Jornal Estado de Minas

CES 2020

Promessas da indústria vão de carro voador a robô de companhia

São Paulo – A Consumer Electronic Show (CES), uma das principais feiras de tecnologia do mundo, que termina nesta sexta-feira (10), em Las Vegas, é o maior termômetro das tendências não apenas de fabricantes de notebooks ou smartphones. A indústria – das gigantes a startups – aproveita a concentração de especialistas, imprensa e concorrentes para desfilar protótipos que simplesmente podem nunca sair da prancheta ou lançamentos que estão prestes a chegar ao varejo.





Mas não é apenas a tecnologia tradicional, com softwares e hardwares, que disputa a atenção no evento. Neste ano, Las Vegas contou com a apresentação de um lançamento da americana Impossible Foods, especializada em alimentos chamados de “carnes”, mas que na verdade levam ingredientes de origem vegetal em suas receitas. Os visitantes puderam ver e provar em primeira mão o Impossible pork, uma “carne de porco” que não tem nada de suíno.

Outra mudança na versão 2020 da CES foi a volta dos acessórios eróticos com tecnologia embutida, que foram banidos no ano passado pelos organizadores por infringir uma regra que proibia produtos classificados como “imorais, obscenos, indecentes e profanos”.

Com a flexibilização neste ano, algumas empresas levaram seus apetrechos para Las Vegas – foram aceitos apenas os que têm algum tipo de tecnologia embutida. Desenvolvido pela startup americana Lora DiCarlo, o Osé, um vibrador feminino inteligente desenvolvido, voltou ao evento depois de ter sido premiado e ver o reconhecimento cassado em 2019 por causa do veto aos brinquedos sexuais. Para amenizar o espanto dos mais conservadores, essa categoria foi incluída na área de exposição voltada às inovações de bem-estar, como dispositivos de saúde.





Mas produtos como o Osé e a Impossible pork, apesar de ter causado alguma euforia entre os visitantes, estão longe de ser as tecnologias que devem mudar a vida dos usuários. A indústria vem se dedicando ao desenvolvimento de novos formatos de tela, as montadoras têm apostado na maior conectividade dos veículos e desenvolvedores tentam encontrar formas de avançar com o 5G e nas inovações voltadas à qualidade de vida das pessoas.

Qualidade de vida

A área de bem-estar teve ainda a apresentação dos tênis criados pela E-novia. O modelo adapta a forma da sola ao tipo de caminhada do usuário. A adequação é feita por meio do aplicativo, no qual o tipo de trajeto é descrito. Microcompressores são acionados e mudam o formato da sola.

A E-skin, do Japão, apresentou na CES uma roupa inteligente. Seus sensores permitem monitorar a saúde do usuário, levando em consideração dados como temperatura do corpo, respiração e batimento cardíaco. O público-alvo é formado principalmente por idosos, que podem acompanhar melhor qualquer variação.





Telas

 
H.S. Kim, CEO da Samsung Electronics, com o robô Ballie (foto: Lenovo/Divulgação )
 
A chinesa Lenovo fez barulho ao apresentar logo no primeiro dia da CES o primeiro notebook de tela dobrável do mundo. O ThinkPad X1 Fold deve começar a ser vendido nos Estados Unidos ainda este ano e vai custar US$ 2,5 mil, cerca de R$ 10.200.

O display, quando o notebook está desdobrado, mede 13,3 polegadas. Quando o ThinkPad X1 Food é fechado, se assemelha a um caderno de anotações do tipo Moleskine. Outra característica é o teclado independente, que pode ser guardado no espaço disponível quando a tela é dobrada ao meio.

A tela também foi um dos protagonistas da Samsung durante a CES. A companhia apresentou a Sero. Trata-se de um modelo rotativo de televisão. O equipamento pode ficar na vertical, como um retrato, ou na diagonal, se o consumidor tiver hábitos incomuns na hora de assistir à sua série, por exemplo. A novidade deve chegar ao Brasil ainda neste ano. A fabricante não fala de preço.





