O método criado pelos estudantes prevê o reaproveitamento dos metais por meio de um processo denominado hidrometalúrgico, que consiste, em linhas gerais, na extração do minério moído com solventes adequados, obtendo-se rejeitos que poderão então ser tratados. A partir daí é feita a filtragem da solução e a precipitação do metal por meio de uma concentração, aquecimento ou eletrólise. O primeiro metal a ser recuperado é o ouro, e em seguida o cobre. E a grande vantagem do processo hidrometalúrgico sobre os demais é que ele não é tóxico.
Para a realização da pesquisa, os integrantes da equipe Mineiros Tecnológicos usam peças de computadores doadas por lojas de informática ou pessoas físicas. O ouro e o cobre estão presentes especialmente nos processadores e nas placas eletrônicas dos aparelhos, respectivamente.
Por enquanto, os testes com os metais vêm sendo feitos em escala laboratorial, mas a ideia é que se chegue a quantidade suficiente para revenda. “Nosso objetivo é desenvolver um método eficaz, de baixo custo e que não gere danos ambientais. A reciclagem dos metais é muito mais barata que a extração mineral. As minas vão ficando cada vez mais profundas e fica mais difícil e caro retirar o minério, além de causar impactos ambientais. É importante saber que metal não se perde, ele pode ser reutilizado”, explica Lúrima Faria, uma das responsáveis pela pesquisa desenvolvida em Minas Gerais. O método foi criado por ela em parceria com o também estudante Filipe Souza Almeida.
E-lixo De acordo com Lúrima, já existem hoje no país outros métodos para a reciclagem dos mais variados tipos de metais usados nos aparelhos eletrônicos. Entre eles está a calcinação (processo de decomposição química endotérmica, não reversível, ou de reação inversa muito lenta, podendo envolver a corrosão e a mudança de cor do material) ou o uso de mercúrio. O problema é que esses mecanismos são tóxicos. “A ideia do nosso trabalho surgiu a partir da forma equivocada que se dá ao descarte do lixo eletrônico. Os métodos de reaquisição de cobre e de ouro, por exemplo, que existem atualmente não são eficientes na questão do impacto ambiental”, explica.
O lixo eletrônico é resultado das constantes inovações tecnológicas, que atingem principalmente computadores e aparelhos celulares. Estudo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado em maio do ano passado mostra que em todo o mundo vão para o lixo cerca de 42 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos. No Brasil, o número chega a 1,4 milhão – atrás apenas dos Estados Unidos.
E-Lixo
42 milhões de toneladas
Quantidade de lixo eletrônico produzido no mundo
1,4 milhão de toneladas
Lixo produzido no Brasil
0,5kg
Descarte anual de cada brasileiro
O que foi para o lixo
137 mil televisões,
96,8 mil computadores,
115 mil geladeiras e
17 mil impressoras
Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU). Dados de 2014.