Além de jogos com
histórias
fantasiosas, como “Skyrim”, “Dragon Age” e até mesmo a série “Mario”, há games que usam fatos históricos para desenvolver sua narrativa. É o exemplo da série “Assassin’s Creed” e alguns títulos de “Call of Duty”. Mas como o gamer brasileiro não vive só de histórias estrangeiras, nesta edição do
Sabia Não, Uai!
falamos sobre
jogos eletrônicos
inspirados na cultura brasileira.
Aritana e a Pena da Harpia
“Aritana” é uma série de jogos baseada nas tradições indígenas
brasileiras
. A saga inicia com o “Aritana e a Pena da Harpia”, que conta a história de um guerreiro em busca de uma pena sagrada, único item capaz de desfazer o feitiço que amaldiçoou o chefe de sua tribo.
Em 2019, a saga ganhou uma sequência chamada “Aritana e as Máscaras Gêmeas”. Enquanto o primeiro jogo da série era em 2D, o segundo título ganhou jogabilidade em 3D e um mundo aberto para o jogador explorar. Além disso, o guerreiro Aritana ganhou um arco e flecha.
Dandara: Trials of Fear
Em “Dandara: Trials of Fear", o jogador controla Dandara, personagem inspirada na figura histórica de mesmo nome que viveu no século 17 e foi uma das lideranças de Palmares, o maior quilombo que já existiu no Brasil.
O jogo não conta a história do quilombo, mas Dandara serve como inspiração para a construção da protagonista. Apesar disso, o jogo apresenta várias referências brasileiras. Em um dos cenários, há uma referência ao quadro “Abaporu”, de Tarsila do Amaral. Em outros, há referências locais a Belo Horizonte, sede da desenvolvedora do jogo, a Long Hat House.
Árida: jogo de sobrevivência no sertão nordestino
Um dos games da lista é “Árida: Backland’s Awakening”, que trata sobre a cultura do sertão nordestino e faz ligações com a Grande Seca de 1877 e a Guerra de Canudos, eventos marcantes no Brasil do século 19.
“Árida: Backlands Awakening” conta a história de Cícera, uma jovem que aprende sobre suas tradições sertanejas enquanto precisa sobreviver ao clima árido do sertão nordestino, superando os obstáculos impostos pela fome e pela sede.
O jogo se passa pouco tempo após a Grande Seca, ocorrida entre 1877 e 1879 no Nordeste. Devido à sede e à falta de condições para colheita e criação de animais, entre 400 mil e 500 mil pessoas morreram na região.
No jogo, Cícera e seu avô escutam boatos sobre um povoado próspero que vivia no sertão da Bahia. Os dois partem, então, em busca de recursos para se mudarem para essa comunidade. Esse povoado existiu na vida real e lá ocorreu a Guerra de Canudos.
A ideia embrionária de fazer um jogo que ensina história no contexto do sertão baiano surgiu com Filipe Pereira, um dos fundadores da desenvolvedora do jogo, a AOCA Game Lab. Além de formado em história pela Universidade Católica de Salvador, Filipe é professor de desenvolvimento de jogos na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Foi dentro desta universidade que o jogo começou a ganhar forma.
“Árida: Backland’s Awakening” é, essencialmente, um jogo sobre a cultura sertaneja do Nordeste. Para Victor Cardoso, cofundador e diretor de arte da AOCA Game Lab, o jogo apresenta uma história muito forte que faz parte de cada um dos brasileiros.
“Você vê vários filmes lá de fora que contam justamente sobre república versus governo, revolta, vide ‘Star Trek’, ‘Star Wars’, ‘Senhor dos Anéis’. Todas essas têm uma história que conta sobre reunião de pessoas, tradições e fazer a diferença, e nós brasileiros temos várias histórias dessas também com várias revoltas, vários movimentos que aconteceram, e muitas vezes na escola a gente não dá valor ou então passa batido”, comenta.
Árida 2: a continuação da saga
A AOCA está desde 2019 trabalhando em “Árida: Rise of the Brave”, que será uma continuação da aventura de Cícera e trará expansões para o universo do primeiro jogo. Os desenvolvedores se atentaram aos feedbacks da comunidade para aprimorar mecânicas do jogo.
“Coisas que a galera apontou que eram problemas, como balanceamento, ausência de mapa, otimização, controle, câmera e entre outras coisas, a gente tá tentando potencializar”, diz Filipe.
O segundo título da saga também trará mecânicas novas.
“Uma delas é o ciclo de noite, que não tem no Árida 1, é tudo de dia. Outra adição é o companion, que é o Titela, um bodezinho que vai ser o companheiro de viagem de Cícera”.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Rafael Alves