“É preciso que se entenda que inteligência digital e redes sociais já não são mais apenas uma plataforma tecnológica, e sim veículos de comunicação, que já caíram no gosto do usuário. Quem entende isso, seja governo, seja iniciativa privada, consegue levar o que há de melhor para o seu negócio”, diz o vice-presidente-executivo da Sucesu Minas, Leonardo Bartoletto, ao justificar a escolha do assunto para a discussão.
Para o diretor do Gartner (empresa de consultoria), Celso Chapinotte, o mundo vive hoje o início de uma revolução industrial digital, salientando que, há dois anos, o instituto vem identificando sinais de que empresas estão sendo engolidas por estarem despreparadas para essa realidade. “Nossos dados indicam que 52% dos grandes executivos mundiais reconhecem que seus negócios não estavam prontos para enfrentar os novos desafios digitais. Eles revelam, ainda, que um quarto das empresas que se destacam no mercado vão perder posição para outra mais nova (criada já nos anos 2000) até 2017. As redes sociais são um importante componente desse universo digital. Os líderes têm de perceber isso e levar o conhecimento para suas organizações”, afirma.
Celso Chapinotte culpa o conservadorismo e a timidez do brasileiro por o país caminhar bem mais devagar nesse aspecto do que o mundo em geral. “As coisas caminham muito rápido e nossos executivos precisam compreender a situação e levar para as empresas pelo menos os sinais do que pode ocorrer. Qualquer aplicativo hoje é desenvolvido já se prevendo migrações de plataformas, de modo a atender o interesse do usuário. Em três anos, 75% dos recursos de pesquisa em desenvolvolvimento e inovação serão feitos para plataformas crowdsourcing, ferramenta que proporciona a utilização da inteligência e conhecimentos coletivos para resolver problemas e desenhar soluções”, revela.
Inteligência para agir
Também participante do painel Inteligência Digital e Redes Sociais, o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e da Fundação Instituto Administração (FIA) Gil Giardelli concorda que o Brasil está ainda engatinhando no mundo digital. “Enquanto estamos preocupados em eleger um Tiririca, em São Paulo, a China lança, no mercado de ações, uma empresa que vale US$ 25 bi, a Alibaba, especializada em comércio on-line. Isso ocorre porque, lá, há projetos digitais para negócio. O Brasil tem de ousar mais e usar a tecnologia e as mídias digitais como negócio, e não simplesmente como brincadeira. Afinal, ser um jovem digital não é apenas uma questão de idade, mas sim de cabeça para entender o alcance disso tudo”, define.
Custos e benefícios
As plataformas sociais aumentam a exposição das marcas, criam interação com clientes, ajudam a aumentar a produtividade, além, lógico, de serem um canal de comunicação do usuário. Mas onde ficam aí questões relacionadas à ética, à privacidade, à segurança? Até que ponto é confortável a alguém expor sua vida na internet e qual o benefício recebe em troca?
O Google, hoje, envia para o usuário informações sobre o voo dele, se está atrasado, se há algum problema no aeroporto etc. Leva aí uma comodidade à pessoa, mas para fazer isso, deixa claro que ele está de olho na vida dela. Cabe ao usuário então decidir se quer conforto, sem se importar com essa intromissão em sua vida, ou se prefere privacidade total”, diz.