Depois de um amplo trabalho de campo e de um bom tempo em desenvolvimento nas pranchetas e computadores de uma equipe especializada, Belo Horizonte já conta com o Guia do Bem, um trabalho cultural realizado pela empresa Equipe B Arquitetura, Design e Multimídias. A partir de agora, portanto, já é possível recorrer a um guia digitalizado para fazer uma pesquisa ou buscar satisfazer a curiosidade sobre bens culturais tombados da capital. Com simples cliques, você vai poder acessar fotos e informações sobre dezenas de locais, alguns deles já com imagens tridimensionais. Belo Horizonte passa, assim, a ser a primeira cidade a receber um trabalho desse porte, abrangência e importância na valorização do seu patrimônio histórico e arquitetônico.
Acesse o endereço virtual do Guia do Bem
Vida urbana e reconstruída
“A reunião dos bens da cidade nessa plataforma única constitui uma interessante e poderosa ferramenta para a gestão e divulgação de informações”, afirma o arquiteto urbanista Fernando Pacheco do Nascimento, diretor executivo da Equipe B. “Em um mapa virtual da cidade, todos podem agora ter acesso a fotografias e informações históricas dos edifícios catalogados, permitindo, por meio desses fragamentos preservados, a reconstrução da vida urbana belo-horizontina em diversos momento de sua história”, completa o também arquiteto e diretor de Inovação da empresa, Leandro dos Santos Magalhães.
O Guia do Bem, de acordo com os profissionais, é uma continuidade atualizada e digital do livro Guia de bens tombados de Belo Horizonte, publicado em 2006. “A obra foi uma importante iniciativa para a divulgação do patrimônio cultural e que se tornou um excelente instrumento de divulgação e educação patrimonial do município por reunir informações sobre cada edificação tombada. Foi um trabalho da arquiteta e restauradora Maria Ângela Reis de Castro”, revelam.
Leandro Magalhães conta que em 2008 a empresa fez um trabalho em 3D, a partir de fotos de edifícios, abordando os centros históricos das cidades de Belém, Salvador, São Luís e João Pessoa. “Reconstruímos virtualmente esses espaços trabalhando em cima de mais de 1,5 mil imagens”, explica. O trabalho acabou se tornando reconhecido nacionalmente e os inspirou, junto com o arquiteto Flávio de Lemos Carsalade, ex-presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e marido de Maria Ângela, a dar forma ao guia digital. “Eles tiveram, então, a função de identificar os bens, pois são doutores em patrimônio, e nós entramos com a tecnologia e expertise que temos em modelagem virtual para der forma ao projeto”, completa.
Recursos técnicos
Os arquitetos responsáveis pelo guia afirmam que a próxima etapa do trabalho será a transformação das fotos de todos os bens para imagens 3D. Segundo eles, com os recursos financeiros necessários, isso não será nenhum problema, uma vez que todas as fotos foram feitas com processos de fotogrametria (técnica de extrair das fotos a forma, as dimensões e a posição dos objetos nelas contidos), o que permite posteriormente a construção de imagens tridimensionais.
Leandro Magalhães revela ainda que, além de técnicas de fotogrametria, o trabalho envolve tecnologias de georreferenciamento de dados e bens com aplicativos de mapas do Google, junto à formação de um poderoso banco de dados de fotografias e informações. “Além disso, utilizamos um aplicativo desenvolvido por nossos programadores, o Phototracker, que consegue organizar todas as informações relativas a imagens no banco de dados e todos os padrões mais atuais para desenvolvimento web”, revela, complementando que o Guia do Bem já é também um projeto para 33 cidades do estado que fazem parte da Associação das Cidades Históricas Mineiras. “Em breve, todas elas também estarão integradas ao programa, com sites próprios e em links hospedados no atual endereço.”
O trabalho foi desenvolvido com recursos do Fundo Municipal de Cultura por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. “Vamos continuar tentando captar os investimentos necessários para o enriquecimento tecnológico do guia, quem sabe via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, que prevê à empresa patrocinadora um abatimento de 3% a 7% do ICMS devido.”
Navegação por destinos ou ícones
Conhecer os bens patrimoniais da capital virtualmente é muito fácil e interessante. Basta acessar o site do programa e começar uma rica navegação, que pode se tornar ainda um belo roteiro turístico urbano para os visitantes. O site poderá ser visitado também pelo celular, identificando os bens que estiverem mais próximos de si.
Logo que a página inicial do site se abre, o visitante tem à disposição um mapa de Belo Horizonte, com recursos de zoom e de movimentação para as quatro direções da tela (tipo mapas do Google), onde dezenas de ícones (aqueles que definem os estilos arquitetônicos) se espalham sobre ele. Você pode fazer uma pesquisa clicando sobre um ícone, selecionando uma região com todas as suas atrações ou simplesmente indo diretamente a um destino (edifício) pré-selecionado. Do lado direito da tela, ao alto, há uma janela de busca, que apresenta o item Conjunto, o qual oferece dezenas de opções para pesquisa. Exemplificando: se você selecionar na opção Lagoa da Pampulha e Adjacências e clicar em busca, o mapa reduzirá o campo de pesquisa apenas para aquela região.
Ainda como exemplo, pode-se então escolher uma visita à Igreja São Francisco de Assis (conhecida como Igrejinha da Pampulha). Clicando sobre o ícone que a representa, o internauta terá, então, uma outra janela na tela onde constam endereço e estilo da construção e poderá obter todas as informações relativas ao bem em Saiba Mais. As fotos referentes à construção também estarão disponíveis nessa área. Para o caso da Igrejinha da Pampulha, já há também imagens tridimensionais disponíveis. Por enquanto, além da igreja, apenas outros três endereços contam com fotos em 3D: a Casa do Baile, a Prefeitura de Belo Horizonte e o Cine Belas Artes.
Faça o passeio virtual pelos patrimônios históricos de Belo Horizonte