Você mora sozinho e não consegue comer tudo que compra no sacolão. A família precisa viajar e a geladeira está cheia de frutas e legumes. Erra a mão no açougue e leva mais carne do que devia. Prejuízo no bolso e no prato? Alimentos estragados e jogados fora? Não mais. Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveu um novo tipo de plástico capaz de conservar alimentos por mais tempo. Elson Longo, pesquisador do Instituto de Química da Unesp de Araraquara e um dos integrantes do estudo, destaca que a descoberta é um exemplo da “tecnologia do futuro”, por garantir o transporte de alimentos com minimização das perdas e sem bactérias.
Em linhas gerais, Elson Longo explica como foi o estudo. “Numa primeira fase, em laboratório, obteve-se óxido de silício (areia nanométrica) com prata metálica em sua superfície.
Elson assegura que a embalagem serve para todos os alimentos, frutas, legumes, carnes etc. “Com isso, diminui-se o aumento do desperdício, contribui-se para a economia da dona de casa e pode-se pressionar o mercado para a queda dos preços dos mantimentos”, cita. O pesquisador ressalta os cuidados que o consumidor deve ter com o plástico ao adquiri-lo, para que o resultado seja o esperado. “O plástico bactericida foi aprovado pelos órgãos reguladores do país, logo, não tem nenhuma contraindicação para o seu uso.
Aos interessados, Elson avisa que o produto já esta à disposição no mercado, podendo ser comprado pela internet (www.alpfilm.com.br). “É vendido pela AlpFilm, sendo apropriado para geladeiras, freezeres, fornos de micro-ondas. E o próximo passo deve ser o mercado internacional. Empresas norte-americanas já mantêm contato com a empresa para a exportação do produto”, conta. O filme de PVC esticável, transparente e semiprofissional, com 300 metros de comprimento e 28 centímetros de largura, custa R$ 38,61. Além de dar maior durabilidade para o alimento, o plástico elimina 99,96% das bactérias e fungos, que causam diarreia, cólera e intoxicações alimentares. Pode, ainda, ser útil na área odontológica e em embalagens de perecíveis e não perecíveis.
O diretor da Nanox, empresa responsável pela fabricação do produto, Luiz Gustavo Pagotto Simões, explica que o filme de PVC tem, em sua composição, silicato de prata, material que tem propriedade bactericida e fungicida. E conta que, como primeiro passo da pesquisa, foi feita a caracterização do composto. “Desenvolvemos, nos laboratórios do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o material básico e depois pensamos em suas aplicações. Em seguida, o composto foi introduzido no plástico de PVC.
PASSOS
E o futuro do estudo? Elson Longo revela que estão sendo realizados estudos com a Nanox para a obtenção, em nível semi-industrial, de um novo tipo de agente bactericida à base de prata e tungstênio. Os estudos para o plástico, que tiveram início há seis anos, contaram com apoio de uma equipe de pesquisadores, entre eles, Luiz Gustavo P. Simões e Daniel T. Minozzi. Na época, Luiz Gustavo Simões, da Nanox, era aluno de Elson e defendeu tese de doutorado sobre nanopartículas bactericidas. Da união desses profissionais surgiu um produto com DNA nacional. “O que comprova o desenvolvimento da alta tecnologia no Brasil. E mais: esse trabalho mostrou que a parceria entre universidade e indústria é fundamental para gerar inovação tecnológica”, diz Longo.
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