Jornal Estado de Minas

Novos iPhones: cores e polêmica de sobra com lançamento da Apple

Novo topo de linha da marca, 5S é equipado com controvertido leitor biométrico

Geórgea Choucair

O novo iPhone 5C tem a carcaça feita em policarbonato em cores vibrantes e preço mais acessível, de olho na concorrência nos mercados emergentes - Foto: (AFP PHOTO/GLENN CHAPMAN)
Privacidade ou maior exposição? No momento em que se discute a segurança dos dados oferecidos pelos smartphones, a Apple coloca no mercado um aparelho que usa a impressão digital para destravar a tela. O iPhone 5S, topo de linha da marca, lançado ontem, traz um leitor biométrico para liberar o uso com as impressões digitais. A empresa apresentou também o modelo 5C, que terá cinco cores e preço a partir de US$ 99 dólares (se comprado com um contrato de operadora de telefonia). O 5S, mais caro, também aparece em três cores – cinza, prata e dourado – e com melhorias na velocidade do processador e nas funcionalidades do software iOS7 . O presidente-executivo da companhia, Tim Cook, abriu a apresentação dos novos modelos em evento na sede da empresa em Cupertino, Estados Unidos.

O telefone mais barato será vendido online a partir de sexta-feira, enquanto o dispositivo mais caro pode ser pré-encomendado em 20 de setembro. Pela primeira vez, ele irá à venda na China ao mesmo tempo que nos Estados Unidos, um movimento esperado para restringir severamente o mercado negro de celulares contrabandeados na segunda economia do mundo. Desbloqueado, o modelo topo de linha com 16GB de armazenamento custará o mesmo que o iPhone 5C com 32GB: US$ 649.

- Foto: REUTERS/Jason LeeCom a paleta de cores mais ampla e o preço mais baixo do iPhone, a mais valiosa companhia de tecnologia do mundo está tentando correr atrás de concorrentes como a Samsung Electronics e a Huawei Technologies em países como Índia e China, onde está perdendo terreno. O mercado reagiu mal às novidades e as ações da empresa fecharam em queda de 2,28% ontem, cotadas a US$ 494,64. As perdas do dia ficaram mais acentuadas justamente depois do evento que lançou os novos aparelhos.O anúncio do 5C resultou em provocações da concorrente Nokia na internet. Pelo Twitter, a marca finlandesa brincou que "a imitação é a melhor forma de elogiar". Isso porque as cores do 5C são parecidas com a dos Windows Phone.

Uma questão chave é se a Apple venderá o iPhone 5C, mais barato, também em mercados mais maduros, como Europa ou Estados Unidos, canibalizando vendas do 5S, seu principal modelo. Globalmente, o mercado para celulares inteligentes mais baratos, com preço de cerca de US$ 300, pode crescer para 900 milhões de unidades até 2015, estimou o analista da Bernstein Research, Toni Sacconaghi. Assumindo que a Apple costuma capturar apenas 10% desse mercado, o 5C traria receita anual de US$ 30 bilhões para a companhia.

Outra grande polêmica em torno do novo produto topo de linha da Apple gira em torno do scanner de digital. "É o fim completo da privacidade. As empresas tendem a ter cada vez mais informações pessoais do cliente. Agora, além de saber dos contatos, localização e foto, vão ter ainda o mapa das impressões digitais da pessoa", ressalta José Lúcio Balbi de Mello, especialista em tecnologia e diretor da LedCorp, empresa especializada em mobilidade e inteligência corporativa. Alguns smartphones, lembra, só realizam 100% das operações se o usuário tiver uma senha do gmail.

Na avaliação do especialista, a biometria nos aparelhos traz mais desvantagens do que vantagens. "Ter um leitor biométrico só para substituir a senha não faz sentido. O ganho vai ser uma agilidade mínima. É muita informação pessoal para um benefício pequeno", ressalta. Ele afirma que a impressão digital também pode ser reconstruída através das informações da carteira de identidade. "É por isso que os bancos pedem cartões com chip, além do leitor biométrico", observa.
- Foto: AFP PHOTO/GLENN CHAPMAN
Preço Alto

Em relação aos outros atributos do Iphone 5S, Mello lembra que a Aplle oferece o melhor touchscreen do mercado, mas os aparelhos costumam chegar ao Brasil com custo muito elevado em relação ao benefício. "O valor no Brasil é fora da realidade. É preço de produto de luxo", diz.

Wallace Oliveira, sócio da empresa de informática Bit Zero, é um consumidor voraz de tecnologia e já colocou seu Iphone 5 à venda (por R$ 1,8 mil) de olho no novo modelo da Apple, que ainda não tem previsão de chegada ao Brasil. "Prefiro ter um telefone que processe melhor os dados, as atividades do dia a dia. Além disso, vai ter uma câmera melhor, que uso muito nos meus momentos de lazer", diz. Oliveira afirma não se importar em gravar sua impressão digital para operar o aparelho. "Acho que dá mais segurança. Eu costumo não usar a senha, pela comodidade", afirma. (Com agências)