Pesquisadores em ciência da computação, engenharia e áreas relacionadas terão mais uma alternativa de fomento acadêmico para desenvolver seus trabalhos. O Google anunciou, ontem, em seu centro de engenharia, em Belo Horizonte, a ampliação para toda a América Latina de seu programa de bolsas. Agora, serão destinados US$ 1 milhão ao apoio de estudos que estão na fronteira do conhecimento da internet.
De acordo com Berthier Ribeiro-Neto, coordenador do centro de pesquisa do Google na capital mineira e um dos idealizadores da iniciativa, o objetivo do programa é buscar soluções para problemas reais da internet, atualmente, e descobrir possíveis talentos para trabalhar na empresa. “Demos um salto no volume de produção acadêmica nos últimos 50 anos, mas precisamos agora de um salto qualitativo. O Brasil é um planeta de dimensão maior no universo Google. É uma operação que não nos dá problema, é de alta reputação. Assim sendo, há um alto interesse em manter os investimentos no país.”
Segundo Ribeiro-Neto, não há uma condicionante para a escolha dos projetos pelo Google. No entanto, ele atenta para a diferença de abordagem. Tecnologia de cidades inteligentes e convergência nas plataformas de entretenimento, como as de smart TV, são menos estudadas. Sendo assim, pesquisas relacionadas a temas como esse têm mais chances de serem selecionadas.
O idealizador afirma ainda que não há qualquer condicionante que ligue os projetos escolhidos ao Google. A empresa apenas oferece um estímulo adicional, que possibilita ao estudante ter dedicação exclusiva à pesquisa como fazem instituições governamentais, como CNPQ e fundações de fomento estaduais. “Se o pesquisador que tem uma bolsa do governo for contemplado com a bolsa do Google, no entanto, ele, obrigatoriamente, tem de escolher porque as do governo exigem exclusividade”, pondera.
Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, presente no lançamento, o governo tem interesse de se manter muito próximo dessas iniciativas, especialmente porque o Brasil está na retaguarda em inovação. “Sabemos que temos hoje uma economia globalizada, com capacidade para circular em todo o planeta, mas para percorrê-la, é necessário velocidade de circulação. Produtividade está relacionada a isso e o que a propicia é a tecnologia da informação. Que esses pesquisadores consigam fazer parte de uma vanguarda no Brasil”, comentou.
Popularidade
A ampliação do programa de bolsa do Google só foi possível em razão do sucesso de um projeto-piloto mantido há algum tempo mantido pela empresa. Um deles é justamente de Minas Gerais, dirigido pela professora Jussara Marques de Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que tem por objetivo prever a popularidade de conteúdo on-line. “Nosso objetivo era tentar quantificar fatores inerentes ao ambiente on-line, como o buscador do Google que pode tornar popular um vídeo específico. Dessa forma, tenho como prever o alcance de visualizações. Ou seja, quantas visualizações esse vídeo não popular terá em um mês. E por quê estudamos a popularidade? Porque se tornar popular otimiza o serviço”, esclarece a pesquisadora. Seu projeto foi premiado, recentemente, durante a conferência de aprendizado de máquinas, em Nancy, na França.
Fique ligado
Período de inscrições
Até 6 de julho
Onde se inscrever
As propostas devem ser encaminhadas para a página g.co/ResearchAwardsLatinAmerica
Quem pode participar
Mestrandos e doutorandos da área de engenharia da computação e áreas relacionadas, bem como professores orientadores de trabalhos nessa área.
Resultado
Em meados de agosto. Os contemplados serão notificados por e-mail.