de tantos boatos circulando na rede? Segundo o grupo, as informações são sempre verificadas com a equipe que está na rua. “Se eles afirmam que também presenciaram tal situação, acreditamos”, conta.

Há pessoas que relataram que membros adentraram em uma confusão só para confirmar se realmente a Polícia Militar estava atirando balas de borracha contra a população. Quando recebem declarações polêmicas que não podem ser confirmadas, eles preferem não divulgar. “Temos recebido muitas informações de gente desconhecida. Nesses casos, só publicamos se tiver foto ou vídeo para comprovação”. Por outro lado, assuntos específicos são orientados por médicos, advogados e órgãos responsáveis.

Quem foi aos protestos sentiu na pele a dificuldade de usar conexões 3G e, muitas vezes, até o sinal de operadoras para fazer ligações. O BH nas Ruas explica que vence esse obstáculo técnico recorrendo às mais variadas formas de contato virtual. Como a equipe é grande, se o 3G de um falha, o do outro funciona. SMS, Whatsapp, Facebook e e-mail também são usados. O grupo conta que todos os dias, no fim da noite, se reúne pelo Hangout, chat de vídeo do Google +, para discutir a repercussão das publicações e refletir sobre as manifestações.

“Temos consciência de nossa responsabilidade social e trabalhamos quase 24 horas por dia, sem receber um centavo, para ajudar na construção de um país mais democrático e de livre informação. A maioria de nós ou está trabalhando, estudando, ou está conectada. Quando não fazemos tudo junto”.

APOIO A ATIVISTAS Com o objetivo de fornecer auxílio aos manifestantes, surgiu o projeto No Movimento (nomovimento.com.br). O idealizador Eduardo Furbino, de 23 anos, graduando em ciências sociais com ênfase em ciência política da Universidade Federal de Minas Gerais, colocou o site no ar na madrugada do dia 15, durante tumultos em São Paulo. Ele faz o gerenciamento do portal com o universitário curitibano Pedro Souza. A página oferece galeria de fotos, manifestos, agenda das cidades e o mais importante: cadastro de advogados e voluntários, como médicos, para auxiliar os ativistas. O conteúdo é fruto de esforço coletivo. Por dia, o portal recebe cerca de 5 mil visitas.

Furbino acredita que a internet não é essencial para o movimento, mas se tornou indispensável por ser um meio de comunicação efetivo e barato, que proporciona uma rápida organização. Ao mesmo tempo, ele argumenta que na rede o controle policial é mais fácil. “Você disponibiliza fotos, tem sua rede de contatos lá”, ressalva. Para ele, as fan pages do Facebook funcionam como braços desses movimentos, garantem que as manifestações sejam realizadas. Como exemplo, ele lembra a página Habeas Corpus Movimento Passe Livre Manifestação 17/6 (https://on.fb.me/12PqWY9), que organiza informações necessárias para pedir habeas corpus a favor dos manifestantes presos nos protestos.

Protesto ao vivo 

 

Assim como o BH nas Ruas, a PósTV (postv.org), rede de streaming, tem feito um trabalho de projeção na cobertura on-line das manifestações na capital mineira. O projeto começou em junho de 2011, depois do sucesso das transmissões ao vivo das marchas da maconha e da Liberdade em São Paulo. Vários coletivos culturais, bandas e grupos fazem seus streamings por meio da página. Segundo o mineiro de Juiz de Fora Gian Lopes da Motta Martins, de 23 anos, graduado em comunicação e responsável pela PósTV em Minas, o objetivo é dar visibilidade para esses movimentos. “As ferramentas da web já estão todas disponíveis, além de como fazer”, explica.


Gian foi responsável por transmitir a última assembleia popular das manifestações, que reuniu cerca de mil pessoas sob o Viaduto Santa Tereza no domingo. Além disso, ele tem feito coberturas on-line de dentro das marchas. Durante as manifestações, explica, o sinal do 3G fica instável, mas a transmissão é feita assim mesmo. O plano 3G contratado é bom o suficiente para garantir uma estabilidade mínima para se ter uma taxa de upload satisfatória. Um truque válido para a bateria do celular não deixá-lo na mão é ligá-lo a um computador acondicionado na mochila.


Na reunião dos cidadãos ele utilizou o Hangout, além de filmadora e mesas de som. Mas nas ruas, com celular à mão, ele experimenta vários aplicativos, como o Twitcam, o Twitcast e o LiveStream (veja quadro). As transmissões têm audiência alta. As das últimas manifestações atingiram 9 mil pessoas em Belo Horizonte. Em São Paulo chegou a 15 mil e em Salvador a 10 mil. As pessoas, inclusive de fora do país, interagem com a PósTV por meio do Twitter.


Martins também fez cobertura voluntária, para a Mídia Ninja (https://on.fb.me/11HdKwY), que, segundo ele, consegue traduzir a narrativa da rua. No protesto de sábado, havia cinco pessoas na equipe, entre fotógrafos, base da rede para dar suporte e pessoas responsáveis pelo streaming. Quem quiser participar pode entrar em contato com o grupo por e-mail (midianinja@gmail.com).

 

 

LOUCOS POR APPS!
Experimente três aplicativos de transmissão on-line:

Twitcam
Permite enviar vídeos ao vivo por meio de uma câmera conectada ao seu computador. O serviço é vinculado ao Twitter. Os usuários do microblog podem comentar sobre a transmissão tuitando.
twitcam.livestream.com

Twitcasting
Serviço para transmissão de vídeo ao vivo a partir de dispositivos Android ou iOS. Você pode compartilhar o streaming com seus seguidores no Twitter.
pt.twitcasting.tv

LiveStream
É uma plataforma de streaming de vídeo que permite aos seus usuários assistir e transmitir conteúdo utilizando uma câmera e um computador ligado à internet. Tem versão para dispositivos móveis.
new.livestream.com


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