Pare para pensar nas suas atividades rotineiras. Acordar, ir trabalhar, fazer exercícios, festejar. Agora imagine como você fazia essas mesmas coisas há cinco anos. Provavelmente muita coisa mudou, não é? E várias dessas mudanças nos hábitos cotidianos aconteceram graças a inovações tecnológicas.
Já para o taxista Antônio José Carvalho Sousa, de 41, o trabalho passou a contar com novas ferramentas. A começar pelo uso de mapas virtuais e aparelhos de GPS, que ajudam a escolher o melhor caminho para as chamadas. Mas a novidade que tem conquistado o gosto de clientes e companheiros de profissão, segundo o taxista, são os aplicativos de celular. “De um ano para cá, temos usado bastante os aplicativos. Eles ajudam muito, pois temos certeza de encontrar o cliente, assim como ele também pode acompanhar nosso trajeto. É um canal mais direto entre a gente”, relata Antônio José, que ainda conclui: “Acho que daqui a um tempo todas as chamadas serão feitas dessa forma”.
Julia e Antônio não são os únicos que tiveram o dia a dia modificado por novidades da tecnologia. De marcar a festa de aniversário a ir à academia, confira abaixo atividades que mostram: a rotina já não é mais a mesma.
Fotografar
Não é à toa que a expressão selfie foi considerada a palavra do ano de 2013, segundo o dicionário Oxford. A moda de tirar foto de si chegou até mesmo ao glamuroso evento do Oscar. A imagem capturada pela apresentadora Ellen Degeneres na noite do evento foi postada imediatamente nas redes sociais e se tornou nada menos que a mensagem mais compartilhada da história do Twitter. O fato mostra que o hábito de tirar fotografias para montar um álbum de família ou mostrar para alguns amigos perde força. A onda é capturar cada pequeno ato da vida e colocá-lo em evidência para o maior número possível de pessoas. Mas isso só é possível devido a evoluções tecnológicas como celulares com câmeras cada vez melhores, redes sociais voltadas para fotos, como o Instagram, e acesso a internet em um número maior de locais. Aliás, celulares e câmeras fotográficas se tornaram intrínsecos. Modelos como o smartphone Lumia 1020 da Nokia e Galaxy Zoom da Samsung, por exemplo, contam com câmeras que se aproximam de máquinas tradicionais (o Lumia chega a 41MP). Além disso, há um número cada vez maior de máquinas fotográficas com acesso a internet, para que as imagens sejam compartilhadas direto do dispositivo.
Manter a forma
Basta entrar em uma academia para notar que fazer exercícios já não é mais a mesma coisa de tempos atrás. Vários usuários alternam entre os aparelhos de musculação e a tela do smartphone. Afinal, existem inúmeros aplicativos que podem ajudar na hora de manter a forma (mas vale lembrar que a orientação de profissionais na hora de montar dietas e séries de atividades é indispensável). E não é só nas academias que os dispositivos eletrônicos auxiliam aspirantes a atletas. Apps como o Runtastic e o Nike + Running ajudam quem gosta de uma corrida ao ar livre. Mesmo quem prefere o conforto de casa tem opções para não ficar parado. Lançado em 2006, o Nintendo Wii revolucionou o mercado de games ao exigir dos usuários movimentação frequente. Logo foram lançados jogos como o Wii Fit, feitos especialmente para atividades físicas. Atualmente, a maioria dos consoles contam com leitores de movimentos e jogos desse tipo. A tendência é que a preocupação com a saúde ganhe mais espaço ainda. Isso ficou claro na apresentação das últimas novidades da fabricante sul-coreana Samsung. Entre os lançamentos, destaca-se o monitor cardíaco presente no smartphone Galaxy S5 e a pulseira Gear Fit, criada para os praticantes de atividades físicas.
Na telinha
Assistir tevê hoje em dia não é a mesma coisa. Os principais motivos são a variedade de conteúdo que serviços on-line oferecem e a característica intrínseca a todos: quem controla a programação não é mais a emissora, e sim a audiência. Com o YouTube, o usuário pode fazer a própria programação, assinando diversos canais que, por sua vez, oferecem programações semanais ou até mesmo diárias. O mesmo acontece com serviços de assinatura como o Netflix, Hulu Plus e Amazon Prime, que disponibilizam séries de TV e filmes para o usuário assistir imediatamente (daí o termo americano on demand). A única restrição para o espectador, nesses casos, é a vontade da produtora ou emissora de TV assinar um contrato para conceder conteúdo naquele serviço. No caso da Netflix, isso é minimizado com a renovação mensal de títulos. Já o serviço Crackle não requer mensalidade, mas tem menos opções. Assistir seus próprios programas no smartphone, inclusive, alavancou o sucesso desse tipo de consumo de conteúdo atualmente. Cerca de 40% dos vídeos do YouTube, em 2013, foram vistos por meio de dispositivos móveis. O crescimento de serviços de streaming on-line nos Estados Unidos já chega a ameaçar as emissoras da TV a cabo. De acordo com levantamento do NPD Group, 27% das casas americanas assinam serviços de streaming (crescimento de 4% nos últimos 4 anos), enquanto o de TV por assinatura retraiu 6% num período de um ano e meio, passando de 38% para 32% dos lares.
Contato à distância
Em 2003, uma empresa inovou a forma de se comunicar a distância. Era o Skype, que permitia ligações via internet de qualquer lugar do mundo. Dois anos depois, o programa surpreendia novamente, possibilitando videochamadas. Atualmente, diversos programas como o Line e o Viber seguem a mesma linha. Assim, se a tecnologia parecia de outro mundo há menos de dez anos, hoje em dia fazer videoconferências ou apenas conversar com amigos ou parentes que estão em outras cidades ou mesmo países diferentes é algo bastante simples e comum. Basta uma conexão com a internet, um aparelho como smartphone ou tablet, um aplicativo que permita as vídeo chamadas e pronto, já é possível conversar cara a cara com alguém a milhares de quilômetros. Além da comodidade, a tecnologia permite uma grande economia para grandes empresas, pois dispensa a mobilização de funcionários para reuniões ou outros encontros.
Marcar eventos
Você se lembra da época em que convites de aniversário eram de papel e entregues pessoalmente? Parece um fenômeno de décadas atrás, mas na verdade não é. O principal fator para a marcação de eventos, festas e reuniões semelhantes ter mudado tanto foi a implementação do sistema de grupos e eventos no Facebook, em 2009. O crescimento do site para ocupar o posto de maior rede social do Ocidente contribuiu para que a mudança de hábito fosse rápida. Junto a isso, o “pacote” de implementações que veio junto à adição dos eventos no Facebook (como a possibilidade de marcar amigos ou páginas em postagens e criar grupos) contribuiu para que marcar festas com os amigos tome apenas alguns segundos do seu tempo. A união dessas informações no formato hCalendar e hCard possibilitou, ainda, que aplicativos de celulares puxassem essas informações para o usuário ter, no próprio calendário, informações como data e horário dos eventos vindouros. Atualmente, a função passou a ter papel crucial na organização de grandes eventos. Em junho do ano passado, por exemplo, foi o principal mecanismo usado para planejar protestos. Recentemente, foi onde jovens combinaram os famosos “rolezinhos”.
Desenhar
Caneta e papel, paleta e lona, recorte e cola. Durante muito tempo, esses foram os principais mecanismos para designers, publicitários, ilustradores e outras pessoas que trabalham com arte demonstrarem seus traços. Para esses profissionais, a vida sem um tablet gráfico para digitalizar desenhos seria muito mais complicada. Isso porque, após o avanço industrial, máquinas que imprimiam, copiavam e transferiam informações visuais foram desenvolvidas. Alguns anos depois, em meados da década de 1970, o avanço da computação incentivou o início da fabricação de dispositivos com formato semelhante a uma caneta, que facilitariam o manuseio dos artistas, diferentemente do trabalho do mouse. Antes mesmo dos tablets pessoais como conhecemos, os tablets gráficos já estavam no mercado. Com isso, o avanço das animações, jogos, e do próprio design fez com que profissionais da indústria gráfica migrassem do papel e caneta para a caneta e prancheta digital. Atualmente, grande parte dos trabalhos visuais em anúncios, filmes, jogos e quadrinhos seriam impossíveis sem esses dispositivos gráficos.