Não era uma obrigação, mas o mercado tinha a expectativa de um grande lançamento da Samsung para deixar a sombra do recall totalmente para trás, disse uma fonte que preferiu não se identificar. Ao adiar o lançamento do S8, a empresa deixou um vácuo na feira.
Na apresentação da Samsung deste ano, a empresa apostou no tablet Tab S3 e no híbrido de tablet e notebook Galaxy Book. O que chamou a atenção, porém, foi um curto vídeo sobre o Galaxy S8, o protesto de um ativista ambiental e o terceiro pedido público de desculpas em relação às explosões do Galaxy Note 7.
Os últimos meses foram desafiadores para nós, resumiu o diretor de marketing da Samsung para a Europa, David Lowes, durante a apresentação no MWC deste ano. Estamos determinados a aprender todas as lições possíveis.
A fabricante diz que não é a primeira vez que deixa de apresentar um celular no MWC. Nós estamos muito satisfeitos em ter apresentado nossos novos tablets enquanto damos os toques finais em nosso próximo smartphone, que será um testemunho de nosso compromisso com a segurança e a qualidade de nossos produtos, disse a empresa, em nota.
Para especialistas em gestão de marca, a Samsung precisa tomar cuidado com a imagem, mas sem parecer exagerada, o que poderia indicar insegurança. Recolher um dos principais aparelhos não gera uma boa imagem para a marca, assim como atrasar um aguardado lançamento, afirma o especialista em gestão de marcas e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Karlan Muniz.
Chance
Durante o MWC, concorrentes buscaram se aproveitar do espaço deixado pela sul-coreana Samsung. A conterrânea LG, por exemplo, tentou reverter um ano ruim: no início de 2016, a empresa foi um dos destaques do evento ao apresentar o G5, um smartphone modular que permitia que o usuário retirasse uma parte do aparelho para acoplar módulos, como o de uma câmera mais avançada ou alto-falantes mais potentes. Não deu certo e os resultados financeiros tiveram baixas.
Como reflexo, no quarto trimestre de 2016, a empresa apresentou seu primeiro prejuízo operacional em seis anos, causado pelo fraco desempenho nas vendas de dispositivos móveis. A divisão de celulares, sozinha, amargou um prejuízo de US$ 400 milhões.
Neste ano, a LG resolveu mudar sua estratégia: ela abandonou os módulos e apresentou o G6, um celular comum, mas com mais atenção ao design e especificações técnicas - além de ser mais simples de usar, já que não é modular. Nós queríamos entregar um design modular e continuamos orgulhosos de ter feito isso, justificou o presidente da divisão móvel da LG, Juno Chuo, em apresentação no evento. Mas hoje as coisas estão diferentes.
No G6, a tela de 5,7 polegadas não tem bordas, tem câmera de 13 megapixels e o aparelho é à prova dágua. Ainda é difícil afirmar se o celular cairá no gosto do público, mas a recepção no evento foi positiva. Ainda não deve ser o ressurgimento da LG, mas foi uma boa aposta, disse uma fonte. A empresa ganhou uma atenção que não teve em outros anos durante o MWC.
Ao mesmo tempo, a chinesa Huawei tenta novamente emplacar um aparelho que faça sucesso em todo o mundo. A empresa, que é uma importante fabricante de equipamentos de infraestrutura para operadoras, anunciou o P10, celular que imita o iPhone 7. Com tela de 5,1 polegadas, o celular deve ser vendido por 649 (o equivalente a R$ 2,1 mil) na Europa. De acordo com a fabricante chinesa, as versões do P10 chegarão às lojas até o final de março, pouco antes da apresentação do Galaxy S8.
A Huawei é a terceira marca de smartphones mais vendida do mundo, mas ainda não tem um aparelho representativo como a Apple e a Samsung, afirmou uma fonte.