PARIS - A meta de limitar o aquecimento global a 2ºC será mais difícil de conseguir caso não sejam tomadas medidas necessárias em larga escala até 2030 para conter a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, informou o IPCC.
Os membros do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) mostram, em uma versão final de um relatório com publicação prevista para abril os diferentes cenários, segundo as médias tomadas para atenuar o aquecimento.
As medidas podem ser destinadas a reduzir as fontes de gases estufa (eficiência energética, taxação do carbono ou apoio às energias não fósseis, entre outros), ou a capturá-las (reflorestamento, captação de carbono das fábricas, etc.).
Os cientistas consideram que só os cenários que preveem uma concentração média de gases de efeito estufa entre 430 e 480 ppm (partes por milhão) em 2100 podem realmente limitar o aumento da temperatura média do planeta a 2ºC. Acima de 530 ppm, é improvável que se consiga.
Mas as emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera não param de aumentar (2,2% ao ano entre 2000 e 2010) e, se a tendência se mantiver, a concentração poderá alcançar as 450 ppm em 2030 e aumentar entre 750 e 1.300 ppm em 2100, segundo o IPCC.
"Limitar os níveis de concentração na atmosfera (dos gases de efeito estufa) a 530 ppm ou menos será um desafio mais difícil de alcançar e as opções de alcançá-lo serão mais reduzidas, se as medidas de redução de emissões forem adiadas para além de 2030", diz o texto.
Para permanecer no limite de 430-530 ppm, "a maioria dos cenários incluem que se tripliquem ou quadrupliquem as fontes de energia com pouco carbono, como as energias renováveis, a energia nuclear e a energia fóssil, junto com sistemas de captura de carbono", explicam.
Os estudos realizados demonstram que para limitar a concentração de 450 a 550 ppm ao custo mais baixo, a maioria dos investimentos deve ser feita nos países não pertencentes à Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE).