Maio de 2015 vai ser a data de um novo capítulo na ciência: o primeiro drone automático para o grande público, sem comando à distância, será colocado à venda por US$ 899.
Como um cão bem treinado, o Hexo%2b com suas seis hélices acompanha os passos de seu dono (na verdade, o compasso do smartphone de seu dono), graças a uma pequena antena de rádio conectada ao telefone.
Desenvolvida pela nova empresa francesa Squadrone System, esta tecnologia é destinada aos amantes dos esportes radicais, permitindo que sejam filmados do alto enquanto esquiam ou surfam.
Mas, o que aconteceria se esta tecnologia, que desperta o interesse dos principais fabricantes de aviões não tripulados, começasse a ser usada, por exemplo, por um estranho para observar crianças pequenas em um parque público?
O co-fundador da Squadrone e ex-campeão mundial de snowboard Xavier Delerue quer acreditar que este desvio não vai acontecer: "há regulações para evitar o uso abusivo", disse à AFP este empreendedor, cuja pequena empresa obteve um milhão de dólares no site de arrecadação de fundos Kickstarter.
Entregas a domicílio
Tanto na América do Norte, quanto na Europa, os legisladores acompanharam atentamente as inovações e tentam se preparar para a colonização dos céus com estes pequenos robôs com hélice.
Diferentemente dos drones militares, os aparelhos civis têm uma autonomia muito limitada (entre 8 e 20 minutos) e, por enquanto, podem apenas transportar uma pequena câmera. Mas, embora não possam levar muita carga, a corrida pela galinha dos ovos de ouro já começou.
No fim do ano passado, a gigante das vendas online Amazon informou que em breve usará pequenos drones para fazer entregas a domicílio. Depois, a rede de restaurantes russa de comida rápida Ilya Farafonov inaugurou, no fim de junho, seu drone para entrega de pizzas. A companhia espera ampliar essa experiência para as 18 cidades onde tem filiais.
Para muitos especialistas, recorrer a frotas de pequenas aeronaves para entregar lanches é absurdo. "Por que faríamos isso?", perguntou Andreas Raptopoulos, diretor executivo da Matternet, uma 'start-up' que explora o uso humanitário dos drones em países em desenvolvimento.
"Por que não usamos esta tecnologia para salvar a vida de alguém?", comentou em declarações ao jornal britânico The Guardian.
Esse empresário grego criou uma empresa para montar redes de drones que levarão comida e remédios a zonas de conflito ou afetadas por desastres naturais.
A Matternet já fez voos de testes no Haiti e, em setembro, deve começar a transportar amostras de sangue para a ONG Médicos sem Fronteiras.
Enquanto isso, a ONU usa drones desde dezembro no leste da República Democrática do Congo para vigiar a atividade dos rebeldes ao longo das fronteiras com Uganda e Ruanda.
"Se forem usados com imaginação, os drones do futuro podem detectar focos de distúrbios em um conflito étnico, encontrar sobreviventes no meio de escombros ou até detectar a temperatura corporal das populações para impedir epidemias mortais", estimou Jack Choe, ex-embaixador americano que se tornou um defensor dos drones humanitários.
Mesmo que as organizações não-governamentais ainda estejam longe de conseguir levar estes aviões para zonas de conflito, a imprensa já encontrou uma boa utilidade para eles. Uma escola de jornalismo no Canadá está formando as primeiras gerações de "drone-repórteres", com cursos especializados de filmagens de reportagens auxiliada com drones.
Os drones na arte
A fotografia aérea é uma das virtudes dos drones que mais aguçou a imaginação dos agentes imobiliários, desejosos de usá-los para dar um valor agregado às luxuosas propriedades em locais como Los Angeles e Toronto, embora existam regulações muito estritas que limitam os voos em áreas densamente povoadas.
Mas as zonas rurais são um bom lugar para fazer estes aparelhos voar. As fazendas podem usá-los para avaliar as condições do solo, guiar tratores ou analisar quais são as formas mais efetivas de usar fertilizantes.
Há dois anos, o francês Vivien Hériard-Dubreuil fundou o Flyterra, com sede em Nova York, para explorar as oportunidades dos drones no campo.
"O uso de drones para maximizar as colheitas é muito promissor", disse à AFP, ao acrescentar que sua frota de aeronaves também poderia ser usada, por exemplo, para inspecionar minas, represas e moinhos.
A revolução dos drones também tem um aspecto cultural.