Com 43 polegadas, a Sero é acoplada a um suporte com motor, que garante ao aparelho a possibilidade de girar tanto para a vertical quanto na diagonal. O smartphone, ao ser conectado à TV pelo Bluetooth, se transforma em um controle remoto capaz de mudar a posição do equipamento. A sul-coreana acredita que a novidade tem a ver com os hábitos da geração millennial, que navega muito pelas redes sociais e que deseja assistir aos conteúdos na vertical. O modelo também pode atender os moradores de pequenos espaços.
 
 
ThinkPad X1 Fold, da Lenovo, o primeiro notebook dobrável (foto: Lenovo/Divulgação)
 

Amizade com Inteligência Artificial


A Samsung levou aos EUA uma nova linha de monitores de computador com telas supercurvas (1000R), com alta resolução de imagem e até 49 polegadas, destinada aos gamers.

Mas a companhia ganhou a simpatia dos visitantes ao mostrar o robô Ballie. No formato de uma bola e amarelo como um emoji, sua proposta é ser uma espécie de companheiro dos usuários – como idosos, crianças e até pets. O assistente pessoal é feito para reconhecer o usuário e acompanhá-lo, mas pode também organizar a agenda e até sugerir algum tipo de atividade física.




 
 
Qoobo, robô que imita um pet, fabricado pela Yukai (foto: Yukai/Divulgação)
 
Outro robô apresentado no evento foi o Qoobo, da fabricante Yukai. O modelo, revestido de uma imitação de pelos, foi desenvolvido para imitar animais de estimação e reproduzir sensações de carinho vistas na relação entre humanos e pets.

Nem só de produtos aparentemente indispensáveis se faz a CES. A Kohler Company apresentou o Numi 2 (sim, número dois). Trata-se de um vaso sanitário que, por meio de comandos de voz dados à assistente de voz Alexa, da Amazon, regula a temperatura do assento e reproduz música em seus alto-falantes. O modelo custa US$ 10 mil. A mesma fabricante apresentou também uma caixa de som conectada que faz as vezes de chuveiro.

Sero (TV rotativa da Samsung) (foto: Samsung/Divulgação)


Montadoras estão mais conectadas

HC-V2X, da Ford, se aplica tanto aos veículos conectados inteligentes como à condução autônoma e tem vários componentes de comunicação (foto: Ford/Divulgação)

Para as montadoras, o evento de Las Vegas também serviu como uma vitrine para mostrar tanto produtos que já começam a chegar aos consumidores quanto aqueles que ainda estão mais próximos das séries de ficção científica. Foi o caso do anúncio da Hyundai, que passa a ter uma parceria com o Uber para o desenvolvimento de um carro voador e assim tentar solucionar um problema crescente, o da mobilidade.





Segundo a sul-coreana, o conceito de aeronave já desenvolvido com o Uber é de um veículo com capacidade para levar até quatro passageiros e um piloto, com autonomia de até 100 quilômetros. O Uber vem conversando com autoridades e com empresas, entre elas a Embraer e a Boeing, para iniciar os testes da nova tecnologia em espaços urbanos ainda em 2020. A Hyundai é a primeira montadora de carros no projeto e assume o papel de desenvolvimento e produção dos veículos.

Já a Ford anunciou na CES que irá oferecer a tecnologia de comunicação do veículo-com-tudo pelo celular, chamada de C-V2X, nos novos modelos comercializados nos EUA a partir de 2022. O acordo com a Qualcomm foi fundamental para o desenvolvimento da tecnologia de comunicação que possibilita aos veículos “ouvir” e “conversar” entre si, assim como com os pedestres e com a infraestrutura de trânsito. Com isso, é possível transmitir informações sobre segurança e fazer parte de um sistema de transporte conectado.