GENEBRA - A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) pretende construir um anel de 100 km de circunferência entre a França e a Suíça, destinado a acelerar partículas, segundo um comunicado publicado nesta quinta-feira em sua sede em Genebra.
Um estudo de factibilidade será iniciado na próxima semana. Diante dessa perspectiva, cem pesquisadores vindos de todo o mundo se reunirão de 11 a 13 de fevereiro na Universidade de Genebra para lançar este programa, que deve durar cinco anos.
Este futuro anel destina-se a substituir o LHC (sigla em inglês para o grande colisor de hádrons), o acelerador de partículas atual, que mede 27 km de circunferência. Este anel foi concebido nos anos 1980 para funcionar 25 anos depois.
O futuro anel, que teria uma circunferência de 80 km a 100 km, denominado FCC (Futuro Colisor Circular), poderia ter uma energia sem precedentes de 100 TeV (teraelétron-volts), em comparação com 14 TeV para o LHC.
Este estudo se somará ao iniciado há vários anos de um colisor linear compacto (CLIC), um acelerador retilíneo de 80 km que poderia também passar sob a Suíça e a França.
O objetivo desses dois estudos é examinar a factibilidade das diversas máquinas e avaliar os custos para 2018/2019, quando será atualizada a estratégia europeia sobre a questão.
A pesquisa sobre a física de partículas se torna cada vez mais planetária. Existe uma troca regular de informações entre Estados Unidos, Ásia e Europa no âmbito de um organismo mundial, o Comitê Internacional sobre os Futuros Aceleradores (ICFA).
Enquanto isso, está previsto manter o LHC em funcionamento por mais 20 anos. O dispositivo, que está inativo, será reativado em 2015.
"Por enquanto sabemos pouco sobre o bóson de Higgs, estamos buscando a matéria negra e a supersimetria. Só os próximos resultados do LHC poderão nos indicar as pistas das pesquisas do futuro e o tipo de acelerador mais adaptado", afirmou Sergio Bertolucci, diretor de pesquisas informáticas no CERN.
O bóson de Higgs, descoberta que rendeu em 2013 o Prêmio Nobel de Física ao britânico Peter Higgs e ao belga François Englert, é um elemento-chave da estrutura fundamental da matéria, conhecido como "a partícula de Deus".
Foi descoberto em 2012 pelo CERN graças aos trabalhos de Higgs e Englert.