Desde que o Facebook comprou o WhatsApp por US$ 19 bilhões, em 19 de fevereiro, os usuários do aplicativo estão em pavorosa com medo de que Mark Zuckerberg faça mudanças drásticas na plataforma, e que com isso percam a privacidade. A rede social já anunciou que o WhatsApp continuará o mesmo – estratégia semelhante de quando adquiriram o Instagram, em 2012.
No blog oficial do aplicativo, Jan Koum, cofundador e executivo do WhatsApp, enviou uma mensagem para os usuários: “Eis o que muda para vocês, nossos usuários: nada. O WhatsApp continuará autônomo e operando independentemente. Você pode continuar a usufruir do serviço por uma pequena taxa. Você pode continuar usando o WhatsApp não importa em que lugar do mundo esteja ou qual smartphone estiver usando. E você pode contar com absolutamente nenhum anúncio interrompendo suas conversas. Não haveria uma parceria entre nossas empresas se tivéssemos que comprometer os princípios basilares que sempre definiram a nossa empresa, nossa visão e nosso produto”. No Facebook, Zuckerberg reforçou: “Ao longo dos próximos anos, trabalharemos duro para ajudar o WhatsApp a crescer e conectar o mundo inteiro”.
Mas os primeiros frutos dessa união já começam a aparecer e um deles foi num sábado, 22 de fevereiro, quando o aplicativo ficou fora do ar. Na terça-feira (25), mais um sinal: Jan Koum afirmou que “existe a chance de aumentar o valor da anuidade de US$ 0,99 (R$ 2,40)”, que é cobrada pelo uso do serviço de mensagens. Atualmente, o WhatsApp conta com mais de 465 milhões de usuários em todo o mundo – quando o Facebook anunciou a compra do programa, o app ganhou cerca de 10 milhões de novos adeptos.
Mark Zuckerberg afirmou que o WhatsApp ajudará sua empresa a complementar o serviço Facebook Messenger. Ele disse que o Messenger e o WhatsApp são complementares, já que o primeiro é utilizado pelos internautas para se comunicar com amigos cadastrados no Facebook e o segundo serve para comunicação com todos os contatos de uma pessoa, além de possibilitar a criação de grupos de conversa.
Concorrência
Durante o Mobile World Congress em Barcelona, em 25 de fevereiro, Jan Koum anunciou um novo serviço: chamadas gratuitas pela internet, que conectará usuários no mundo todo. A nova ferramenta concorrerá diretamente com aplicativos menores, como o Viber e Line, além do tradicional Skype.
De olho nos usuários do WhatsApp, o Viber lançou uma novidade para os brasileiros, logo em seguida ao anúncio de Jan. Liberou aos adeptos do app uma novidade: todos os usuários brasileiros poderão realizar ligações para telefones fixos de todo o país – com qualquer DDD – de forma ilimitada pelo Viber Out, sem pagar pelo serviço. “Queremos consolidar o Viber cada vez mais como um aplicativo completo, tanto de troca de mensagens quanto de chamadas”, explica Luiz Felipe Barros, country manager do Viber no Brasil. Em uma semana, o aplicativo gratuito registrou sete milhões de minutos de chamadas telefônicas realizadas pelo brasileiros. Ao mesmo tempo, a plataforma ganhou 1,5 milhão de downloads no país.
Daniel Carneiro baixou o Viber em 2012, quando morou em Israel. “Prefiro ele ao Skype, que sempre trava e não consigo falar direito. Converso sempre com amigos que moram fora”, conta. O estudante acredita que o WhatsApp vai ter que se esforçar para superar o concorrente na nova ferramenta. “O WhatsApp vai ter que apresentar uma melhoria muito grande ao Viber. As ligações são perfeitas e não travam”, ressalta Daniel. A plataforma, além de oferecer o serviço de chamadas, envia mensagens instantâneas gratuitamente, porém não faz tanto sucesso quanto o concorrente. “Uso o Viber só para conversar com meus amigos que estão fora. Acho o serviço de mensagens dele bem ruim. Boa parte dos meus contatos já tem o Viber e quase nenhum o usa para mensagem”, diz o estudante.
Privacidade
A compra do aplicativo pelo Facebook, desde que anunciada, foi Trending Topics (assunto mais comentado) no Twitter. Na maioria das mensagens, os internautas se preocupavam com a privacidade. “WhatsApp vendido para o Facebook. Byebye privacidade para mensagens grátis”, afirmou um usuário. Outro ‘tuítero’ ligou a compra com denúncia de espionagem dos Estados Unidos, dizendo: “Zuckerberg é dono do Facebook, Instagram e WhatsApp. Basicamente, ele tem mais Informações que a NSA”.
Enquanto uns acreditam na perda da privacidade, outros ironizavam a situação: “"Ai minha privacidade" – como se sua vida fosse super-relevante para o Facebook/Whatsapp”, brincou um dos usuários. O designer Tiago Gamaliel diz não se importar muito com o fato. Segundo ele, a privacidade nunca existiu no aplicativo. “Tenho uma opinião sobre isso. O WhatsApp, quando cobra, é US$ 1 por ano. Os caras ganham dinheiro de verdade é com a quantidade de dados que eles recolhem sobre quem usa, então privacidade mesmo nunca existiu”, afirma o designer. O WhatsApp nunca foi um modelo de segurança e privacidade. Protocolos de segurança fracos (ou até inexistentes) são comuns em sua história, ainda que não haja registros de grandes vazamentos.
Bons concorrentes
OK, não quer mais saber do WhatsApp? Existem outras plataformas que oferecem serviços semelhantes. Conheça alguns serviços mais famosos, como WeChat, Viber, Line, Telegram e ChatOn.
Telegram
O Telegram, de criação russa, está disponível para iOS e Android. O foco, segundo seus criadores, é a segurança – baseada na nuvem – e a confidencialidade dos dados de seus usuários e das mensagens enviadas. Além disso, como o aplicativo é baseado na nuvem, pode ser acessado por meio de smartphones, tablets e até mesmo computadores, além de aceitar o compartilhamento de qualquer tipo de arquivo.
Viber
A plataforma permite que seus usuários façam ligações, enviem mensagens de texto gratuitas, stickers, fotos e vídeos de forma ilimitada. Conta ainda com o Viber Out, que oferece chamadas de baixo custo para qualquer telefone do mundo. O aplicativo está disponível para sistemas operacionais iOS, Android, Windows Phone, BlackBerry e desktop (PC, Mac e Linux).
WeChat
Trata-se de um aplicativo chinês de conversação que funciona de forma semelhante ao WhatsApp, Viber e Line. Permite o envio e recebimento de mensagens de texto, fotos, vídeos e sons. Também podem ser feitos chats ao vivo, seja em voz ou em vídeo, e em grupo. Disponível para iOs, Android e WindowsPhone.
Line
É um serviço de troca de mensagens instantâneas para dispositivos móveis e computadores. De olho nos movimentos dos rivais, em breve será lançado um recurso que permitirá a realização de chamadas para telefones fixos e móveis. Para iOs e Android.