A cada pedalada, mais energia elétrica acumulada – limpa e com o menor custo possível –, colaborando, de quebra, com a própria saúde física e o meio ambiente. Em época de crise energética, tarifas cada vez mais altas e a usual falta de tempo alegada para os cuidados com o corpo, unir tais benefícios poderia parecer algo distante ou até mesmo impossível. Não para Gustavo Soares Tonucci. Determinado a desenvolver um projeto por conta própria, o estudante do curso de engenharia de produção da PUC Minas bolou um protótipo de bicicleta estacionária, que gera eletricidade sem poluição, reaproveitando o máximo de materiais.
O principal componente é uma bateria veicular, a mesma utilizada em carros de passeio. Instalada num suporte dianteiro da bike, ela acumula a energia mecânica gerada por meio das pedaladas e a transforma em energia elétrica, possibilitando que seja usada como fonte para conectar eletrônicos e eletrodomésticos de pequeno porte – como celulares, liquidificadores e equipamentos de som, entre outros. Para isso, basta desconectar a bateria, que pesa cerca de 12 quilos.
A base do protótipo é uma velha magrela Monark, do tipo Barra Forte, da década de 1980. Aposentada na empresa da família de Gustavo (uma retífica de motores), onde era utilizada para fazer entregas, a bike foi adaptada com a instalação de suporte traseiro para que se tornasse estacionária, e um conversor capaz de transformar os 12 volts em corrente contínua da bateria em 127V ou 220V em corrente alternada. Somam-se aos materiais utilizados uma correia em V e um inversor de energia.
A ideia de gerar energia a partir das pedaladas, afirma o estudante, veio de dois problemas pelos quais o Brasil passa: o aumento da obesidade e a dificuldade em gerar energia limpa e renovável. “A ideia foi amadurecendo à medida que eu lia reportagens, quase que diariamente, e então pensei em fazer a bicicleta. O projeto foi concebido na empresa onde trabalho, discutido com engenheiros e mecânicos, que me ajudaram na construção”, conta. Da concepção inicial à montagem foram gastos três meses. Os testes foram feitos na própria retífica de motores, contando com o auxílio dos professores da PUC.
O maior diferencial do protótipo, segundo Gustavo, é a possibilidade de o sistema bateria-alternador ser montado numa bicicleta, facilitando o transporte e ocupando o menor espaço possível se comparado a outro veículo. Um painel com cinco lâmpadas indica ao ciclista o nível de recarga da bateria. “O projeto como um todo foi muito desafiador, mas o maior desafio era pensar em um sistema que provasse que, no momento da pedalada, estava sendo gerada energia elétrica. Para isso, foi acoplado, na bicicleta, um painel com cinco lâmpadas pequenas, que variam seu brilho de acordo com o ritmo da pedalada, indicando, com isso, a geração de energia.”
RECARGA INDEFINIDA
Rodinhas foram instaladas no suporte traseiro para facilitar o transporte. O tempo de recarga, contudo, não foi pesquisado pelo estudante. “Ainda não foi pesquisado, uma vez que depende de fatores como a condição física da pessoa, o quanto de carga foi consumida e precisa ser recarregada da bateria, entre outros”, alega Gustavo Tonucci.
Comprovada a eficácia da bike, Gustavo espera agora que ela se torne útil como fonte de geração onde não há rede de energia elétrica, podendo sem usada, por exemplo, em salas de spinning a céu aberto. Na primeira apresentação, a maioria das pessoas se interessou pelo projeto, aguçada pela curiosidade e por nunca ter visto algo semelhante. Os próximos passos serão a busca de um motor mais eficiente e a melhora do design, para que a bike aprimore seu objetivo: produzir energia eficiente, com o menor esforço possível.
FICHA TÉCNICA
» Motor: alternador veicular Autotec polia dupla 14V/90A (Aplicação: Mitsubishi L-200 2006)
» Potência: de até 1260W (somente com as pedaladas, a potência é menor)
» Bateria: veicular Heliar 12V/65Ah
» Tempo de recarga: não testado (depende da condição física de quem pedala e do consumo da bateria)
» Velocidade máxima: não testada.