Jornal Estado de Minas

Doatorium e Sociact concorrem a vaga no programa de aceleração Seed

Doatorium incentiva a criação de uma consciência sócio-ambiental e a Sociact tem o objetivo de captar recursos para instituições sociais

Jorge Macedo - especial para o EM
Shirley Pacelli

José Carlos Júnior e a sócia Juliana Saldanha criaram o Doatorium, plataforma que permite doações e tem por objetivo criar uma consciência socio-ambiental na rede - Foto: TULIO SANTOS/EM/D.A PRESS

Vamos combinar: há sempre um objeto em casa encostado, sem uso, esquecido em um canto. Sair da inércia e doá-lo nem sempre é tarefa fácil. É preciso ir em busca de um interessado ou de uma instituição idônea para recebê-lo. Alguns grupos no Facebook promovem esse encontro, como o Reciclista, citado em matéria do Informátic@ em agosto do ano passado (https://bit.ly/NxFS62). O problema é que, por vezes, as doações se perdem no limbo de comentários e postagens. Infelizmente, o modelo de grupos do Face nem de longe arranha a excelente organização existente nas inesquecíveis comunidades do Orkut. Diante desse impasse surgiu a startup Doatorium (doatorium.com.br), plataforma de doações com 350 cadastrados até o momento. A iniciativa está concorrendo a uma das vagas na segunda rodada de aceleração do Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development, ou simplesmente Seed.


Autodenominando-se como sonhador e fundador da startup Doatorium, José Carlos Andradas Junior, de 34 anos, empreende desde os 14 anos de idade e já teve cinco empresas tecnológicas. Fazendo a manutenção da segurança eletrônica dentro das casas, ele sempre ouvia: “Zé Carlos, sabe quem está precisando de uma bicicleta?”. E, por outro lado, conhecia inúmeras pessoas precisando de alguma coisa. Assim, ele se debruçou sobre o projeto para conectar esses indivíduos.

O empreendedor diz que o objetivo da plataforma é criar uma consciência sócio-ambiental: “Em vez de entulhar, o indivíduo doa aquilo que não usa mais”. No site você posta aquilo de que quer se desfazer e aquele que se interessar pelo item fica encarregado de buscá-lo. Cabe ao doador escolher quem leva sua oferta. Assim que um usuário faz a solicitação do item que se está ofertando, é possível saber quem ele é, se já pediu três celulares e um sofá na semana etc. José Carlos ressalva que sua plataforma é exclusiva para doações. Caso queira vender, já existem sites como o Mercado Livre e o aplicativo Bondsy (bondsy.com), também para trocas.

A startup recebeu um investimento-anjo de R$ 20 mil em setembro de 2013. Em sua fase beta, a utilização é gratuita. A equipe estuda um modelo de negócios onde quem quiser adquirir algum item paga uma taxa de R$ 5 na primeira aquisição e obtém o direito de pegar o que quiser na semana seguinte.
Em breve, haverá algumas novas funções na plataforma: serão inseridos campos de busca de instituições para doações e locais corretos de descarte de diferentes materiais.

Marketing de causas

Para os sócios Bruno Sales Rabelo (C), Rafael Bandeira (E) e Giovanni Damásio (D), o objetivo da Sociact é captar recursos para instituições sociais - Foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS

Outra startup que promove o encontro de interesses é a Sociact (sociact.com), uma rede de publicidade que tem o objetivo de captar recursos para instituições sociais reconhecidas no Brasil e no mundo. “Gente querendo mudar o mundo não falta, mas boa parte das entidades não consegue recurso”, afirma Bruno Sales Rabelo, de 26, administrador e um dos sócios da startup.

A Sociact é uma empresa de tecnologia da informação responsável pelo desenvolvimento de um mecanismo pioneiro de adnetwork (rede que conecta sites e disponibiliza o inventário para comercialização de publicidade para agências e anunciantes). Além de potencializar o retorno de marketing, promove e viabiliza a continuidade de diferentes projetos sociais. A novidade será resguardada por direitos autorais da patente do código-fonte no Brasil, e nos Estados Unidos já foi dado início ao processo de patenteamento. O lançamento da plataforma pública está programado ainda para o primeiro semestre.

A ideia surgiu em 2010, a fim de captar recursos para instituições sociais – tentar fazer o bem, mas de uma forma escalável (crescer com escala). Em 2012, ela recebeu aporte de um investidor anjo. Hoje, a startup também está concorrendo a uma vaga do Seed e busca por novos investimentos. As empresas poderão comprar cliques ou páginas visualizadas.
A Sociact encontra os canais de divulgação. Um selo da startup será visualizado junto à propaganda, informando o internauta que parte do custo daquele anúncio será repassado para uma instituição. “Sabemos que boa parte das compras tem um vínculo emotivo. Assim, humanizamos a marca”, afirma Bruno.

Atualmente, há 290 mil organizações não governamentais no país. O processo mais rigoroso de certificação dessas entidades é para alcançar o título de utilidade pública federal – apenas 10% delas têm. Sendo assim, os empreendedores pretendem trabalhar apenas com esse nicho, que inclui o Instituto Ayrton Senna em nível nacional e o Sistema Divina Providência, o Grupo do Beco, o Hospital da Baleia, no regional. “Podemos captar mais de R$ 4 milhões por ano para cada instituição”, ressalta Bruno. Ele afirma que a startup irá abrir mão de aproximadamente 68% do lucro para repassar às entidades. A expectativa é fazer 600 campanhas no primeiro ano de abertura.

Inovação, uai!

O Seed é um programa para o desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo e startups criado pelo governo de Minas Gerais. Para a segunda rodada de aceleração, 1.435 startups (de 34 países e 21 estados do Brasil) se inscreveram. O resultado será divulgado no dia 17. Os 40 melhores projetos de cada etapa recebem, durante seis meses, capital para custear o desenvolvimento de uma versão lançável ou de pelo menos uma prova de conceito do seu produto ou serviço. Além disso, são oferecidos um programa de mentoria sob medida, espaço de coworking e conexão com uma comunidade global de empreendedores.
seed.mg.gov.br.