Jornal Estado de Minas

Artista plástica cria acessórios usando o arco-íris eletrônico

Shirley Pacelli

  Artista plástica Naná Hayne no meio de suas telas: componentes eletrônicos viram matéria-prima - Foto: Arquivo pessoal

Há 11 anos, Naná Hayne perdeu o emprego como executiva de uma conta de telecom e informática. A maré não estava boa e enquanto tentava imprimir seu currículo o computador e a impressora pararam de funcionar. Ela reiniciou a máquina, plugou cada fio e nada! Em um ataque de fúria, Naná deu um puxão no cabo da impressora, que acabou se rompendo, revelando fios coloridos. “Os equipamentos são sempre clean: bege, preto e branco. Artista não pode ver cor. Peguei um estilete e abri o restante, me deparando com uma espécie de arco-íris. A coisa mais linda do mundo”, lembra. Dali surgiu sua primeira tela com lixo eletrônico.

O trabalho com marketing ficou para trás e deu lugar à Naná Hayne Arte (https://on.fb.me/1oIb4y2).

No início, Naná fazia só quadros e esculturas, mas começou a desenvolver peças com a Tecno Joias. Placas de circuito impresso, engrenagem de relógios, molas de drivers de CDs, disquetes, teclados, HDs, cabos de internet: tudo se transforma em anéis, gargantilhas, brincos e bolsas em suas mãos. “Abri um computador e fiquei embasbacada. Até hoje nunca consegui usar todas as peças de uma CPU nos meus trabalhos”, diz.

O público recebeu bem sua proposta. “Não é algo que as pessoas só me dão um tapinha nas costas e compram para ajudar. Via muito trabalho com garrafa PET que não compraria. As pessoas levam porque realmente querem usar”, ressalta. Há desde acessórios de R$ 30 até telas e esculturas de R$ 4 mil. Naná também fez decoração de quartos, lojas e home-offices utilizando lixo eletrônico e ministrou uma oficina no Centro Mineiro de Referência de Resíduos, em 2009. Nos próximos meses, ela deve inaugurar uma exposição de suas obras na cidade onde mora – Mairiporã, na Grande São Paulo.

Quando participou da primeira edição da Campus Party brasileira, em 2008, o então blogueiro e atual empreendedor da Boo-Box, Marco Gomes, descobriu sua oficina e atraiu os olhares dos campuseiros para a artista plástica. Os nerds ficaram admirados ao reconhecerem componentes dos computadores em pingentes e pedras de anéis.
Ela vendeu todas as peças que levou consigo no dia. “Entendi naquele momento que, com meu trabalho, poderia chamar a atenção dos jovens, os que geram mais lixo eletrônico hoje em dia. Muita gente não está a fim de ouvir um ‘ecochato’, mas, quando veem um trabalho assim, se apaixonam. É gerada uma consciência sobre o descarte desse material na natureza”, ressalta.

 

 

TUMBLR BEM-HUMORADO
Criado em 2013, o tumblr É sustentável, mas é horrível reúne algumas pérolas de criações com material reciclável. A garrafa PET predomina na lista de obras que os criadores – Aline Lima (@Lineehe) e Eduardo Araújo Silva (@Araujoeduardo) – julgam como de mau gosto. Na maioria dos casos, falta mesmo é um acabamento. Vale conferir as postagens bem-humoradas.
sustentavelhorrivel.tumblr.com

 

.