Belo Horizonte quer entrar definitivamente no universo digital e pretende, em três anos, triplicar os pontos de acesso livre à internet, chamados de hotspots, nas praças, parques, prédios públicos, além de vilas e favelas. A meta da Empresa de Informática e Informação do Município (Prodabel) é pular dos atuais 52 espaços para 151 até 2016 e se firmar definitivamente como uma cidade digital. Mais que ampliar o uso, o município terá o desafio de melhorar a qualidade do serviço e trazer usuários para a rede. Numa cidade com 2,3 milhões de habitantes, os hotspots de BH acumulam desde a sua criação, em 2005, apenas 187,7 mil acessos. Os internautas enfrentam dificuldade da pouca informação sobre a localização dos pontos de internet, além de entraves como a instabilidade da rede em alguns pontos.
Isso pode ocorrer debaixo da árvore, como no Parque Serra do Curral, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul. “O Wi-Fi só funciona bem naquele banquinho debaixo daquela árvore”, disse um funcionário da área verde. No vizinho Parque das Mangabeiras, onde o sinal é instável, o tempo de internet veloz passou. “Durante a Copa das Confederações estava bem rápido, porque tinha um ponto de wireless dentro de um caminhão que ficou aqui, mas depois voltou a piorar”, contou o vigia.
Apesar do ambiente aberto, sem barreiras ao sinal, a internet wireless não funcionou na Praça do Papa. Bem que a terapeuta ocupacional Taís Rodrigues do Nascimento, de 25 anos, e o marido, o vendedor Último Rangel, de 38, tentaram. “Infelizmente, não deu para conectar de jeito nenhum”, lamenta Taís, que foi informada pela reportagem da existência dos pontos de acesso gratuito à internet pela prefeitura. “O wi-fi costuma ter velocidade melhor e você ainda poupa o pacote do plano 3G do celular”, diz a terapeuta.
A Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste, foi a de melhor desempenho, com conexão rápida e boa cobertura na área verde. A internet wireless dos prédios públicos testados – rodoviária e o Palácio das Artes, no Centro, e a Casa do Baile, na orla da Lagoa da Pampulha – tiveram bom desempenho. Quem passa pelo terminal rodoviário de BH pode, além de navegar na internet sem fio, recarregar a bateria do computador ou celular. Uma operadora de telefone montou no meio do saguão uma central de tomadas.
Insegurança
No teste da internet, a rodoviária foi aprovada, oferecendo sinal com boa velocidade. Morador de Montes Claros, no Norte de Minas, o topógrafo Roberval de Oliveira perdeu o ônibus de BH para Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, e aproveitou para mandar um e-mail para o trabalho informando o atraso. Sempre que está na rodoviária, costuma esperar ônibus navegando pela internet. “Já até baixei filme para assistir aqui. Tem dia que está mais lento, mas funciona bem”, diz.
Mas navegar pela internet em espaços públicos não é apenas uma questão de tecnologia. A falta de segurança também torna a tarefa quase impossível, como nas praças Sete e da Estação, ambas no Hipercentro. Na Praça da Estação, o wireless funcionou somente próximo à Rua da Bahia, numa região bastante movimentada em que olhar para qualquer pessoa com um laptop ao colo já rende provocações. “Está achando que vou te roubar, é?”, perguntou um rapaz que passava.
Falta de sinalização dos pontos
Setenta praças, 50 vilas e favelas, além de 17 prédios públicos, serão pontos de acesso gratuito à internet (hotspots) até 2016 em Belo Horizonte, que sustenta hoje o terceiro lugar no ranking de cidades digitais da Fundação CPqD, instituição independente especializada em tecnologia. Focada na expansão do sistema, a Empresa de Informática e Informação do Município (Prodabel) afirma que a dificuldade de acesso no teste feito pelo Estado de Minas foi “momentânea”, mas reconhece limitação da área de abrangência do sinal e falta de sinalização dos pontos.
“Os hotspots da prefeitura não são operadoras de internet e a cobertura está restrita a um raio de 30 a 70 metros. Estamos fazendo o design das placas para informar os locais de acesso”, afirma o diretor de rede da Prodabel, Francisco Mansilha. Ele explicou que a rede implantada em BH usa tanto o sistema de rádio quanto de fibra ótica, mas não soube informar o porquê dos problemas encontrados pela reportagem. “A dificuldade pode ter sido momentânea”, disse.
