Google investe US$ 600 mil em pesquisas

Gustavo Perucci



Mestrandos e doutorandos de ciência da computação, engenharia e áreas relacionadas têm mais uma oportunidade de financiamento para suas pesquisas com o lançamento da nova etapa do programa Bolsas de Pesquisa Google para a América Latina.
Em sua terceira edição, a gigante norte-americana de tecnologia disponibilizará US$ 600 mil para apoiar mais de 40 pesquisadores. Os interessados em participar do processo de seleção de projetos terão até 9 de junho para se inscrever. Professores- orientadores das principais universidades na América Latina que trabalham nas áreas atendidas pelo programa podem submeter projetos em nome de um candidato de mestrado ou doutorado, que será o responsável por conduzir a pesquisa.

Idealizador do projeto, o diretor do Centro de Engenharia do Google em Belo Horizonte, Berthier Ribeiro-Neto, enfatiza a importância de se incentivar a produção científico-tecnológica na América do Sul. Criado, desenvolvido e realizado pela sede da empresa na capital mineira, o programa é uma forma de chamar a atenção para a necessidade de incentivos mais representativos à área. “Gostaria que o suporte à pesquisa de inovação de base tecnológica tivesse um destaque maior na agenda de governos municipais, estaduais e federal. Claramente é para onde a economia do século 21 caminha. Também temos que caminhar nessa direção e quanto antes o fizermos, melhor”, aponta.
Iniciado em 2013 com projeto-piloto que agraciou cinco pesquisas de doutorado no Brasil, o programa foi expandido dois anos depois para toda a América Latina, oferecendo um montante de US$ 300 mil distribuídos entre 24 pesquisadores. A meta para 2016 é dobrar esses números.

“Acho que a importância é enviar uma mensagem que empresas como o Google acreditam em inovação na região. E o fato de aumentarmos significativamente o tamanho e o impacto do programa a cada rodada é um testemunho disso. O fato de o Google ter um escritório de engenharia em Belo Horizonte também é um testemunho disso. A empresa acredita no talento e na capacidade de inovar que existe na América Latina”, completa Ribeiro-Neto.  “As bolsas mensais são pagas tanto para o estudante quanto para o orientador do projeto. Nos projetos de doutorado, o estudante receberá US$ 1,2 mil por mês e o orientador, US$ 750. Nos de mestrado, o estudante receberá US$ 750 e o orientador, US$ 675. As bolsas serão concedidas pelo período de um ano, com possibilidade de renovação anual, com o limite de dois anos para mestrado e três para doutorado.

Segundo Berthier Ribeiro-Neto, o primeiro programa deu resultado muito bom. “Estamos muito otimistas para o segundo, pois os projetos são muito interessantes. Um deles fala sobre como atrair e exterminar a fêmea do mosquito da dengue. Outro busca desenvolver um sensor para diabetes tipo II usando componentes de baixo custo. Um terceiro explora a possibilidade de se detectarem sinais precoces de demência a partir do celular. São pesquisas que têm a característica de utilizar o conhecimento da tecnologia para aplicá-los a problemas reais, de interesse da sociedade”, conclui Ribeiro-Neto.

MINEIROS Um dos projetos financiados pelo programa do Google é realizado no Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pela professora-orientadora Jussara Marques de Almeida e o doutorando Fabiano Muniz Belém.
Eles estudam uma ferramenta de recomendação de tags – palavras-chave frequentemente usadas para descrever o conteúdo na web e base de serviços de busca e recomendação de conteúdo – que ofereça novas soluções que levem em conta relevância, diversidade, novidade e personalização. E a pesquisa de Fabiano, sem o financiamento do Google, poderia ter parado no meio do caminho.

“Dada nossa situação atual, o auxílio financeiro é essencial. Temos uma limitação forte de bolsas para alunos hoje em dia. Então, quando uma empresa pode financiar os estudos de doutorado de um aluno, dá uma tranquilidade. No caso do Fabiano, por exemplo, se ele não tivesse conseguido aprovação no programa, estaria sem bolsa hoje e teria de interromper a pesquisa. Graças à bolsa do Google conseguimos estender essa pesquisa por mais um tempo e vamos conseguir trabalhar o problema de forma mais profunda”, afirma Jussara. A professora participou das duas etapas anteriores do programa e acredita ser essencial que empresas se engajem no fomento à pesquisa nas universidades do país, já que o financiamento das agências governamentais não supre a demanda.

FIQUE LIGADO

» Inscrições: Até 9 de junho
» Onde se inscrever: As propostas devem ser encaminhadas para a página g.co/ResearchAwardsLatinAmerica
» Quem pode participar: Mestrandos e doutorandos da área de engenharia da computação e áreas relacionadas, bem como professores-orientadores de trabalhos nessa área.
» Resultado: As propostas de pesquisa e o currículo dos candidatos inscritos serão analisados por uma comissão interna do Google, levando em conta três critérios principais: qualidade geral da proposta; potencial impacto da pesquisa; e alinhamento, em termos de foco da pesquisa, com a estratégia do Google. Os projetos escolhidos serão anunciados
em agosto, em evento realizado em Belo Horizonte..