Jornal Estado de Minas

Google amplia para US$ 1 milhão programa de bolsas para América Latina

Gigante da internet anuncia em BH ampliação de projeto que contemplará pesquisas que buscam soluções tecnológicas

Ludymilla Sá

Empresa mundial, cujo centro de engenharia no Brasil é em Belo Horizonte, já mantinha projetos-piloto e agora vai ampliar investimentos que contemplem mestrandos, doutorandos e seus orientadores - Foto: Emmanuel Pinheiro/EM/D.A PRESS

Pesquisadores em ciência da computação, engenharia e áreas relacionadas terão mais uma alternativa de fomento acadêmico para desenvolver seus trabalhos. O Google anunciou, ontem, em seu centro de engenharia, em Belo Horizonte, a ampliação para toda a América Latina de seu programa de bolsas. Agora, serão destinados US$ 1 milhão ao apoio de estudos que estão na fronteira do conhecimento da internet.


De acordo com Berthier Ribeiro-Neto, coordenador do centro de pesquisa do Google na capital mineira e um dos idealizadores da iniciativa, o objetivo do programa é buscar soluções para problemas reais da internet, atualmente, e descobrir possíveis talentos para trabalhar na empresa. “Demos um salto no volume de produção acadêmica nos últimos 50 anos, mas precisamos agora de um salto qualitativo. O Brasil é um planeta de dimensão maior no universo Google. É uma operação que não nos dá problema, é de alta reputação. Assim sendo, há um alto interesse em manter os investimentos no país.”

A intenção do Google é financiar de 15 a 20 projetos e serão aceitas, exclusivamente, pesquisas de instituições latino-americanas. Não há determinação da quantidade de bolsistas por país. Tanto estudante quanto orientador receberá o fomento acadêmico. Durante um ano – com possibilidade de renovação para dois anos no total –, mestrandos receberão, mensalmente, US$ 750 e o seu mentor, US$ 675. No caso de pesquisas de doutorado, o estudante vai receber US$ 1.200 por mês e o orientador, US$ 750, podendo renovar a bolsa por até três anos.

Segundo Ribeiro-Neto, não há uma condicionante para a escolha dos projetos pelo Google. No entanto, ele atenta para a diferença de abordagem. Tecnologia de cidades inteligentes e convergência nas plataformas de entretenimento, como as de smart TV, são menos estudadas. Sendo assim, pesquisas relacionadas a temas como esse têm mais chances de serem selecionadas.

O idealizador afirma ainda que não há qualquer condicionante que ligue os projetos escolhidos ao Google. A empresa apenas oferece um estímulo adicional, que possibilita ao estudante ter dedicação exclusiva à pesquisa como fazem instituições governamentais, como CNPQ e fundações de fomento estaduais. “Se o pesquisador que tem uma bolsa do governo for contemplado com a bolsa do Google, no entanto, ele, obrigatoriamente, tem de escolher porque as do governo exigem exclusividade”, pondera.

Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, presente no lançamento, o governo tem interesse de se manter muito próximo dessas iniciativas, especialmente porque o Brasil está na retaguarda em inovação. “Sabemos que temos hoje uma economia globalizada, com capacidade para circular em todo o planeta, mas para percorrê-la, é necessário velocidade de circulação. Produtividade está relacionada a isso e o que a propicia é a tecnologia da informação. Que esses pesquisadores consigam fazer parte de uma vanguarda no Brasil”, comentou.

Popularidade

A ampliação do programa de bolsa do Google só foi possível em razão do sucesso de um projeto-piloto mantido há algum tempo mantido pela empresa. Um deles é justamente de Minas Gerais, dirigido pela professora Jussara Marques de Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que tem por objetivo prever a popularidade de conteúdo on-line. “Nosso objetivo era tentar quantificar fatores inerentes ao ambiente on-line, como o buscador do Google que pode tornar popular um vídeo específico. Dessa forma, tenho como prever o alcance de visualizações. Ou seja, quantas visualizações esse vídeo não popular terá em um mês. E por quê estudamos a popularidade? Porque se tornar popular otimiza o serviço”, esclarece a pesquisadora. Seu projeto foi premiado, recentemente, durante a conferência de aprendizado de máquinas, em Nancy, na França.

 

Fique ligado

 

Período de inscrições

Até 6 de julho

Onde se inscrever
As propostas devem ser encaminhadas para a página g.co/ResearchAwardsLatinAmerica

Quem pode participar
Mestrandos e doutorandos da área de engenharia da computação e áreas relacionadas, bem como professores orientadores de trabalhos nessa área.

Resultado
Em meados de agosto. Os contemplados serão notificados por e-mail.