Ampliação
Além dos novos pontos, a Prodabel promete ampliar a cobertura em 13 hotspots existentes, a partir de um convênio com o governo do estado. “Hoje é possível fazer de 20 a 30 acessos por vez e até o fim do ano esse número vai para 100 chamadas”, afirma. Já no ano que vem, a cidade contará com novos hotspots nas praças da Bandeira, JK, da Savassi, da Igreja da Pampulha, no Museu Abílio Barreto e no Mirante dos Mangabeiras. Mansilha afirma que os demais pontos serão implantados conforme a indicação das nove administrações regionais da prefeitura. (FA)
Acesso exige cuidado com segurança
Alguns cuidados básicos são importantes ao acessar as redes Wi-Fi (Wireless Fidelity) sem que isso represente risco. Dados transmitidos via wireless podem ser roubados por pessoas que usam a mesma rede. De acordo com Erik de Britto e Silva, consultor em tecnologia da informação, a primeira medida de segurança é sempre acessar redes protegidas por senha. “O usuário não deve entrar em redes abertas, pois não devem ter nenhum protocolo de segurança. Uma outra pessoa pode estar anotando tudo que se passa na sua tela, todos os sites e informações”, alerta.
É preciso também verificar o protocolo usado pela rede wireless. Essa informação pode ser verificada nas configurações da conexão, assim que celular ou computador identifica as redes sem fio acessíveis. O mais antigo deles e considerado bastante frágil é o WEP (Wired Equivalent Privacy) e deve ser evitado. O WPA (Wi-Fi Protected Access) foi o sucessor do WEP, desenvolvido na tentativa de sanar problemas do WEP. O WPA-2 (Wi-Fi) é o mais comum deles e também o recomendado, por oferecer mecanismos de criptografia mais forte.
Senhas
Os dados transmitidos pela internet são codificados e um possível invasor terá dificuldade para acessar. “O protocolo WPA-2 oferece bastante segurança e não há problemas em relação ao usuário digitar senhas, entrar em sites de bancos”, afirma Erik. Uma vez conectado, o consultor explica que é possível navegar pela internet com conexões a partir de 1 mega de velocidade. Há sites capazes de medir a velocidade, além de aplicativos com essa finalidade para sistemas operacionais Android e IOS. (FA)
INTERNET GRÁTIS EM BH*
O QUE É
Qualquer pessoa com computador ou celular wi-fi pode acessar a internet gratuitamente e navegar por até três horas diárias. O acesso ao site da prefeitura
é por tempo ilimitado.
ONDE NAVEGAR
Atualmente, Belo Horizonte conta com 52 hotspots, pontos de acesso livre à internet. Eles estão presentes em oito praças, quatro parques, 17 prédios públicos e
23 vilas e favelas.
COMO ACESSAR
Basta clicar no ícone da conexão de internet no computador ou celular e procurar as redes sem fio. Conecte-se à BH Digital. Na primeira vez, será necessário preencher cadastro no site da prefeitura, com nome, CPF, endereço. Nesse momento, o usuário cria login e senha para acessar a rede wireless.
TESTE DA INTERNET
Bom sinal: Praça Floriano Peixoto, Casa do Baile, Rodoviária, Palácio das Artes
Sinal ruim: Praça do Papa
Sinal instável: Praça Sete, Parque das Mangabeiras, Parque Serra do Curral, Praça da Estação, Praça da Liberdade
Praças
Praça da Liberdade
Praça Sete
Praça da Assembleia
Praça da Estação
Praça Raul Soares
Praça do Papa
Praça Floriano Peixoto
Praça da Saúde
Parques
Parque daS Mangabeiras
Parque Ecológico da Pampulha
Parque Municipal
Parque Serra do Curral
Prédios públicos
Rodoviária
Centro de Cultura de Belo Horizonte
Centro de Referência Audiovisual
Centro de Recondicionamento de Computadores
Fundação Municipal de Cultura
Palácio das Artes
Zoológico
Arquivo Público
Sede BHTrans
Museu de Arte da Pampulha
BH Resolve
Centro de Apoio Comunitário Alto Vera Cruz
Expominas
Guarda Municipal BH
Defesa Civil
BH Desemprego
Casa do Baile
Novos pontos em 2014
Praça da Bandeira
Praça JK
Praça da Savassi
Museu Abílio Barreto
Praça da Igreja da Pampulha
Mirante dos Mangabeiras
*Ainda há outros 23 pontos em vilas e favelas de BH