Quando crianças, sempre tivemos aquela curiosidade intrínseca ao espaço sideral. Que atire a primeira rocha lunar quem nunca sonhou na vida ser um astronauta e vagar pelo infinito. Posto isso, o imaginário do ser humano, desde a Grécia Antiga, sempre nos levou a estudar e a tentar desvendar os mistérios do universo (ou multiverso, para alguns cosmólogos e teóricos quânticos). A nossa inquietude nos levou a desbravar o céu e também a observá-lo, mesmo que de longe. Para tal, gigantescos apetrechos foram construídos, a fim de podermos vislumbrar melhor a vastidão além do alcance do olho nu. Um desses é o Giant Magellan Telescope (GMT), que será utilizado – em parceria com outras 10 instituições internacionais – por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). O instrumento está sendo construído nos Estados Unidos, mas será devidamente instalado nos Andes chilenos.
O fatiar dos investimentos e do tempo de uso se dá graças à magnitude do projeto. Vale destacar que, atualmente, os maiores telescópios ópticos têm espelho de oito metros de diâmetro e o GMT terá um espelho de 25 metros, segmentado em sete círculos de 8,4 metros de diâmetro cada. Por isso, para se ter o megatelescópio em pleno funcionamento há de se gastar bastante e o orçamento total fica na casa de 1 bilhão de dólares. Muito dinheiro se traduz num projeto revolucionário. “O GMT terá uma área coletora de luz quase 100 vezes maior do que o telescópio espacial Hubble e uma nitidez 10 vezes melhor quando operado no infravermelho. A capacidade de atuar com óptica adaptativa fará deste um telescópio revolucionário”, destaca Steiner. Um aparato dessa magnitude servirá para atender à demanda cada vez maior nas pesquisas relacionadas ao bigue-bangue, a exoplanetas e à energia escura. Quanto à construção, o Giant Magellan Telescope está dentro do cronograma, dividido em três etapas.
Atuação brasileira
O GMT começará a operar em 2021 e os pesquisadores creem que os primeiros frutos serão colhidos entre 2029 e 2030. Por causa desse longo gap para a obtenção de resultados, foi crucial a entrada com antecedência dos pesquisadores brasileiros no projeto. “Se quisermos continuar a ser players internacionais nessa área, temos que tomar as decisões críticas agora”, afirma o professor. Atualmente, o Brasil é consorte em dois projetos similares. “O país já é sócio de dois consórcios internacionais muito importantes.
Os consórcios Gemini e Soar foram financiados tanto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia quanto pela Fapesp. O processo operacional está a cargo do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), com sede em Itajubá, na Região Sul de Minas Gerais. O LNA também gerencia o Observatório do Pico dos Dias, entre Brazópolis e Piranguaçu, e a 1.864 metros de altitude.
A evolução
Todavia, há menos de 40 anos, as dimensões eram muito mais “modestas”. Na década de 1980, houve um boom de telescópios de quatro metros, como o Ukirt e o CFHT (ambos no Havaí). Nos anos 1990, o diâmetro dobrou com os supracitados Gemini, os Kecks (localizados no Havaí) e os VLTs, no Chile, grupo de quatro telescópios inaugurados há 16 anos, cada um com espelho primário de 8,2 metros de diâmetro.
Coração parado traz novo alento aos transplantes
Médicos do Hospital Saint Vincent’s, de Sydney, anunciaram ontem que conseguiram transplantar corações que haviam deixado de bater, um avanço que pode revolucionar o mundo da doação de órgãos. Até agora, eram utilizados apenas corações que permaneciam com batimentos, procedentes de doadores com morte cerebral. Mas os cirurgiões conseguiram desenvolver uma técnica para “ressuscitar” órgãos que estavam parados por até 20 minutos. “Sabíamos que durante um certo tempo o coração pode ser reanimado, assim como outros órgãos, e agora tivemos a capacidade de reanimá-lo com uma máquina, para depois realizar o transplante”, explicou o cirurgião Kumud Dhital, professor associado da Universidade de New South Wales, de Sydney. A nova técnica consiste em transferir o coração do doador a uma máquina portátil, na qual o órgão é mantido em uma solução de conservação ressuscitado e permanece aquecido até o transplante.
O diretor médico da unidade de transplantes de coração do Saint Vicent’s, Peter MacDonald, explicou que “o uso de corações doados após a morte circulatória do paciente aumentará consideravelmente a disponibilidade desses órgãos para a realização de transplantes”. Até o momento, três pessoas receberam esse tipo de transplante. Duas se recuperam com normalidade e uma permanece na unidade de terapia intensiva. Michelle Gribilas e Jan Damen, os dois primeiros pacientes submetidos à nova técnica, estão satisfeitos com o resultado. “Agora, sou uma pessoa completamente diferente. Sinto que tenho 40 anos. Tenho muita sorte”, disse Michelle, de 57. Dhital se mostrou otimista a respeito da técnica. “Atrever-me-ia a dizer que, nos próximos cinco anos, veremos mais e mais transplantes com o novo método”, afirmou o cirurgião.
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