Mapas são representações visuais de uma região. Essa é a definição mais objetiva e simples que se pode encontrar, principalmente dos documentos que fazem, numa superfície plana, representações do espaço terrestre. Afinal, eles existem desde a antiguidade e fazem parte do nosso cotidiano desde a infância. Hoje integram o cotidiano das pessoas de diferentes maneiras: mapa de ruas para se localizar num grande centro; tecnologias como os variados Global Position Systems (GPSs) que possibilitam aos motoristas viajar e se locomover com facilidade por lugares nunca antes visitados; ou então ver a janela de casa por meio do Google Maps.
Fato é que a evolução da tecnologia permitiu avanços impressionantes na cartografia, a ciência que trata da criação, utilização e estudos dos mapas. Exemplo positivo nesse sentido é um projeto inovador realizado por uma empresa e uma universidade do interior de São Paulo. Durante quatro anos, o engenheiro cartógrafo carioca Roberto da Silva Ruy realizou na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente, uma pesquisa de doutoramento que permitiu a criação de um sistema próprio de aerolevantamento digital, o Sistema Aerotransportado de Aquisição e Pós-processamento de Imagens digitais (Saapi).
O projeto havia sido submetido pela Engemap, empresa em Assis (SP), que atua há 15 anos nas áreas de mapeamento e cartografia, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), como projeto de inovação tecnológica, tendo sido desenvolvido de 2005 a 2007. Uma vez finalizada a tese de doutorado de Roberto Ruy, intitulada, “Desenvolvimento e validação geométrica de um sistema para mapeamento com câmeras digitais de médio formato”, a empresa passou a atuar na área de aerolevantamento digital.
A consequência desse trabalho, em 2010, foi a criação da Sensormap Geotecnologias, como spin off da Engemap para atuar em projetos de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico. “Como evolução do processo de pesquisa e inovação, desenvolvemos hoje projetos com veículos aéreos não-tripulados (Vant’s) e sistema de mapeamento móvel em veículos terrestres, para projetos rodoviários, ferroviários e urbanos”, complementa Ruy.
Segundo ele, as empresas do gênero, de uma maneira geral, adquirem câmeras que vêm da Alemanha ou dos Estados Unidos. “Nós integramos os sensores e montamos nosso próprio sistema de câmera e hoje podemos replicar o sistema de coleta de imagens em quantos aviões quisermos”, afirma. Além disso, o custo ficou muito menor, quando comparado aos sistemas importados. “Os equipamentos importados são muito caros e há também os impostos de importação que são cobrados no Brasil – cerca de 60% do valor do equipamento –, que deixam as máquinas ainda mais caras”, acrescenta.
Os mapas superdetalhados, produto criado pelo cartógrafo, atendem a áreas muito diversas: de concessionárias de rodovias, governos nos âmbitos federal, estadual e municipal, a empresas nas áreas de mineração e agricultura. Os rodoviários, ele comenta, são os que têm aplicação mais forte. “A partir de uma aeronave (geralmente um bimotor), você tira fotos áreas, que já foram cotizadas. Além da câmera, contamos com vários sensores. As fotos são depois processadas e feitos cálculos matemáticos, que acabam gerando os produtos.”
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Mapa colaborativo dá visibilidade ao verde perdido por Belo HorizonteMapa digital ajuda conselheiros da infância e juventude a fazer diagnóstico sobre realidade localO mesmo trabalho pode ser estendido para mapeamento de ferrovias e parques eólicos (para estudar o posicionamento das torres que geram energia elétrica). O tempo de duração do mapeamento vai levar em consideração o tamanho da área a ser detalhada. Um mapeamento estadual pode levar até três anos; um de menor porte, em geral de três a cinco meses. Além do engenheiro cartógrafo responsável, um projeto de aerolevantamento digital inclui geógrafos, técnicos em cartografia, em processamento de dados e topógrafos.