Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BDNES) em apoio à inovação no Brasil alcançaram R$ 5,2 bilhões no ano passado em 753 operações, incluindo repasses de R$ 1,9 bilhão à Finep – Inovação e Pesquisa, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT).
A instituição informou que neste ano, até abril, R$ 1,7 bilhão foram emprestados em 365 operações, somado o repasse de R$ 700 milhões à Finep. Os números são reflexo dos avanços da pesquisa e da tecnologia no Brasil, embora ainda falte no país maior esforço de integração entre as universidades, onde são feitas as pesquisas básicas avançadas, e os centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da iniciativa privada, como reconhece o secretário de Política de Informática do MCT, Virgílio Fernandes Almeida. “Olhando os ecossistemas de inovação no exterior, esses são os principais atores e queremos fazer a ligação entre eles no Brasil”, afirma.
Outra linha de ação da pasta tenta atrair centros globais de companhias que ditam investimentos e inovações na área de tecnologia da informação (TI), segmento que abre caminho para inovações em diferentes ramos da indústria, de automóveis a produtos farmacêuticos. O MCT firmou memorandos de entendimento, neste mês, para a instalação de centros de P&D no país das chinesas Baidu, principal site de busca na internet no gigante asiático, e Huawei, fabricante de equipamentos de telecomunicações. Por meio dos incentivos do programa TI Maior, já haviam anunciado investimentos com o mesmo objetivo Microsoft, EMC, SAP e Intel. Os aportes totais devem alcançar US$ 1 bilhão.
Empresas como a mineradora Vale e a Usiminas têm investido firmemente nessa interação dos seus centros de P&D com universidades no Brasil e no exterior. O Centro de Desenvolvimento Mineral (CDM) da Vale instalado em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte, é o mais completo do gênero na América Latina, integrando o orçamento da companhia no mundo em P&D, que em 2014 é de US$ 900 milhões.
Patrice Mazzoni, gerente do CDM, lembra que a importância do trabalho dos pesquisadores está na definição se a empresa conseguirá transformar o minério encontrado no solo em produtos de valor econômico. “A fase inicial dos projetos envolve uma quantidade muito grande de conhecimento e trabalhamos com centros de pesquisa de ponta no mundo, como instituições na Austrália e no Canadá”, afirma. O centro de P&D testou, por exemplo, fosfato extraído em projetos desenvolvidos pela mineradora no Peru e na África.
Há 28 anos e meio no Centro de Tecnologia Usiminas, o pesquisador da área de processos Antonio Adel dos Santos conta que a rotina no complexo envolve interação e reuniões frequentes com as equipes técnicas e de apoio às operações da usina. “Apresentamos resultados das pesquisas, buscamos entender as necessidades das operações e atendê-las”, afirma. Engenheiro metalúrgico com mestrado na Unicamp e doutorado na UFMG, ele já trabalhou em parcerias firmadas pela empresa com centros de pesquisa da Inglaterra, Canadá, Holanda e Japão, neste último, junto da sócia Nippon Steel.
.