Shirley Pacelli
Por trás do Desmaterialize-se está o engenheiro ambiental Henrique Ferreira Ribeiro. O grupo foi criado com o objetivo de se tornar uma ferramenta de encontro entre pessoas que quisessem doar artigos que não tivessem mais utilidade e aquelas que precisassem deles. O crescimento foi muito rápido – em apenas nove meses já agrega cerca de 9 mil pessoas, inclusive de outros estados.
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Consumo colaborativo pode se transformar numa forma criativa de negócioEscambo virtual incentiva a prática do desapegoGrupo no Facebook discute o consumismo e incentiva a doaçãoLevantamento mostra efeito dos comentários positivos nas redes sociais Grupos, sites e até aplicativo reforçam a cultura do escamboTelevisão, computador, roupa, objetos pessoais, como brinco e mochilas, estão na lista de objetos oferecidos. Há ainda muitos animais, como gatos e cachorros. Pedir nos posts, para ele, não é problema. “É uma coisa que nunca quis proibir, porque às vezes quem pede lembra outra pessoa que ela tem aquilo disponível”. Muitas pessoas pedem, por exemplo, fones de ouvido e carregadores de celulares antigos e são rapidamente atendidas. Enxoval de bebês também é pedido recorrente.
Ribeiro conta que a interatividade no grupo é muito boa e a própria comunidade costuma gerir os posts. Ele já excluiu alguns membros, porque eles queriam absolutamente tudo o que era anunciado e isso gerava a suspeita de revenda. Hoje, a comunidade é fechada e é preciso que o moderador aprove sua entrada e a publicação inicial. “Tem muito post que não tem nada a ver, como ‘Ganhe dinheiro com internet, telexfree”, esclarece.
Somos todos gratos
Doe e leve o que quiser, ou nada. Essa é a lógica da Feira da Gratidão (https://on.fb.me/16fhxaO), evento organizado e divulgado unicamente pelo Facebook e que teve sua terceira edição realizada na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, no sábado. A estudante de gestão pública Camila Souza do Amaral, de 21 anos, conta que o evento foi inspirado na Gratiferia, realizada na feira de Tristan Narvaja, em Montevidéu (Uruguai). Uma amiga carioca trouxe a ideia para o Rio de Janeiro e ela resolveu implantar também em BH.
A primeira edição foi na Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste, em março deste ano, e recebeu centenas de pessoas ao longo do dia. “Foi muito bom. Todo mundo entendeu o espírito da feira”, diz Camila. E qual seria esse espírito? De acordo com ela, é acabar com o consumismo. Não é caridade e não envolve nenhum comércio. É para levar e pegar o que quiser. Só quando se encerra a feira é que os artigos que sobraram são doados para alguma instituição.
Além de livros, roupas e brinquedos, há quem leve cadeiras especiais e ofereça massagens. Um grupo, munido de máquinas de escrever, escrevia cartas a pedido. Mudinhas de plantas eram trocadas por sonhos descritos em pedaços de papel que enchiam potes. Brigadeiros e brinquedos ficaram à disposição. E várias apresentações culturais ocuparam o espaço. Betim, Contagem e Ribeirão das Neves também já fizeram suas edições.