Em 1947, o mundo conhecia o que seria considerado o primeiro computador eletrônico: o Eletronic Numeric Integrator and Calculator (Eniac). Capaz de desenvolver cálculos de forma rápida, o aparelho possibilitou ao Exército dos Estados Unidos, em segredo, calcular trajetórias balísticas e ajudar em combates durante a 2ª Guerra Mundial. Com o tempo, a novidade invadiu indústrias, órgãos governamentais e universidades, facilitando inúmeras atividades.
Mas foi entre as décadas de 1980 e 1990 que essa máquina deixou de ser apenas uma ferramenta de trabalho e ganhou espaço na lista de eletrônicos produzidos para as residências. Surgiram os chamados desktops. E pouco tempo depois, outra invenção deu ainda mais poder ao PC: a internet. Assim, de calculadora potente a portal para o cyberespaço, o computador se tornou uma das maiores invenções do século 20.
Porém, o mundo da tecnologia é cruel e dinâmico. Ainda na década de 1990, os recém-desenvolvidos laptops começam a ameaçar o reinado dos desktops. E como se não bastasse um concorrente, nos últimos anos, smartphones e tablets surgiram e conquistaram milhões de consumidores que buscam mobilidade para usar os aparelhos eletrônicos.
No Brasil, pesquisas da International Data Corporation (IDC) revelaram que as vendas de computadores de mesa também diminuíram. O número de dispositivos vendidos em dezembro passado foi 9% menor que no mesmo mês do ano anterior. Mas será mesmo o fim dos desktops? “É claro que houve uma redução no mercado. As vendas não seguem a mesma escala, mas ainda existem nichos que precisam dos computadores. A tendência é de um ajuste natural devido à concorrência com outros aparelhos”, afirma o gerente de Consumo da HP Brasil, Fernando Soares.
TUDO EM UM
Para manter a fidelidade de usuários e conquistar novos compradores, as fabricantes de computadores investem na diversidade de aparelhos e na comunicação entre eles. “O que se busca é ter alternativas para atender todas as demandas dos clientes. Por isso, lançamos dispositivos variados, como tablets, notebooks, ultrabooks e computadores. Existe espaço para todos”, explica Soares, da HP.
A estratégia também tem sido adotada pela Dell. “A empresa acredita que o mercado de computação pessoal caminha para uma multiplicação de equipamentos e isso se reflete no portfólio da companhia”, disse Ricardo Shacker, diretor de marketing da empresa.
E o próprio computador pessoal tem se reinventado. “Hoje em dia, temos dispositivos capazes de satisfazer várias necessidades, como os conversíveis, que misturam tablet e notebook. Ainda há os all-in-one, muito simples de ser instalados e que não ocupam o espaço dos antigos desktops”, afirma Soares.
Além da diversificação da linha de produtos, uma aposta está na integração entre aparelhos.
NICHOS Um dos motivos para as empresas acreditarem na sobrevivência das máquinas pessoais são públicos específicos, que preferem ou necessitam ainda de computadores maiores. É o caso do publicitário Felipe Martins, de 21 anos. O jovem, que trabalha com direção de arte explica por que ainda mantém um desktop em seu quarto. “Para o trabalho que faço, é necessário usar programas muito pesados, que exigem um processador potente, indisponível em máquinas menores. Além disso, como edito imagens, então, uma tela grande ajuda.”
“A indústria dos PCs já passou por muitas reformulações desde sua introdução no século passado. Porém, em nenhum desses novos paradigmas a tecnologia proposta por esses equipamento perdeu a relevância.
SAIBA MAIS
O que é computador pessoal?
Quando o mercado de computadores era dividido basicamente em desktops e laptops, apenas as máquinas de mesa eram consideradas PCs (personal computers). Mas com a chegada dos dispositivos móveis, como tablets e smartphones, e de aparelhos menores, como ultrabooks e netbooks, os laptops passaram também a ser considerados computadores pessoais.
TRÊS PERGUNTAS PARA...
Fernando Soares
gerente de Consumo da HP Brasil
Como a HP vê o mercado atual de computadores pessoais?
Houve, sim, redução no mercado. Atualmente, contamos com uma escala. É um ajuste natural devido à rápida inovação tecnológica. Mas ainda há espaço para os PCs.
Quais estratégias para continuar a produção e conquistar consumidores de desktops?
Buscamos posicionar nossos produtos de forma correta. Os computadores pessoais têm características que atendem muito bem certas funções, e tentamos mostrar isso aos consumidores. Além disso, os PCs, como os all-in-one, estão cada vez mais fáceis e práticos de ser usados. O defeito de ter um monte de fios e ocupar muito espaço já foi superado.
É possível que em um futuro próximo os PCs sejam completamente substituídos por dispositivos móveis?
Não, o computador não deve sumir. Acreditamos numa multiplicidade de modos de comunicação e na interação entre diversos dispositivos. Por isso, oferecemos uma linha grande que facilita a comunicação entre eles. Assim, um usuário pode ter mais de um aparelho, de acordo com a atividade que desenvolve. As tecnologias se complementam. As novidades não vão matar o PC.